ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 10/03/2023 14:28 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Levantando Voo”, volume 30.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria
Parte 57
Essa visita de Shin’ichi Yamamoto à União Soviética ocorreu a convite do Ministério da Educação Especializada do Ensino Fundamental e Médio da União Soviética e da Universidade de Moscou. Ele estava decidido a promover intercâmbios educacionais e culturais entre Japão e União Soviética, e a partir disso, abrir um novo caminho da amizade.
A missão incluiu grupos como a Fuji Kotekitai e o Coral Ginrei da Universidade Soka, tornando-se uma grande delegação composta por um total aproximado de 250 pessoas. E todos se empenharam para promover amplo intercâmbio com os estudantes da Universidade de Moscou e com os cidadãos soviéticos.
Durante os oito dias de sua estada na União Soviética, Shin’ichi visitou o Teatro Estatal de Música de Moscou, conhecido como “Teatro de Ópera para as Crianças”, estabelecendo laços de amizade com a fundadora, Natalya Ilyinichna Sats, e seguiu realizando vários diálogos com personalidades soviéticas a respeito da paz e de intercâmbios culturais.
Ele trocou diversas opiniões com personalidades locais, como o ministro da Cultura, P. N. Demichev; o ministro da Educação Especializada do Ensino Fundamental e Médio da União Soviética, V. P. Elyutin; o presidente da União das Sociedades Soviéticas para a Amizade e Relações Culturais com Povos de Países Estrangeiros, Z. M. Kruglova; o presidente da Sociedade Japão-URSS e ministro da Marinha Mercante, T. B. Guzhenko; o reitor da Universidade de Moscou, Anatoly Logunov; e o presidente do Soviete Supremo da União Soviética, A. P. Shitikov.
Nesse meio, visitou a Muralha do Kremlin, onde estão depositados os restos mortais do primeiro-ministro Aleksey Kosygin, e também foi até o Túmulo do Soldado Desconhecido e ofereceu uma coroa de flores. A visita ao túmulo de Kosygin era um dos importantes objetivos dessa viagem.
Kosygin havia falecido em dezembro do ano anterior. Shin’ichi tinha se encontrado duas vezes com o ex-primeiro-ministro no Kremlin. No diálogo realizado em setembro de 1974, durante o agravamento do conflito sino-soviético, Shin’ichi lhe perguntou diretamente: “A União Soviética atacará a China?”.
No mesmo instante, Kosygin respondeu claramente: “A União Soviética não tem intenção de atacar a China”. Shin’ichi obteve permissão dele para transmitir essas palavras à cúpula chinesa, o que o fez em sua segunda visita à China realizada em dezembro do mesmo ano.
“Quero evitar de qualquer maneira que a China e a União Soviética partam para a guerra” — Shin’ichi fez tudo o que estava ao seu alcance nesse sentido.
O grande caminho da paz é aberto a partir do primeiro passo, sério e firme.
Parte 58
No dia 12 de maio, Shin’ichi Yamamoto participou da cerimônia de abertura da Exposição de Bonecas Japonesas, realizada pela Soka Gakkai em conjunto com o Ministério da Cultura da União Soviética e o Museu da Arte Étnica Oriental de Moscou. E na tarde deste dia, visitou a Biblioteca Estatal de Literatura Estrangeira, onde a filha do ex-primeiro-ministro Aleksey Kosygin, Lydmila Gvishiani, trabalhava como diretora, e conversou com ela.
Lydmila trajava um suéter bege e casaco azul, e seu semblante com sorriso gentil e intelectivo tinha olhos límpidos que lembravam os traços de Kosygin.
Quando Shin’ichi lhe comunicou que visitou o túmulo do seu pai e lhe expressou suas condolências, ela lhe respondeu com a voz embargada:
— Sinto o terno calor humano com sua vinda e meu coração está repleto de emoção.
Então, começou a falar em tom nostálgico sobre o dia em que Kosygin se encontrou pela primeira vez com Shin’ichi:
— Nesse dia é o seu falecimento.
— O calor das mãos do meu pai está neles. Eu lhe ofereço no lugar do meu pai.
Shin’ichi manifestou sua gratidão dizendo:
— Esses oferecimentos contêm o significado de amizade extremamente profunda e eterna. Transmitirei esse sentimento ao povo do Japão. Estarei orando pela felicidade de todos de sua família.
Uma firme e caudalosa correnteza da paz se cria quando a amizade é mantida de pais para filhos superando as gerações.
Na despedida, a imagem dela acenando até perdê-los de vista ficou profundamente gravada no coração de Shin’ichi Yamamoto.
Parte 59
Na manhã do dia 13, Shin’ichi e Mineko visitaram o cemitério de Novodevichy, localizado na cidade de Moscou. Após orarem em memória do ex-reitor Rem V. Khokhlov, eles foram até a residência da família.
