ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 13/01/2023 12:20 ENCONTRO COM O MESTRE Por Dr. Daisaku Ikeda
Ensaio da série “Irradie a Luz da Revolução Humana”
Reprodução/Foto-RN176 Agradecimentos aos membros da Soka Gakkai pela luta de todos ao longo do ano e partida conjunta esperançosa rumo ao futuro. Acima, presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji (dez. 2005). Dr.Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: Seikyo Press / BS
O castelo da paz e da felicidade no grande solo do povo!
Desde a semana passada [dezembro de 2022], as ilhas japonesas foram assoladas por uma onda de intenso frio. A começar pelas regiões de Shin’etsu e de Tohoku, persistiram volumosas neves nas localidades de Hokkaido, Hokuriku, Chugoku, Shikoku e outras.
Expresso meu sincero sentimento de solidariedade e oro pela total segurança de todos.
Nichiren Daishonin também enfrentou rigoroso inverno em Sado e em Minobu.
Em 1281, último ano de sua vida, ele escreveu: “Ao longo deste ano, escrevi-lhe sobre diversos acontecimentos, mas devo dizer que, em toda a minha vida, não me recordo de ter enfrentado um frio tão intenso como este que estamos passando agora. A neve se acumulou numa quantidade enorme”.1 Ele louva a dedicação da monja leiga de Kubo com sincera fé nas seguintes palavras: “Portanto, deixemos que o buda Shakyamuni, o buda Muitos Tesouros e os budas das dez direções [avaliem a grandeza] dos benefícios resultantes”.2
Tenho a convicção de que nossa rede de solidariedade Soka, que apoia e considera calorosamente uns aos outros, orando juntos, e “transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si”,3 mesmo em meio a árduos esforços, será profundamente envolvida pela proteção dos budas e das divindades celestiais do grandioso universo, sempre observada pelo buda Nichiren Daishonin.
Aplausos ao progresso dinâmico dos jovens
Os diálogos que promovemos são a inspiração para fazermos resplandecer, juntos, a esperança, oferecendo luz e calor à vida, por mais que ela esteja congelada, tal como o “inverno nunca falha em se tornar primavera”.4
Em especial, neste “Ano dos Jovens e do Progresso Dinâmico” [2022], os jovens Soka se dedicaram até o último momento à expansão da amizade com a Festa da Juventude Soka, realizada em todo o Japão.
Ao completar sessenta anos desde a minha explanação do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, iniciei nova preleção desse escrito, atendendo aos pedidos dos membros da Divisão dos Universitários e dos jovens do “azul mais azul que o índigo”. O fato de mais uma vez, neste momento, estudarmos juntos essa importante obra da transmissão de mestre para discípulo, é uma alegria incalculável.
No dia 11 deste mês [dezembro de 2022], a Soka Renaissance Vanguard, do Ongakutai, conquistou pela 17ª vez o brilho da glória de melhor banda do Japão no 50º Concurso Nacional de Bandas Marciais. “Vanguard” possui o significado de “pioneiro” e de “vanguardista”. Na realidade, foi o precursor do “Ano dos Jovens e do Triunfo”.
Ao mesmo tempo, no 50º Concurso Nacional de Bastões Girantes, o Soka Brialliance of Peace de Chubu, da Kotekitai, se apresentou de forma magnífica.
Quão esperançosa é a vitória dos jovens! Como o aspecto de progresso dinâmico dos sucessores faz bailar o nosso coração! Não cessa a minha gratidão aos pais que observam e protegem a força e a paixão desses jovens, sem poupar os brados de vitória.
O escrito As Quatro Dívidas de Gratidão ensina: “Com relação a meus pais nesta existência, eles não somente me deram a vida como fizeram de mim um seguidor do Sutra do Lótus”.5 Nichiren Daishonin prega que essa gratidão é mais profunda que nascer em família do maior dos soberanos.
Além disso, neste ano também, graças à incansável devoção dos integrantes do Departamento de Estatística, o qual completou setenta anos de existência; do Departamento de Movimento Renascença; do Departamento de Cerimônias; do Sokahan e do Gajokai, da Divisão Masculina de Jovens, que apoiam o movimento pelo kosen-rufu com toda a sinceridade; do Ohjokai, da Divisão Sênior; do Kojokai, da Divisão Feminina; do Mamorukai; do Hojokai Soka; das pessoas que oferecem a residência para as reuniões; dos amigos sem coroa (Mensageiros da Esperança); dos Coordenadores de Periódicos; da Comissão de Promoção do Min-On, conquistamos a vitória absoluta em todas as atividades.
Pela grandiosa luta dos meus amados e valiosos companheiros, expresso meus profundos agradecimentos. Muitíssimo obrigado!
