ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 21/10/2022 09:04 DA REDAÇÃO RELATO
O coordenador da Divisão Masculina de Jovens da BSGI revela sentimentos, lutas e comprovações de sua jornada
Reprodução/Foto-RN176 Edjan Souza Santos, coordenador da Divisão Masculina de Jovens da BSGI.
Juventude de valor. Filho de Edmilson e Jânia, Edjan é nascido e criado na zona leste da capital paulista, uma das mais carentes do estado. A família, seu porto seguro, estrutura-se nas bases sólidas do Budismo Nichiren, desde que os pais entraram para a Soka Gakkai há 37 anos. Edjan é o caçula, 34 anos, logo atrás da irmã Jâned, 37, que hoje mora no Canadá.
Tanto os pais como a irmã reforçam o papel fundamental que a banda masculina da BSGI, Taiyo Ongakutai, exerceu na vida de Edjan, com a entrada e o desenvolvimento dele no grupo. O amor pela música, a amizade com os demais jovens Soka e o empenho sério e sincero nas atividades o colocaram atualmente na liderança nacional da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da nossa organização.
Formado em sistemas de informação, profissionalmente atua como gerente. Com características singulares, é definido pela irmã como “Carinhoso, mesmo que ele finja que não. Dono de um humor sarcástico, não gosta de sorrir ao tirar fotos, mas dá abraços apertados”. Para a mãe, “Nada é superficial em meu filho. Ele é luz na escuridão”, opinião reforçada pelo orgulhoso pai, “Saber que estava por perto, tive forças e tranquilidade para vencer intempéries”.
A pergunta principal é “Foi fácil chegar até aqui, Edjan?”. Neste relato, um bate-bola descontraído revela aos leitores do Brasil Seikyo algumas respostas para essa interrogação, bem como alguns bastidores de sua jornada.
Fale um pouco de sua infância e da juventude. Alguns conflitos sentidos e superados com a prática e o engajamento como jovem Soka?
Tive uma infância simples, mas muito feliz. Fui estimulado pelos meus pais e pelas atividades da Divisão dos Estudantes (DE) a cultivar sonhos e a acreditar em meu potencial.
Aos 9 anos, entrei para o Taiyo Ongakutai, no qual fiz minhas melhores amizades, desenvolvi-me como discípulo e me encontrei com sensei em meu coração muitas vezes.
Esse contato cedo e constante com a organização e os incentivos do Mestre fizeram com que minha família e eu superássemos todos os desafios financeiros e de saúde. A partir da prática sincera e constante deles, cresci com o exemplo de que não há nada que não possa ser superado por meio da oração.
Família e Edjan. Como é essa relação, jovem?
Harmonia plena. Meus pais e minha irmã são minha fonte de inspiração, cada qual com sua característica.
Minha mãe é minha referência de intelecto e sensibilidade. Ela procura fazer o seu melhor. E me ensina, com seu caráter e coração, o que é buscar tudo de primeira categoria, tal como Ikeda sensei orienta. Meu pai, apesar de ser um homem grande e forte fisicamente, demonstra um coração feliz como o de uma criança. Eu quero alcançar a mesma condição que a dele, de ser forte e inabalável diante das dificuldades, mas continuar sorrindo e fazer os outros sorrirem.
Já minha irmã é meu exemplo de como ter um sonho e realizá-lo, independentemente das circunstâncias. Ela sempre lançou objetivos ousados e conquistou todos. Hoje se tornou cidadã do mundo e mora com a esposa no Canadá.
Pontue para nós um momento desafiador e como conseguiu vencê-lo. Algum marco desse despertar?
Apesar de estar sempre envolto pela organização, no final da adolescência, eu me afastei do Taiyo Ongakutai e das atividades, permanecendo distante por quase três anos. Porém, com os constantes incentivos e as visitas dos amigos da DMJ da localidade, fui à Convenção Comemorativa dos Jovens de 3 de maio de 2009. Foi o despertar, pois ali fiz meu juramento seigan, ou seja, de me dedicar à felicidade das pessoas, vivendo por esse ideal junto com meu mestre.
