“Não seja derrotado”

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 11/02/2023 07:50                                                                        CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                Por Ho Goku                                      

Capítulo “Levantando Voo”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho ilustrativo de  Kenichiro Uchida

Parte 49

No Japão, após a Soka Gakkai ter denunciado Tomomasa Yamawaki em junho por extorsão, este, que se viu num beco sem saída, continuou repetindo suas calúnias contra a organização, utilizando revistas e emissoras de TV. Enquanto criava histórias infundadas e fantasiosas e alardeava a existência de injustiça social na Soka Gakkai, ele agia para que o Shoshin-kai realizasse encontros, manifestações e enviasse petições aos membros da Câmara para requisitar a convocação de Shin’ichi como testemunha. Isso viria a acontecer, mas no final acabou levando ao fracasso.

O vão da discórdia entre os sacerdotes do Shoshin-kai e os de Nikken e o Departamento de Assuntos Internos do clero foi se aprofundando cada vez mais seguindo em direção a uma situação decisiva.

Internamente, o clero da Nichiren Shoshu estava um caos, mas a postura da Soka Gakkai, de procurar manter a união harmoniosa entre clero e adeptos permaneceu inalterada.

No dia 18 de novembro, foi realizada a resplandecente celebração do 50º aniversário de fundação da Soka Gakkai no ginásio esportivo central da Universidade Soka.

Nessa época, todos viram a figura enérgica de Shin’ichi. Ele se levantou para falar em meio a uma estrondosa salva de palmas.

— Antes de tudo, quero agradecer do fundo do coração ao primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, que fundou a Soka Gakkai, e ao segundo presidente, Josei Toda, que edificou a base da organização e propiciou o grande desenvolvimento dos dias de hoje. Também agradeço do fundo do coração aos beneméritos dos primórdios da Soka Gakkai, que vieram trilhando e atravessando junto comigo os picos dos sofrimentos e das alegrias do movimento pelo kosen-rufu ao longo de cinquenta anos, e também a todos os demais membros. A Soka Gakkai será eterna e indestrutível, enquanto mantivermos uma rigorosa fé e promovermos resolutamente a propagação da Lei visando o kosen-rufu. O primeiro ato do grande movimento popular da organização que veio se dedicando à promoção da paz e da educação com base na Lei Mística foi concluído e, enfim, estamos descortinando o segundo ato. Vamos, a partir de hoje, com o espírito renovado, iniciar um novo grande avanço objetivando o centenário de fundação da Soka Gakkai em prol da paz, da cultura e do kosen-rufu do mundo!

O rugido do leão retumbou. Nos escritos de Nichiren Dai­shonin consta: “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes”.A chama do espírito de luta de todos flamejou.

Parte 50

Iniciou-se o ano de 1981. Era o período decisivo da contraofensiva.

A Soka Gakkai estabeleceu esse ano como “Ano dos Jovens” e os companheiros firmaram a decisão de marcar a partida rumo a uma renovação.

No Dia do Ano-Novo, Shin’ichi Yamamoto ponderava profundamen­te com a vida o significado do poema que seu venerado mestre, Josei Toda, havia composto no início de 1952, ano seguinte ao de sua posse como segundo da Soka Gakkai:

Vamos agora

até os confins da Índia,

na jornada de expansão

da Lei Mística,

com coragem no coração.

Esse poema foi colocado junto à foto do falecido presidente Josei Toda no Auditório da Universidade do Japão, palco da cerimônia de posse de Shin’ichi, no dia 3 de maio de 1960, data em que assumiu a terceira presidência da Soka Gakkai. Fitando o poema e gravando-o firmemente em sua vida, ele jurou resolutamente do fundo do seu coração diante da foto do seu venerado mestre, iniciar a grande batalha de sua presente existência em prol da Lei e seguir pela jornada do kosen-rufu mundial como discípulo de unicidade.

Na manhã de sua posse, Shin’ichi compôs o seguinte poema de juramento:

A voz do mestre

ecoa para sempre

em minha vida

bradando:

não seja derrotado!

Assuma a liderança sem falta!

E nessa manhã de Ano-Novo (1981), ele determinou em seu coração que era o momento de se lançar ao mundo junto com os companheiros e assumir verdadeiramente a liderança do movimento pelo kosen-rufu.

Ele completaria 53 anos no dia seguinte, 2 de janeiro. Ao ponderar a respeito da limitada extensão da vida, havia coisas demais que deveriam ser feitas pelo kosen-rufu mundial naquele momento. Não havia mais tempo para hesitações, nem um único instante.

O clero se mostrava cada vez mais conturbado. Shin’ichi tinha a decisão de proteger o clero e abrir novos caminhos, mesmo que ele próprio tivesse de servir de escudo para todos os ataques.

Na noite de 13 de janeiro, Shin’ichi partiu de Narita rumo ao Havaí, Estados Unidos. A previsão de duração dessa viagem era de aproximadamente dois meses e, nesse país, ele percorreria localidades como Havaí, Los Angeles e Miami, além de viagens sucessivas ao Panamá e ao México, na América Central.

No Havaí, foi realizado o 1oo Conselho Superior Mundial de Estudo do Budismo contando com a participação de representantes de quinze países e territórios. Shin’ichi sentia profundamente que era preciso estudar a fundo os princípios do budismo que seriam a base fundamental da dignidade da vida e estabelecer firmemente os princípios filosóficos da paz da humanidade no mundo.