Dos sofrimentos à alegria
Na Reunião de Líderes comemorativa da fundação da Soka Gakkai, a Orquestra Sinfônica Glória Soka e a Orquestra Sinfônica de Kansai nos ofereceram uma esplêndida apresentação da Sinfonia nº 5 — também chamada Sinfonia do Destino — de Beethoven (movimento 4).
Na minha juventude, escutava músicas famosas, como a Sinfonia do Destino — que retrata a superação dos sofrimentos em direção à alegria —, no toca-discos manual, a ponto de se desgastar completamente.
Na época, os negócios do meu mestre, Josei Toda, entravam em situação difícil, e meu coração também sofria demasiadamente. Porém, sacudindo a alma com a poderosa melodia da música sagrada, eu me levantei com a disposição de “superar os sofrimentos do inverno e receber sem falta a alegre primavera do triunfo de mestre e discípulo!”.
É impressionante o próprio Beethoven ter passado por sucessivas batalhas contra os sofrimentos. Ele tinha orgulho de sua missão de lutar contra seu destino cruel. No fim de 1822, há duzentos anos, ele expressou sua autoconfiança: “Eu posso compor, mesmo que não haja mais nada que eu seja capaz de fazer”.
Foi nesse período que ele iniciou os esforços reais para compor a Sinfonia nº 9, que incorpora Ode à Alegria. O presente à humanidade que não para de inspirar a vida não surgiu de forma alguma em meio a ventos favoráveis, mas sim da luta contra os ventos adversos dos sofrimentos e do resoluto espírito de perseverança.
Na vida, há montanhas e vales. Doenças e dificuldades no trabalho, conflitos na família e nas relações humanas, a insegurança pelo futuro — as preocupações não cessam. Entretanto, o importante é ter a convicção de que há um profundo significado nos sofrimentos do presente. Enquanto houver forte determinação mental na fé, pode-se transformar, infalivelmente, o destino em missão.
Com olhos do amor benevolente aos membros, meu venerado mestre clamou: “Quem tiver problemas, experimente praticar a fé com toda a seriedade durante um ano. É impossível que a situação não se transforme até o dia de hoje do próximo ano”.
Sem dúvida, o poder da Lei Mística nos possibilita mudar positivamente. Ou melhor, praticamos o budismo para fazer essa mudança.
Com essa convicção, no próximo ano [2023], também, vamos registrar juntos a história exata da canção triunfal da revolução humana!
Daimoku é o brado da vitória
Uma vez [em 1978], superando os ventos gélidos de dezembro, viajei para as províncias de Tochigi e Gunma da região de Kanto. No primeiro dia (26), visitei a cidade de Ashikaga. Às vésperas do Ano-Novo, com o intuito de celebrar o novo ano e o progresso da localidade, foi realizado o mochitsuki (o ato de bater a massa para o preparo do mochi usando um pilão) pelas pessoas.
Eu também utilizei o socador enquanto uma integrante da Divisão Feminina da localidade manuseava a massa de mochi no pilão. O processo consiste em bater a massa no interior do pilão com o socador. No momento em que se levanta o socador, a massa de mochi é virada no pilão. Então, bate-se novamente com o socador.
Reprodução/Foto-RN176 Na foto tirada recentemente por Ikeda sensei, folhas de outono resplandecem, sobrevivendo às quatro estações, e parecem um esplendoroso tecido com as cores vermelha, amarela e verde (Tóquio, dez. 2022) – Foto: Seikyo Press
O ritmo desse movimento é acompanhado pelo poderoso brado de todos. Em perfeita sintonia, rapidamente o mochi branco ficou pronto.
Anos mais tarde, aquela mãe que me auxiliou no manuseio da massa de mochi naquela ocasião relembrou que a voz rítmica de todos lhe pareciam um “brado de vitória”. E, com sorriso no rosto, ela contava que o próprio daimoku recitado diariamente de forma sonora era o “brado de vitória”.
Nichiren Daishonin afirma: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão”6 e “Cada um dos senhores [discípulos de Nichiren] deve reunir a coragem do rei leão”.7
Nós possuímos o supremo ritmo da vida, chamado “unicidade de mestre e discípulo”, e a união de “diferentes em corpo, unos em mente”, que não são obstruídos por nada.
Por maiores que sejam as dificuldades, devemos lutar e ultrapassá-las com coragem unindo a força de todos em uníssono. E fazer reverberar o rugido do leão do daimoku, recitando o brado da vitória com enorme prazer.
Avance solidificando o alicerce
“É época de turbulências. É a era decisiva de vitória ou de derrota. A pessoa que solidifica seu alicerce se torna vitoriosa. Essa é a regra de ouro”. Esse é o ensinamento sobre liderança do meu venerado mestre.
Quando o mundo se torna confuso, deve-se valorizar o alicerce. Deve-se ampliar a amizade e conquistar de forma estável a confiança no local em que se encontra agora, com a família e os parentes, no trabalho ou em seu bairro. Embora possa parecer uma ação discreta, esta é a mais precisa força para edificar a sua felicidade junto com a de outras pessoas.
