ROTANEWS176 E POR BYTE 09/03/20232 16h15 Por Ingrid Oliveira
Acidente em reator de usina da antiga União Soviética liberou elementos tóxicos e matou mais de 30 pessoas e animais em 1986.
Reprodução/Foto-RN176 Reator de Chernobyl coberto por um “sarcófago” de concreto e ferro (Imagem: Reprodução/antonpetrus/envato) Foto: Canaltech
Na usina nuclear de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, uma falha em um reator causou o desastre nuclear mais catastrófico e famoso da história da humanidade. Muitas coisas mudaram desde então. E entre elas está também o DNA dos cachorros que povoam a região radioativa, de acordo com um novo estudo dos EUA.
Em um artigo publicado na revista Science Advances, pesquisadores estudaram os genomas de 302 cães, que são em grande parte descendentes de animais de estimação que os moradores deixaram para trás quando fugiram durante o desastre.
Por gerações, os animais viveram na própria usina, dormiram em prédios abandonados e imploraram por restos de equipes de limpeza e turistas.
O estudo do cão de Chernobyl
A pesquisa, conduzida por cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA em Bethesda, Maryland, foi baseada em amostras de sangue de animais que atualmente povoam a área.
Realizada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, dos EUA, analisou o DNA de três populações de cães de vida livre (de rua) que vivem dentro da mesma usina nuclear e nas áreas vizinhas, em uma região com raio de 30 km que só pode ser acessada por técnicos, cientistas e, precisamente, animais.
Amostras de sangue dos cães, obtidas a partir de 2017, foram coletadas em uma área a 15 km de distância da usina e em outra área fora da zona de alienação, a 45 km de distância, perto da cidade de Slavutych.
Cientistas descobriram que os cães da usina eram geneticamente diferentes daqueles que viviam a quilômetros de distância do local. Apesar disso, a equipe de pesquisa ainda não têm evidências de que a radiação tenha causado as diferenças genéticas entre os cães nessas diferentes áreas.
Alguns locais da usina têm de dez a 400 vezes os níveis de césio-137 radioativo da cidade de Chernobyl, de acordo com o estudo. David Brenner, físico de radiação da Universidade de Columbia que não contribuiu para a pesquisa, disse em entrevista à Nature News que não será fácil para os cientistas descobrir quais diferenças genéticas podem ser causadas por essa exposição em relação a outros fatores.
Apesar disso, estudiosos dizem que a pesquisa é o início de um esforço para entender melhor como a exposição prolongada a baixos níveis de radiação pode afetar a genética dos animais – e como eles podem sobreviver em condições tão severas.