ROTANEWS176 E POR BYTE 11/11/2022 16h22 Por Ingrid Oliveira
Em um novo estudo, uma equipe da Universidade Northwestern explora o mistério por trás desse comportamento
Reprodução/Foto-RN176 Assim como você pode olhar para a calçada enquanto caminha, os peixes olham para baixo quando nadam Foto: Canaltech
Uma pesquisa publicada na revista Current Biology no início de novembro finalmente desvendou uma curiosidade que estava, até então, sem resposta: por que os peixes nadam olhando para baixo? E a razão é bem parecida com a qual nós utilizamos para decidir onde colocar nossos pés.
Os peixes não estão medindo distâncias, mas, de acordo com o novo estudo, o fato de ser influenciado por estímulos que caem nas partes inferiores do olho serve a um propósito importante para esses animais, ajudando-os a monitorar seu próprio movimento na água.
A descoberta foi baseada em um modelo computacional que incorporou simulações do cérebro de um peixe-zebra, do habitat nativo e de como se comportava na natação.
De acordo com as análises, o peixe constantemente ‘olhava para baixo’ por conta de um comportamento adaptativo e isso pode ter evoluído para ajudá-lo a se estabilizar em uma corrente.
Estabilização na água
A equipe estudou o peixe-zebra no laboratório, usando LEDs em seus tanques para criar padrões de movimento. Na água corrente, a auto-estabilização pode ser uma coisa difícil e peixes pequenos geralmente precisam de mais esforço para manter sua posição.
Esse reajuste constante é informado em parte pelas “pistas visuais”. Segundo o estudo, se o plano de fundo estiver se movendo, por exemplo, talvez seja hora de se estabilizar.
Reprodução/Foto-RN176Assim como você pode olhar para a calçada enquanto caminha, os peixes olham para baixo quando nadam Foto: Canaltech
Um espécime feminino de uma raça de peixe-zebra (Danio rerio) Foto: Wikimedia Commons
No entanto, embaixo d’água essas dicas visuais são complicadas de serem seguidas. Em terra, temos muitos objetos estacionários, como árvores e prédios, para nos ajudar a avaliar o movimento. Debaixo d’água, os peixes são cercados por pontos de referência não confiáveis, cujo movimento relativo pode ser distorcido e confuso.
“É semelhante a sentar em um vagão de trem que não está em movimento. Se o trem ao lado do seu começar a se afastar da estação, isso pode levá-lo a pensar que você também está se movendo”, disse em um comunicado, Emma Alexander, da Universidade Northwestern, que liderou o estudo.
À medida que a água se move, os peixes estão constantemente tentando se auto-estabilizar para permanecer no lugar – em vez de serem arrastados por uma corrente em movimento. Concentrar-se em outros peixes, plantas ou detritos pode dar ao animal uma falsa sensação de que está se movendo.
A pesquisa mostrou que os peixes não movem os olhos para observar ao redor como nós porque os olhos já fornecem um campo de visão suficientemente grande. Apesar disso, eles começam a nadar quando veem padrões de movimento abaixo deles — como se seguissem uma luz ou movimento, sugere o estudo.