Rememorando, Toda sensei estabeleceu as diretrizes “Prática da fé para criar a harmonia familiar”, “Prática da fé para conquistar a felicidade” e “Prática da fé para vencer as dificuldades” logo depois de concretizar a propagação para 750 mil famílias, o empreendimento de sua vida, em dezembro de 65 anos atrás (1957).
Apoiar a própria família, conquistar a sua felicidade e vencer as dificuldades — a partir dessas ações, que solidificam seu alicerce, acontece o triunfo da vida e do kosen-rufu. O castelo da paz e da felicidade edifica-se nesse grande solo inabalável do povo.
Certa vez, eu disse a um companheiro que me perguntou com a fisionomia preocupada que sua família era contrária à prática budista: “Basta uma pessoa para acionar o interruptor da lâmpada. Se uma pessoa acender a luz, o ambiente das pessoas que estão em volta dela se ilumina. O mesmo acontece com alguém que pratica sozinho na família”.
“Um é mãe de dez mil”.8 Se houver uma única pessoa que persevera na fé com determinação, é certo de que o brilho de sua virtude e de boa sorte iluminará toda a família. Por isso mesmo, é preciso encorajar a pessoa que está diante dos seus olhos com o máximo calor humano.
Em Minobu, Nichiren Daishonin mantinha um intercâmbio repleto de humanismo dialogando com os idosos da redondeza, dizendo: “Nunca houve um inverno tão rigoroso, não é?”. Observa-se o seu comportamento de valorizar as pessoas próximas da vizinhança e da comunidade local.
Reprodução/Foto-RN176 Sob os brados reverberantes e os olhares sorridentes de todos, presidente Ikeda, à esq., com toda a força, participa do tradicional mochitsuki (confecção de bolinhos de arroz) em perfeita sintonia com os companheiros rumo ao novo ano (sede de Ashikaga, província de Tochigi, Japão, 26 dez. 2005) – Foto: Seikyo Press
Eu próprio tomava a iniciativa de cumprimentar os vizinhos da sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, como ainda entrava nas lojas do comércio local, aprofundando assim a amizade com todos. Tenho saudade também dos alegres cumprimentos que trocava com os vizinhos das sedes de diversas localidades que visitava, tais como o Centro Cultural de Ichikawa e de Kanagawa.
Vamos caminhar prazerosamente!
No fim do ano 1952, há setenta anos, na convenção realizada para concluir aquele período de avanço, Toda sensei questionou: “Por que nascemos como ser humano?”. Então, afirmou categoricamente: “Nós viemos a este mundo para passear”. Ele desenvolveu o significado do trecho Jigage do capítulo Juryo (“A Extensão da Vida”) — shujo-shoyu-raku (“onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos”)9 — para a nossa realidade atual: “No molho do doce de feijão com mochi (shiruko), é necessário colocar açúcar e sal. Se não houver uma pitada de sofrimentos do sal, não será possível sentir a verdadeira felicidade”.
Mesmo que no presente a dosagem de sal seja maior, com o tempo, ela se tornará uma lembrança bastante saborosa.
Na ocasião, registrei em meu diário: “Nos negócios, na revolução, no trabalho, na política, na educação ou na ciência, em qualquer época ou empreendimento, não é possível alcançar a vitória sem nos aliarmos aos jovens. A chave da vitória ou da derrota em toda batalha se encontra em conquistar a lealdade dos jovens ou em tê-los como inimigos”.10
No ano seguinte, ao ser nomeado responsável pelo Primeiro Distrito, da Divisão Masculina de Jovens, eu me empenhei na grande expansão da rede de jovens companheiros emergidos da terra exatamente com essa decisão.
Descortina-se, finalmente, o “Ano dos Jovens e do Triunfo”.
“Triunfo” possui o sentido de canção triunfal que celebra a vitória em uma batalha. O ideograma gai utilizado nessa palavra — gaika (“canção triunfal”) — embute o significado de “brado da vitória” e de se “alegrar”.
Quando se vence, emerge-se a voz da alegria do fundo do coração.
Ecoe agora, em seu coração, a nova canção triunfal da glória! Vamos fazer reverberar a voz da coragem, da esperança e da sabedoria, com alegria e prazer!
No topo: Agradecimentos aos membros da Soka Gakkai pela luta de todos ao longo do ano e partida conjunta esperançosa rumo ao futuro. Acima, presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, no Auditório Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji (dez. 2005)
Publicado no Seikyo Shimbun de 28 de dezembro de 2022.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 370-371, 2017.
- Ibidem, p. 370.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2020.
- Ibidem, p. 561.
- Ibidem, p. 45.
- Ibidem, p. 431.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2017.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 135, 2020.
- Ibidem, p. 713.
10 IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 147.
Fotos: Seikyo Press