A vitória é decidida no coração

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 24/11/2022 14:05                                                                    ESPECIAL DA REDAÇÃO

Aspectos do empoderamento que afugenta o medo e cria a esperança

 

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Ilustração: GETTY IMAGES

Próximo do fim de 2022, a sociedade reflete os efeitos da nova realidade após a fase crítica da pandemia da Covid-19, que ainda não foi de vez. A sensação de paralisia diante da vida acomete jovens e adultos, sem distinção. Se há algo que o coração mais anseia certamente é “ser feliz”. Convidamos você para entrarmos juntos na contramão dessa via pessimista e falarmos de esperança, sabedoria e propósito de vida. Aprume-se confiante, este ano (ainda) é seu.

Para começar, vamos refletir sobre este trecho elucidado pelo presidente da Soka Gakkai Interna­cional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, em seu livro Arte da Longevidade:
Tanto em relação a mim como em relação aos demais ao redor, minha maneira de pensar basicamente é: “Não se surpreenda com nada, independentemente do que ocorra”.

As pessoas têm a tendência de pensar sempre para o lado negativo e cada vez mais sombrio, mas o importante é sempre conduzir os pensamentos em direção à esperança, para o lado mais iluminado e tranquilizador.1

Sabemos que isso não é tarefa fácil, mas, ao considerarmos o histórico de vida de Ikeda sensei, que conheceu o budismo aos 19 anos e em janeiro completará 95 — período marcado por realizações inimagináveis para quem os médicos disseram que não viveria até os 30 anos —, por si só, é prova da determinação de alguém que não perdeu a esperança, jamais. Trata-se, portanto, de uma escolha feita diante das questões da vida.

Transformar o destino

Entra em cena um primeiro aspecto desse triunfo que desconhece o medo, fundamentado no Budismo Nichiren, praticado na Soka Gakkai. No escrito Carta para os Irmãos,2 o Buda adverte que não devemos ser dominados pela ilusão da mente. Devemos, sim, ser o mestre da nossa mente e agir com sabedoria. Esse é o reflexo da condição de vida elevada que desenvolvemos com a prática do budismo, que nos permite ter forças para enfrentar qualquer desafio e superar tudo com alegria.

Para tal, Daishonin revelou, no século 13, o Nam-myoho-renge-kyo, fonte da energia vital plena. Recitá-lo, mesmo pela primeira vez, faz vibrar em nosso interior a coragem, a força, a sabedoria. A mente mergulhada na escuridão se abre para a luz da esperança. Essa dinâmica pode ser assim entendida nas palavras de Ikeda sensei:

Os benefícios da Lei Mística contêm os três significados do myo: “abrir”, “ser dotado de perfeição” e “reviver”.

A Lei Mística é uma lei que em sua essência é perfeitamente dotada, engloba todos os tipos de leis e benefícios, tem a força e a função de abrir e revelar o valor intrínseco de todas as coisas. Por isso, por mais que uma pessoa se encontre numa situação de impasse, ela pode “reviver”, “renascer” por meio dessa Lei e manifestar o estado de buda.3

Para os que estão iniciando a prática budista, abrimos a com­preensão sobre o significado dessa condição máxima de iluminação, ou estado de buda. Não se trata de um ser superior, algo ou alguém distante da nossa realidade. Configura-se numa condição de vida que não se abala pelas intempéries da vida, que vê significado em tudo, até nas derrotas, transformando condições adversas em combustível para um renovado avanço.

Buda é outro nome para alguém decidido a vencer! Isso porque a vida é uma constante batalha entre escuridão e iluminação. A todo instante, estamos formando nosso carma, positivo ou não. São pensamentos, palavras e ações que constroem a essência do que somos. Em tempos desafiadores como os que vivemos, aumenta a tendência do pessimismo. Mas um buda sabe que, a despeito de tudo, vencer é jamais ser derrotado, não desistir, deixar de ser vítima e se tornar protagonista de sua história. Por isso, a vitória é decidida no coração resiliente.

Ikeda sensei pondera:

Na sociedade existem os vencedores e os perdedores. Não há como medir a boa sorte nem a falta dela. No entanto, mesmo que alguém triunfe, esse entusiasmo não durará para sempre. Porém, uma pessoa que tem consciência de si mesma, ainda que sofra alguma derrota temporária, poderá continuar avançando e construir um futuro mais vasto, profundo e grandioso do que aquela que venceu numa circunstância inicial. O importante é não sermos vencidos em nosso espírito, e avançarmos passo a passo confiantes em nossa vitória final. Ainda acredito nisso até hoje.

Pessoas conscientes de si mesmas são aquelas que despertaram para o juramento conjunto de mestre e discípulo, para a sua missão como discípulas. São pessoas cujo senso de propósito e missão pelo kosen-rufu tornaram-se uma única coisa.4

Não ao egoísmo

Outro aspecto vigoroso do empoderamento que cria valorosa história é quando agimos com sincera preocupação com o bem-estar, a alegria e a realização dos demais. Dissipamos não somente a escuridão fundamental que se aloja na vida deles, mas também a escuridão inerente à nossa própria vida. E é exatamente por isso que se dedicar à felicidade dos outros é tão importante.