Parte 51

Shin’ichi Yamamoto, que conclamou a todos o empenho no estudo aprofundado do budismo nos Estados Unidos em outubro do ano anterior, agora, por ocasião desta visita, tomou a iniciativa de dar o exemplo e orientou com base na leitura dos escritos de Nichiren Daishonin.

No Conselho Superior Mundial de Estudo do Budismo, suas orientações foram embasadas no seguinte trecho dos escritos: “Empenhe-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem prática e estudo não pode haver budismo. Deve não só perseverar como também ensinar aos outros”.2

— “Prática” significa a prática para si e para os outros posta em ação, e refere-se à recitação do daimoku e à realização do shakubuku. “Estudo” é o aprimoramento do estudo do budismo. Os verdadeiros discípulos de Nichiren Daishonin são aqueles que se empenham na prática e no estudo. Se não houver a dedicação contínua nesses dois caminhos, já não será mais budismo — é isso que Daishonin afirma. Somente a Soka Gakkai vem agindo conforme essas palavras e vem promovendo o kosen-rufu enfrentando os mais variados tipos de perseguições. É uma verdade que ninguém pode contestar. Os dois caminhos da prática e do estudo surgem da fé. Menosprezar a “prática e o estudo” significa perder a fé. “Fé” é não se curvar diante das intimidações, perseguições e tentações, manter a postura firme de jamais se afastar da organização, abraçar o Gohonzon com todo o coração e seguir avançando rumo ao kosen-rufu. Podemos dizer que a prática e o estudo são como as duas rodas de um carro, e a fé é o seu eixo. Por esse motivo, por mais versado que sejam no estudo do budismo em termos de conhecimento, se não existir a prática, será como tentar avançar com apenas uma das rodas, não conseguirão se manter na órbita correta da prática budista. Já existiram pessoas que acabaram se perdendo em estudos do budismo apenas teóricos e distorcidos, passaram a se achar importantes e se tornaram arrogantes, ganhando a antipatia dos companheiros que se dedicavam com seriedade e sinceridade na fé, e por fim, abandonaram a fé e deixaram a organização.

É algo realmente lastimável. Nós não nos empenhamos no estudo do budismo para nos tornarmos catedráticos ou profissionais do budismo. Gostaria de reconfirmar com todos que estudamos o budismo para aprofundar a nossa própria fé, para atingir o estado de buda nesta existência e também para promover o kosen-rufu.

O estudo do budismo Soka é o estudo do budismo de ação, e é o estudo aprofundado do princípio da vida que cria a felicidade tanto para si como para os demais.

Parte 52

No Havaí, Shin’ichi Yamamoto visitou o USS Arizona Memorial de Pearl Harbor, local que se tornou o palco do início da Guerra do Pacífico, e além de depositar uma coroa de flores, ofereceu profunda oração pela paz. Ele também participou do 1o Grande Festival da Amizade Japão-Estados Unidos, que foi realizado de modo resplandecente no espaço público de concertos ao ar livre Waikiki Shell, com a presença de representantes de quinze países e territórios.

Ele ainda coordenou a reunião de estudo do Gosho para os líderes vindos das várias regiões do Havaí, e por meio da leitura de Abertura dos Olhos, frisou a respeito da nobre missão dos companheiros que vivem pelo kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei:

— A parede do confronto leste-oeste divide o mundo, aprofundando o caos. Vamos nós, como discípulos de Nichiren Daishonin, objetivando a salvação de toda a humanidade, propagar a suprema grande Lei do Nam-myoho-renge-kyo! E agora, neste momento, vamos, uma vez mais, irradiar a luz do despertar na profundeza da vida das pessoas e fazer soar o sino que anuncia o amanhecer da paz e da felicidade. Não haverá paz no mundo sem que se rompam as trevas do coração das pessoas. Embora se fale em dignidade da vida, isso se inicia a partir da manifestação do estado de buda do próprio coração e do resplandecer de cada pessoa. Nossa missão social é proporcionar o “renascimento” das pessoas por intermédio do budismo, unir o coração de pessoa a pessoa por meio da cultura, e construir a eterna ponte da paz da humanidade.

Shin’ichi, que concluiu sua participação dos eventos comemorativos no Havaí ao longo de oito dias, partiu de avião rumo a Los Angeles antes das 14 horas do dia 20 de janeiro.

Ele participou da reunião de gongyo para a paz no Centro Cultural do Mundo na cidade de Santa Mônica; da Conferência de Editores-Chefes do Mundo, que reuniu os responsáveis pelas publicações dos respectivos países e territórios; e do Grande Festival da Amizade Japão-Estados Unidos, realizado no Shrine Auditorium em comemoração dos duzentos anos da municipalização de Los Angeles.

Nesse grande festival cultural que reuniu 15 mil pessoas, foram exibidas diversas apresentações, como a conjunta dos membros do Japão e dos Estados Unidos, que ansiavam a paz do mundo e de um musical que louvou o espírito dos desbravadores, recebendo grande ovação. Uma renomada atriz, que assistiu ao festival cultural como convidada, disse com o rosto corado:

— Sinto como se tivesse visto algo como o brilho do ardente espírito humano. Ao ter contato com os ideais e o espírito desta organização, fiquei emocionada com a sua grandiosidade.

A cultura proporciona a ressonância dos corações e une os seres humanos.

O personagem do presidente Ikeda, Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudonimo como autor, Ho Goku.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2019.
  2. Idem, v. I, p. 405, 2014.

Ilustração: Kenichiro Uchida