Típicas do estado, abelhas sem ferrão viram novo atrativo

No Jardim Botânico, visitantes podem apreciar e tirar fotos de 21 colméias de espécies que produzem mel mais doce

ROTANEWS176 E O DIA 28/05/2016 23:21:36

Rio – As belas paisagens naturais do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, estão, literalmente, mais doces. Desde o último dia 13, os visitantes podem apreciar e tirar fotos de 21 colméias de abelhas sem ferrão, das espécies Jataí, Mandaçaia, Mirim, Iraí e Guaraipo. Todas elas “nascidas e criadas” no Estado do Rio. A última pesquisa relacionada ao assunto, feita pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, apontou que o estado é o mais rico em quantidade e número de espécies de abelhas sem ferrão, típicas da Mata Atlântica. Das 20 qualidades de abelhas nativas, 17 são sem ferrão.

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Reprodução/Foto-RN176 Estudo mostra que Rio é o estado que concentra maioria da espécie

“Esse levantamento foi realizado na Mata Atlântica, entre os estados da Paraíba e Santa Catarina. Agora, no Jardim Botânico, essas raridades podem ser contempladas no Orquidário”, ressalta Maria Lúcia Teixeira Moscatelli, responsável pelo Laboratório de Fitossanidade do local. O Projeto Meliponário teve início em 2010 e é uma parte do trabalho de identificação de 13 espécies já encontradas ali.

As abelhas sem ferrão, chamadas assim por possuírem o ferrão atrofiado, são essenciais para a sobrevivência de uma grande parcela das plantas nativas, que incluem desde espécies de porte rasteiro até árvores gigantes.

No país há mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, mas estima-se que aproximadamente 100 delas estão seriamente ameaçadas de extinção. Além dos predadores naturais e fatores climáticos, a ação do próprio homem as colocam em risco. “A destruição dos ninhos para retirar o mel, de sabor e doçura inigualáveis, por exemplo, é uma ameaça constante”, diz Maria Lúcia. Segundo ela, cada colmeia do Jardim Botânico pode ter entre mil e cinco mil abelhas.

Os tipos de mel produzidos de abelhas sem ferrão, quando comparados ao produzido pela abelha comum ou africanizada, têm umidade mais elevada, o que os torna menos densos. Por isso são mais valorizados, por serem mais ácidos e geralmente considerados medicinais, ricos em propriedades bactericidas, energéticas e antioxidantes, com sabores e aromas diferenciados.

Importantes para a floresta

De acordo com a pesquisadora, as abelhas são os principais agentes de transporte de pólen e fecundação de 40% a 90% das árvores nas florestas brasileiras. “Daí a importância destas espécies para a natureza em geral, já que fazem nascer novas árvores, um bem inestimável para o ar, e, consequentemente, frutas”, observa Maria Lúcia.

Segundo ela, muitas espécies de abelhas mais sensíveis e dependentes dos seus ambientes naturais estão ameaçadas ou sofrendo restrição em sua distribuição geográfica. “Além da redução dos ecossistemas e da exploração predatória, a poluição do ar e da água, o uso indiscriminado de agrotóxicos, a introdução de espécies exóticas e a perda de fontes alimentares contribuem para o decréscimo no número dessas abelhas”, explica.

O site www.jbrj.gov.br informa horários de visitas e outros detalhes.