Certa ocasião, o presidente Ikeda orientou:

Ao contribuir para a felicidade de outras pessoas, nós nos tornamos felizes. Este também é um prin­cípio da psicologia. Como aqueles que estão sofrendo nas profundezas do inferno, a ponto de perder a vontade de viver, podem se levantar novamente? Se ficarem apenas pensando em seus próprios problemas, mergulharão ainda mais no desespero. Porém, o simples ato de ir ao encontro das pessoas que também estão sofrendo e oferecer apoio possibilita-lhes reaver a vontade de viver. A ação que empenhamos para ajudar o outro nos permite fortalecer nossa própria vida.5

Esse é o sentimento dos membros da Soka Gakkai nos 192 paí­ses e territórios em que tremula a bandeira do humanismo. Cada um, com sua característica, enquanto enfrenta seus dramas da vida, encontra espaço também para abraçar os que precisam. O mesmo ocorre no Brasil. Os três anos de distanciamento necessários para proteger a todos não foram empecilho para os encontros de vida a vida. À base de muito drible no uso da tecnologia, a busca de opções para não deixar ninguém de fora desse “abraço humano” tem mudado a trajetória de vida das pessoas. Com o orgulho Soka de ser, lideranças e membros das organizações de base da BSGI se uniram num só coração. Trata-se de uma comprovação prática de que “ser mestre da própria mente” é deixar de ser escravo da ilusão da impotência e do medo e se propor a dar um ou meio passo adiante. Isso porque budismo não é teoria abstrata. Ensina o caminho direto da revolução humana, que inclui uma mudança radical em nosso comportamento e, também, a benevolência e a compaixão pelo outro.

Se estamos vivendo momentos desafiadores, o importante é extrair­mos o máximo de aprendizado desse período, aprimorando-nos na fé e prática budistas. Uma consciência que vê a realidade com olhos e mente iluminados. Ikeda sensei encoraja:
A vida é a luta constante entre

a desistência de pensar

“é impossível fazer mais que isso”

e “se comprometer

a fazer o suficiente”.

Devemos vencer a batalha interna

de “jamais desistir

e jamais ser derrotado”.6


Equilíbrio físico e mental

Uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai” fala diretamente da “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade”. O budismo trata das questões essenciais da vida, e os cuidados com a saúde não devem ser relegados a segundo plano. O período pandêmico, segundo pesquisas, apresenta dados alarmantes do agravamento de doenças mentais que, mais uma vez, comprovam que nós, como budistas, devemos ter a mente guiada pela sabedoria da prática da fé. Budismo é ciência, é razão. Assim, buscar ajuda médica e psicológica não é sinal de derrota na fé, mas é ter a mente voltada para a solução daquela situação.

Em mais um trecho de Arte da Longevidade, nosso mestre oferece “Quatro regras para manter a saúde”:
Se eu sugerisse quatro regras concretas para se manter a saúde, essas regras seriam:

Em primeiro lugar, “dormir bem”.

Em segundo, “andar bastante”.

Em terceiro, “não se zangar”.

Em quarto, “não comer em excesso”.

Todas parecem simples, mas são importantes fundamentos.7

A jornada vitoriosa do presiden­te Ikeda até hoje, incansável na arte do incentivo, fortalece a nossa consciência de que a escolha por uma vida longeva permeia a simplicidade dessas quatro regras. E é isso o que se observa também como conduta saudável incentivada pelos especialistas médicos nesses desafiadores tempos da pandemia da Covid-19, que ainda se prolonga.

Na releitura desta matéria, condensamos em alguns pontos como deixar de ser escravo da mente e se tornar mestre dela, nutrindo uma vida forte, saudável e de nobre propósito. Entre tantos preciosos princípios do ensinamento e da conduta budistas, separamos para você: a oração transformadora, a mudança do foco de si para o outro, e agir com sabedoria nos cuidados da saúde.

Conscientes de que o budismo faz tudo na vida ser útil e valoroso, que possamos avançar com confiança, dando vida e significado ao “Ano dos Jovens e do Progresso Dinâmico”! O momento é agora. Nossa única opção é vencer! Assim estimula o presidente Ikeda:

Antes de tudo,

decida dentro do coração:

“Vencerei, sem falta!”.

Depois, ore com seriedade

aja, se mova.

Budismo significa ação.

Avance em direção

à gloriosa meta!8

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Arte da Longevidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 84.
  2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 515.
  3. Brasil Seikyo, ed. 2.300, 21 nov. 2015, p. A2.
  4. Idem, ed. 2.441, 27 out. 2018, p. B1.
  5. Terceira Civilização, ed. 540, ago. 2013, p.14.
  6. Brasil Seikyo, ed. 2.395, 11 nov. 2017, p. B1.
  7. IKEDA, Daisaku. Arte da Longevidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 73.
  8. Brasil Seikyo, ed. 2.300, 21 nov. 2015, p. A2.

Ilustração: GETTY IMAGES