ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 13/01/2023 12:10 CADERNO NOVA REVOLUÇAO HUMANA Por Ho Goku
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustrações da matéria : Kenichiro Uchida
PARTE 41
A publicação da série “Companheiros Inesquecíveis” se iniciou no dia 29 de julho. E a sequência do romance Revolução Humana, com o início do décimo primeiro volume, voltou a ser editada no dia 10 de agosto com três publicações semanais. O título do primeiro capítulo desse volume era “Ponto de Inflexão”.
A obra começa a partir do afastamento total de Josei Toda das atividades empresariais em setembro de 1956 com a decisão de dedicar o resto de sua vida ao kosen-rufu, e quando confia a Shin’ichi Yamamoto a liderança da “viagem de orientação e de desbravamento de Yamaguchi”.
O ditado do conteúdo das partes do romance foi feito nos locais em que Shin’ichi se dirigia, tais como o Centro de Treinamento de Kanagawa ou o Centro de Treinamento de Shizuoka. Antes ou depois desses ditados normalmente havia diversas atividades, como diálogos com representantes das localidades de todo o país ou das divisões, ou ainda com membros locais. Shin’ichi aproveitava cada brecha existente para realizar visitas familiares.
Ele disse ao editor responsável pela publicação da Revolução Humana:
— Sou discípulo do presidente Josei Toda. Independentemente da situação na qual eu seja colocado, da posição em que eu ficar, não posso interromper minha luta pelo kosen-rufu em hipótese alguma. Enquanto tiver vida, continuarei a lutar. Observe-me firmemente.
Contudo, o extremo cansaço decorrente das árduas batalhas seguidas se acumulava.
As tosses persistiam e havia dias em que tinha febre.
Certo vez, ele se preparou para ditar o texto e, enquanto aguardava o editor responsável, deitou-se sobre o tatame e colocou uma toalha molhada para resfriar a testa. Logo, ouviu-se uma voz dizendo: “Com licença!”. Era o editor entrando em sua sala.
Shin’ichi abriu levemente seus olhos e disse-lhe, permanecendo deitado de costas:
— Desculpe, mas você poderia me deixar dormir um pouco?
O editor sentou-se ao seu lado com uma expressão de preocupação.
Shin’ichi tossia ocasionalmente. Seus olhos estavam vermelhos. O editor pensou: “Será que ele conseguirá ditar o texto nessas condições…?”.
Tique-taque, tique-taque, tique-taque… O relógio registrava o passar das horas. Após cerca de 10 minutos, Shin’ichi bateu vigorosamente as mãos no tatame e ergueu o corpo. Ele lhe disse:
— Bom, vamos começar! Vamos registrar a história. Todos estão aguardando ansiosamente essa publicação. Não consegue imaginar o rosto feliz deles? Quando penso que “é pelos companheiros”, sinto uma força surgir de dentro do meu ser!1
PARTE 42
Ao redor de Shin’ichi Yamamoto havia vários materiais de referência e publicações como anotações pessoais e edições do Seikyo Shimbun em tamanho reduzido do período descrito no romance. Pegando o papel com as anotações, Shin’ichi disse ao editor:
— Então, vamos começar! Está preparado?
Iniciou-se o ditado. A cada palavra que proferia parecia se imbuir de mais força. O editor corria desesperadamente o lápis sobre o papel. Porém, Shin’ichi tecia o texto com tamanha rapidez que o trabalho de anotação não conseguia acompanhá-lo. Assim, ele passou a ditar o texto observando o movimento da mão do editor.
Passados cerca de quinze minutos do início dos trabalhos, Shin’ichi começou a tossir. E mesmo que a tosse passasse, sua respiração estava ofegante.
— Deixe-me descansar um pouco.
Ele se deitou novamente sobre o tatame. Uns dez minutos depois, quando o editor terminava de passar a limpo a parte anotada, a respiração de Shin’ichi parecia um pouco melhor. Então, novamente ele bateu com força as mãos no tatame e ergueu o corpo.
— Bom, vamos continuar! Porque todos estão esperando. Os membros da Soka Gakkai estão se esforçando ao máximo suportando sua revolta e indignação. Só de pensar nisso, fico emocionado. Por essa razão, espero que nossos companheiros possam, pelo menos, se animar um pouco mais. Quero que possam manifestar coragem.
O ditado foi retomado. Contudo, após quinze minutos, foi necessário parar novamente para descansar.
É dessa maneira que se concluía o manuscrito, que em seguida era revisado diversas vezes. E só depois de fazer correções na matriz tipográfica era enfim publicado no periódico. Uma vez iniciada a edição, não poderia ser interrompida. Eis a rigorosidade e a incomplacência da publicação de romances em série nos jornais. Para Shin’ichi, era uma verdadeira batalha de vitória ou derrota e sabia que esse ditado era um esforço que lhe consumiria a vida.
“É por ser forjada que a palavra se torna flecha que corta o vento em espada de fogo” — essa é uma pérola do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Shin’ichi também dizia isso para si mesmo a fim de continuar produzindo os manuscritos pensando e ponderando na escolha de cada palavra e frase, com o desejo de que reverberasse na alma dos seus companheiros.
A repercussão em relação à série foi grande. Ela irradiou a luz da renovação para o coração de todos os membros.
PARTE 43
O grau de confusão no clero piorava cada vez mais. Este havia deixado claro que, com a renúncia de Shin’ichi Yamamoto para os cargos de representante-geral dos adeptos da Nichiren Shoshu e de presidente da Soka Gakkai, parariam de atacar a organização. No entanto, o tratamento do Shoshin-kai em relação aos membros da Soka Gakkai se tornava ainda mais cruel, e a Soka Gakkai passou a exigir que a promessa fosse cumprida.