Shin’ichi e Mineko dialogaram com a viúva Elena, o primogênito Aleksey e o segundo filho Dmitry, relembrando o falecido reitor.
O filho mais velho era físico da Universidade de Moscou, e o segundo também estudava física no curso de pós-graduação da instituição.
A família ficou muito feliz com a visita de Shin’ichi e de Mineko, e representando-a, o primogênito expressou seu sentimento de gratidão:
— Muito obrigado por ter vindo especialmente nos visitar em respeito ao meu pai. A visita do senhor à União Soviética foi abençoada também pelo clima, e parece que até os céus o felicitam. Agora, o longo inverno de Moscou está partindo, e o verde, brotando. Estamos recebendo o momento de a natureza restaurar a exuberância da vida.
Shin’ichi disse prontamente:
— Sua família também entrou numa época semelhante. Superaram o inverno de tristeza e estão recebendo o momento do irromper da esperança e do revivescer. Deve ser desejo do falecido reitor que sua família fique bem. Em particular, gostaria de pedir aos filhos que estudem incansavelmente e se tornem grandes cientistas que superem seu pai, contribuam para a sociedade e sejam felizes.
Meneando afirmativamente a cabeça, Aleksey disse:
— Meu pai sempre falava sobre o senhor. Fico muito feliz em poder encontrá-lo pessoalmente.
— Vamos nos encontrar outras vezes daqui em diante e relembrar seu pai. Venha um dia ao Japão e visite também a Universidade Soka.
A viúva falou com um ar de profunda reflexão:
— O senhor me transmite uma sensação próxima, como se sempre tivéssemos estado juntos.
Os corações se sintonizaram, e a conversa foi animada.
Da família Khokhlov, ele foi presenteado com uma coleção de artigos que incluía manuscritos inéditos e uma foto do falecido reitor tirada nas montanhas. A viúva comentou sorrindo: “Ele adorava escalar montanhas”.
A amizade com essa família prosseguiu por muito tempo. Assim como as plantas estendem profundamente suas raízes sob o solo para que possam crescer de maneira exuberante, os verdejantes campos da paz se expandem quando profundos elos de amizade são cultivados firmemente no grande solo do povo.
Parte 60
À tarde, Shin’ichi Yamamoto visitou a Universidade de Moscou, onde dialogou com o reitor Anatoli A. Logunov. Ele era membro ativo da Academia de Ciências da Rússia, e também um renomado físico teórico.
Na verdade, em abril desse ano, o reitor Logunov havia visitado o Japão e, quando se encontraram, ele havia solicitado a Shin’ichi que realizassem um diálogo a respeito da importância do intercâmbio educacional em prol da amizade entre o Japão e a União Soviética e pela paz da humanidade.
Shin’ichi Yamamoto concordou em realizar o diálogo para deixar registrado para o futuro os pensamentos e a filosofia de paz, e foi para esse encontro com o reitor munido de ampla gama de perguntas que elaborou até partir para essa viagem à União Soviética.
Ao lhe falar dos temas principais que formariam a estrutura do diálogo, como “problemas da ciência moderna”, “religião e literatura”, “guerra, paz e os povos” e “questões para o intercâmbio da cultura”, o reitor concordou plenamente.
Antes desse diálogo, foi concedido ao reitor Anatoli A. Logunov o título de professor honorário da Universidade Soka. Nessa ocasião, o reitor mencionou a respeito da missão das universidades de proteger a paz da humanidade, e se pronunciou da seguinte maneira em relação à questão das armas nucleares:
— Se as armas nucleares forem utilizadas agora, a humanidade acabará sendo totalmente extinta. Portanto, devem abandonar a ideia de que a paz pode ser protegida pela força e não pela sabedoria. Se não agirmos assim, estaremos aceitando a guerra nuclear.
O diálogo foi conduzido por intermédio da tradução do professor-chefe do Instituto de Países Asiáticos e Africanos, L. A. Strijak.
“Deve-se evitar sem falta a guerra nuclear; e o caminho para que a humanidade continue a existir só será possível com a edificação da paz por meio do intercâmbio cultural” — essa era a forte convicção de ambos, e a troca de opiniões prosseguiu em perfeita sintonia e ressonância.
O diálogo entre os dois chegou a ser realizado por treze vezes e, nesse meio, foi publicado o livro intitulado Daisan no Niji no Hashi [A Terceira Ponte de Arco-Íris] em junho de 1987. Na sequência, lançou-se o livro Kagaku to Shuukyo [Ciência e Religião], em maio de 1994.
A paz do mundo se inicia a partir da união entre os corações. Ao retornar ao ponto primordial denominado “paz” e “ser humano”, podem-se superar as barreiras da estrutura social e da ideologia, e as pessoas conseguirão se entender, ter empatia umas com as outras e unir o coração de todas — era isso que Shin’ichi queria provar para o mundo.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.