Desse dia em diante, tive a chance de renovar meu juramento, desde as atividades com os jovens da minha comunidade, levando a filosofia da esperança para as pessoas que sofriam, até os grandes encontros dos quais participei.
Reprodução/Foto-RN176 Com a família: a irmã à frente, e Edjan ladeado pelos pais – Fotos: Arquivo pessoal
Outro ponto de virada em minha juventude foi a possibilidade de atuar na Divisão dos Universitários (DUni), na qual desenvolvi o gosto pelo estudo do budismo e, principalmente, pela leitura do romance Nova Revolução Humana (NRH), de autoria do presidente Ikeda, que se tornou a bússola da minha própria transformação e vitória. A organização oferece várias oportunidades para que os jovens encontrem sentido de vida. Eu as agarrei com força.
Nesse seu despertar para a missão, qual o incentivo que mais o tocou? Algum momento especial vivido?
Um dos trechos mais marcantes e importantes para mim consta no volume 6 da NRH, capítulo “Jovens Águias”:
Todas as pessoas devotam-se a algo. Os antigos samurais devotaram a vida aos soberanos. Durante a Segunda Guerra Mundial, o povo japonês foi chamado para oferecer sua total devoção à nação. Hoje em dia, vemos pessoas devotadas ao trabalho ou à empresa, assim como aqueles que arriscam sua vida em função do amor a alguém. O ponto principal a ser lembrado é que, dependendo de a que se devota a vida, se determina a felicidade ou a infelicidade. Nichiren Daishonin nos ensina que a mais suprema e fundamental forma de devoção é a dedicada ao Gohonzon da unicidade de pessoa e Lei que é propriamente o Nam-myoho-renge-kyo.1
Entre os momentos mais especiais nessa relação, o primeiro se deu na atividade conhecida como “Convenção da Chuva”, em 1999. Apesar de ser muito novo e ainda não ter clareza sobre o que era o movimento em prol da paz abraçado pela Soka Gakkai em todo o mundo, chamado kosen-rufu, vivenciei pela primeira vez a presença e a importância do Mestre. Eu me apresentei junto com meus companheiros da banda infantojuvenil do Taiyo Ongakutai, dançando Ifu Dodo no Uta (Canção do Imponente Avanço), inspirado na coreografia do sensei. Aprendi ali o significado de místico e tive a certeza de que nascerei, viverei e lutarei junto com o Mestre pelas três existências.
Outro profundo momento foi durante um curso de aprimoramento no Japão com meus amigos do Ongakutai em 2017. Quando estávamos a caminho de atividade na qual faríamos uma apresentação aos companheiros de Tohoku, recebemos uma mensagem de Ikeda sensei dizendo que é no coração de ceder que reside a verdadeira boa sorte. Ao gravar essas palavras em meu coração, jurei mais uma vez trilhar o caminho do kosen-rufu eternamente com ele. Feliz é um jovem que encontra um mestre da vida.
E a carreira profissional? Quais desafios e conquistas nessa área?
Sempre gostei muito de tecnologia e desenvolvi o sonho de trabalhar com isso desde muito cedo. Pude concluir meus estudos nos ensinos fundamental e médio com vários desafios em escolas públicas. Rompi as limitações financeiras e me graduei em sistemas de informação pela melhor faculdade de tecnologia do país e mais recentemente concluí um MBA em administração por uma fundação de grande prestígio.
Também participei em diversas conferências de tecnologia no Brasil e na Europa. O ambiente Soka me deu forças para persistir no sonho.
De Edjan para os jovens. Deixe sua mensagem e um incentivo para todos.