Mesmo por parte do clero tentava-se buscar a harmonização entre clérigos e adeptos, atendendo às recomendações do sumo prelado anterior Nittatsu, mas ignorando isso, a Shoshin-kai promoveu o encontro nacional dos adeptos diretos da Nichiren Shoshu no ginásio Nippon Budokan, no dia 24 de agosto.
Nesse evento, bradaram-se eloquentemente coisas como “renúncia ao cargo de representante-geral honorário dos adeptos da Nichiren Shoshu” de Shin’ichi, e “a Soka Gakkai deve mudar de entidade legalmente independente do registro de entidade religiosa e ser integrada e subordinada ao clero”.
Na ocasião, não se viu a figura de Tomomasa Yamawaki, mas Takao Harayama participou criticando a Soka Gakkai e, em relação a Nikken, falou da necessidade de continuar denunciando-o.
Os sacerdotes do Shoshin-kai manipulados por Yamawaki estavam totalmente fora do controle. Eles deixaram clara sua posição de confronto com Nikken e continuavam a enviar pareceres com conteúdo que atacava o sumo prelado dizendo, por exemplo, que ele usava inapropriadamente sua autoridade.
Era uma situação que poderia abalar o clero a partir da base. No dia 24 de setembro, o clero realizou uma reunião do conselho administrativo e, considerando que os integrantes do Shoshin-kai haviam “perturbado a ordem interna do clero”, decidiu-se punir 201 sacerdotes com qualificação de professor, cerca de 1/3 do total, por indisciplina.
Os sacerdotes que foram alvo de punição promoveram encontros de protesto e manifestaram com alarde dizendo que eram vítimas de uma “violência de desrespeito aos direitos humanos”.
O clero foi penalizando o grupo de sacerdotes até culminar com a sua expulsão. Houve parte deles que, vendo o rumo das coisas, mudou rapidamente a postura e passou a se submeter às ordens do sumo prelado e do Departamento de Assuntos Internos do clero.
Os priores que foram expulsos e tiveram de abandonar os templos passaram a batalhar nos tribunais com o clero.
Shin’ichi Yamamoto partiu às 22 horas do dia 30 de setembro do novo Aeroporto Internacional de Tóquio em Narita (atual Aeroporto Internacional de Narita) num voo direto para Honolulu. Era para participar dos eventos comemorativos dos vinte anos do movimento pelo kosen-rufu nos Estados Unidos e iniciar o novo descortinar do kosen-rufu mundial.
Não pode haver um mínimo de hesitação no avanço do kosen-rufu do mundo.
PARTE 44
Shin’ichi Yamamoto participou de todas as atividades na sede do Havaí, em Honolulu, o primeiro local a ser visitado, onde também incentivou os grupos de intercâmbio e de amizade do Havaí e da América do Sul que tinham vindo do Japão.
No dia 2 de outubro, ele participou do Gongyo Comemorativo do Dia da Paz Mundial, realizado na sede do Havaí.
O Dia da Paz Mundial é uma data comemorativa estabelecida pela Soka Gakkai por ser aquela em que Shin’ichi partiu para a sua primeira viagem ao exterior nesse mesmo dia vinte anos atrás, em 1960.
E o Havaí foi o local em que ele deu o primeiro passo dessa jornada da paz. Isso porque esse era o lugar em que se deu início à Guerra do Pacífico. Ele havia decidido na profundeza do seu coração de que iniciaria a grande correnteza da paz mundial a partir das terras onde estavam gravadas as histórias e os registros dos horrores da guerra.
Na ocasião de sua primeira visita ao Havaí, não passavam de trinta a quarenta pessoas as que compareceram à reunião de palestra. A maioria delas estava abatida pelas tristezas da vida. Havia uma integrante da Divisão Feminina que, embora tivesse se casado com um soldado norte-americano e emigrado para o Havaí, sofria com as dificuldades financeiras e temia a violência do marido e lamentava seu infortúnio desejando apenas retornar para o Japão.
Shin’ichi declarou sua convicção de que não havia como alguém que se dedica com seriedade na fé não se tornar feliz, e transmitiu com todas as suas forças que cada pessoa ali reunida carregava a missão de transformar seu destino e edificar a felicidade de si próprio e dos demais ao redor como bodisatvas emergidos da terra.
Incentivar, encorajar, revivescer a pessoa que está sofrendo diante dos seus olhos — esse é o primeiro passo concreto para tornar realidade uma sociedade que preza a dignidade da vida, e é o ponto primordial da construção da paz.
Ele sentiu que o sol da convicção brilhou ardentemente no coração daqueles participantes. Esses membros foram despertando e se levantando para a missão do kosen-rufu visualizando o céu anil da esperança.
Em sua primeira viagem ao exterior, Shin’ichi atravessou as Américas do Norte e do Sul, originando o Distrito Geral da América, os Distritos Brasil e Los Angeles, e dezessete comunidades, como a Havaí.
Passados vinte anos, a legião de bodisatvas da terra havia se expandido para cerca de noventa países e territórios. No Gongyo Comemorativo do Dia da Paz Mundial, visando os vinte anos à frente, em 2000, Shin’ichi orou profundamente estabelecendo seu juramento seigan de estreitar os laços do mundo e da humanidade com a firme união do povo pela paz.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Ilustrações: Kenichiro Uchida