Tabagismo pode causar e agravar dores crônicas; entenda

ROTANEWS176 E POR SAÚDE EM DIA 16/04/2023 13:46                                                                                          Por Milena Vogado

O tabagismo está associado a doenças que têm como principal sintoma a dor crônica. Fumar também pode intensificar desconforto prévio.

 

Reprodução/Foto-RN176 Tabagismo pode causar e agravar dores crônicas; entenda – Foto: Shutterstock

Não é novidade que fumar faz mal à saúde. Doenças do coração e diversos tipos de câncer — como pulmão, pâncreas, bexiga e até leucemia — estão associados ao tabagismo. Além desses, o verso dos maços do cigarro alertam ainda outros problemas decorrentes do vício, como impotência sexual, envelhecimento precoce e aborto espontâneo, por exemplo.

No entanto, há ainda outros problemas associados ao tabagismo que têm uma relação desconhecida. É o caso da dor crônica, aponta a médica intervencionista em dor, Dra. Amelie Falconi.

“Pesquisas científicas já revelaram que o tabagismo é um dos fatores que está relacionado ao desenvolvimento de diversos tipos de neuropatia, doença que atinge o funcionamento dos nervos periféricos e pode afetar tanto a sensibilidade quanto a motricidade e não raramente ocasiona dor crônica”, afirma.

Tabagismo e neuropatias

Segundo os estudos científicos, entre as neuropatias mais comuns relacionadas ao tabagismo estão:

  • Síndrome do túnel do carpo— nervo comprimido no punho que causa dormência e formigamento na mão e no braço;
  • Síndrome do túnel cubital — compressão do nervo cubital no cotovelo, que acarreta dormência ou formigamento nos dedos anelar e mínimo, dor no antebraço e fraqueza na mão;
  • Neuropatia diabética — complicação do diabetes, que pode ocasionar dor, falta de sensibilidade, formigamentos e falta de força nas mãos e nos pés.

Além disso, os trabalhos científicos apontam ainda para a ligação entre o tabagismo e dores nas costas, bem como dores decorrentes de hérnias de disco — a famosa “dor no ciático” — acrescenta a médica.

“Os estudos confirmam que o tabagismo diminui a circulação sanguínea nos platôs do disco intervertebral. Isso causa má nutrição do disco e pode induzir a sua degeneração, que por sua vez, pode acarretar dor nas costas e a formação da hérnia de disco”, explica a especialista.

Fumar também piora a intensidade do desconforto

As pesquisas constatam também que pode haver uma relação entre o tabagismo e a intensidade da dor dos pacientes que sofrem das neuropatias. “Pessoas que fumam relataram maiores níveis de dor crônica em comparação com pacientes não fumantes”, afirma a intervencionista em dor.

Por isso, fumantes que sofrem com dor crônica costumam consumir mais analgésicos do que aqueles que não têm o hábito de fumar.

Para a Dra. Amelie, as informações coletadas pelos levantamentos científicos corroboram duas mensagens que ela busca transmitir diariamente a seus pacientes. A primeira é a de que o estilo de vida interfere na dor.

Abandonar o tabagismo é apenas um começo

De acordo com a médica, não apenas o hábito de fumar pode piorar a intensidade desta doença invisível, mas também, uma alimentação pobre em nutrientes e baseada em industrializados, uma higiene do sono ruim, e a não prática de exercícios físicos pioram o problema.

A segunda mensagem, consequência da primeira, é de que o tratamento da dor crônica não se resume à ingestão de medicamentos. Conforme Amelie, é preciso atuar de forma integrada, para mitigar esta doença invisível, buscando intervir nos fatores de risco.

Além disso, a médica lembra que outros dois pontos que estão intrinsecamente ligados à dor crônica: o sono e a saúde mental. “Tratar da dor é tratar de tudo”, afirma.

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