Praticamos a mais elevada filosofia de vida, o budismo da “simultaneidade de causa e efeito” (inga-guji). Não importando a circunstância em que viva neste exato momento, desde que faça agora a causa para a vitória, sem falta os resultados virão. Não existe condição que não possa ser superada por um coração jovem e de determinação.
Esse coração é construído por quem tem espírito de procura pelo Mestre e jamais se permite ser derrotado. Este é um direcionamento de Ikeda sensei que trago no coração e divido com cada um de vocês:
Reprodução/Foto-RN176 Edjan, ao centro, tendo à esq. a família de sua noiva, e à dir. os pais dele – Fotos: Arquivo pessoal
“Zero” multiplicado por qualquer número, mesmo que enorme, é sempre “zero”. Mas se o fator multiplicador for “um”, inicia-se a partir daí um desenvolvimento ilimitado. (…) Tudo se inicia a partir de uma única pessoa. Quando esse único indivíduo ensina e transmite o princípio da felicidade denominado “Lei Mística” para as pessoas, criando-as como leões que superam a si próprios, constrói uma fileira de “valores humanos”. Esse é o significado de “emergir da terra”. Tornar real cada passagem dos escritos de Nichiren Daishonin, como essa, é missão da nossa Soka Gakkai. E assim se pode ler o Gosho2 com a própria vida.3
A voz da família
Pela mãe, Jânia
Desde pequenino, já era um menino muito determinado, de personalidade forte e caráter impoluto. Não nos deu preocupações. A música influenciou sua adolescência e ele tocou trompete, guitarra e bateria, chegando a tocar com alguns amigos numa banda de rock. Sua fase rebelde também foi muito rápida e cheia de aprendizados. Os questionamentos da fase só serviram para fortalecer sua fé e determinação. Atuou desde responsável por um bloco, envolveu-se de coração. Decidiu ir morar sozinho e não decepcionou em suas decisões. Logo adquiriu o próprio apartamento, carro e viajou para vários países, enriquecendo o espírito como cidadão do mundo. Tem uma noiva que é como uma filha para mim. Edjan é companheiro de todas as horas. Foi ele quem me incentivou a fazer faculdade, que era um grande sonho. Nada neste mundo é maior que a minha gratidão por ser mãe dele.
Pelo pai, Edmilson
Em janeiro último, tive um infarto, e ele foi a pessoa que cuidou de todos os detalhes. Vencemos mais essa batalha e comprovamos mais uma vez os benefícios da prática budista. Meu filho é meu amigo, e representa por meio de suas atitudes a presença de sensei e sua importância na vida de um jovem. Minha gratidão, sempre.
Pela irmã, Jâned
Para mim, ele é o Di. Temos três anos de diferença e, como muitos irmãos, brigávamos calorosamente pelo controle remoto da TV. Sempre falava o que pensava, algo que temos em comum. Ao entrar no Ongakutai, fez diversos amigos e na adolescência montou uma banda, deixou os cabelos crescerem e pintava as unhas de preto, quase um rebelde (risos). Foi também nessa época que ele se interessou cada vez mais por tecnologia e computadores. Passava horas no computador aprendendo a programar.
Imerso no ambiente Soka, o garoto tímido da infância se transformou num jovem adulto confiante. Eu sempre digo que meus pais são os responsáveis pela minha coragem de perseguir meus sonhos, mas Di foi imprescindível nesse processo. Conquistei meu lugar no mundo, sendo quem sou. Ele é um cara ponta firme, de um caráter que me enche de orgulho e que me inspira todos os dias.
Edjan Souza Santos, 34 anos. Gerente de tecnologia da informação (TI). É coordenador da Divisão Masculina de Jovens da BSGI.
Notas:
- IKEDA, Daisaku. Jovens Águias. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 6, p. 239, 2019.
- Gosho são os escritos de Nichiren Daishonin, que viveu no século 13.
- IKEDA, Daisaku. Sino do Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 397, 2020.
Fotos: Arquivo pessoal