A força das mulheres para criar um mundo de paz

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  26/05/2023 15:00                                                                      ESPECIAL DA REDAÇÃO DO JBS

Comemorando 72 anos de fundação, as integrantes da Divisão Feminina fazem florescer a esperança e a felicidade na família, na comunidade e na sociedade.

 

Reprodução/Foto-RN176 Integrantes da Divisão Feminina da BSGI em atividade realizada no Rio de Janeiro (abr. 2019)

A sociedade japonesa tentava se recuperar dos efeitos da Segunda Guerra Mundial. O povo sofria com a miséria, as dificuldades e a incerteza. Fazia apenas seis anos que o conflito havia terminado e que Josei Toda tinha deixado a prisão, onde cumprira pena injustamente por defender a legitimidade do Budismo de Nichiren Daishonin. Ele se dedicava incansavelmente a reconstruir a Soka Gakkai e se tornara o segundo presidente da organização no dia 3 de maio de 1951.

Pouco mais de um mês depois, 52 mulheres integrantes da organização se reuniam em um restaurante francês no bairro de Shinjuku, em Tóquio, Japão. Era dia 10 de junho de 1951 e, naquele encontro idealizado pelo presidente Josei Toda, foi anunciada a fundação da primeira divisão da Soka Gakkai: Divisão Feminina (DF).

Entre as participantes, quase todas entravam em um restaurante francês pela primeira vez, nem sequer sabiam usar os talheres. Aquele ambiente cheio de luzes e de cristais era totalmente distante da realidade delas. Sentiam receio e vergonha de seu comportamento simples. Mas, para Toda sensei, elas eram as pessoas mais nobres e dignas, verdadeiras guerreiras de espírito, corajosas e obstinadas, as mais importantes e imprescindíveis para a grande batalha rumo à concretização das 750 mil novas famílias, juramento que ele havia feito em sua posse presidencial. Apesar da aparência delicada das senhoras, ele as via como uma força extraordinária e benevolente, intrínseca às mães, e com um coração sublime que ama e deseja sobretudo a paz. Elas sofriam com as perdas, a insegurança e a dor alheia. O Budismo Nichiren assegura que as pessoas que mais sofrem são as que mais merecem ser felizes.

No romance Revolução Humana, o autor, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, narra:

Elas realizavam shakubuku querendo superar a dor de ver o rosto de desespero dos maridos. Quando viam que o pote de arroz estava vazio, elas ficavam ainda mais obce­cadas para realizar shakubuku. Carregando seus bebês, ou puxando suas crianças pequenas pelas mãos, recitavam daimoku e visitavam amigos e conhecidos. Não era para pedir ajuda, mas para realizar shakubuku segurando suas barrigas vazias.1

Josei Toda entendia que, por essas singelas e devotadas mulheres e mães, que abraçaram a Lei Mística acreditando na transformação de seu destino e felicidade da família, era preciso transmitir-lhes esperança. Ele se sentia feliz pela atividade daquela noite. As flores de lírio-branco sobre a mesa estavam vívidas. Mas as pessoas pareciam não notá-las. Desviando os olhos para os arranjos, ele se expressou com um sorriso: “Pelo bem da Divisão Feminina, e pelo bem da vida de todas, quero felicitá-las do fundo do coração. Comemorando esta noite, quero oferecer um poema para a Divisão Feminina. É o seguinte”:

São flores de lírios,

brancas e perfumadas

que aqui se reuniram;

são corações sublimes

num elo de amizade.2

Esse elo jamais se rompeu e ampliou-se cada vez mais. As integrantes da Divisão Feminina lutaram lado a lado com o mestre e os companheiros com todas as forças para, efetivamente, contribuir para a edificação de uma Soka Gakkai forte capaz de transformar a sociedade japonesa em um ambiente de paz, justiça e igualdade.

O presidente Ikeda declarou que a história da Soka Gakkai é a própria história de luta da DF. Com o ímpeto de mudar o destino e ver a família feliz, as componentes da divisão criaram a base da organização, fazendo das adversidades maior oportunidade. O presidente Josei Toda dizia:

Quando a vida neste mundo conturbado está difícil, somos obrigados a nos perguntar por que nascemos. É devido ao nosso carma de existências passadas que nascemos neste mundo com a missão de realizar o kosen-rufu em resposta ao decreto de Daishonin. Tudo se resume em saber se estamos conscientes disso ou não.3

Com a consciência da missão, as integrantes da DF vieram impulsionando o kosen-rufu, empenhando-se no shakubuku, na promoção do diálogo, no incentivo à leitura dos periódicos da organização e no desenvolvimento dos sucessores, sempre embasadas na recitação do daimoku. E assim, as mães do kosen-rufu vêm sendo o radiante sol que ilumina e une a grande família Soka em perfeita harmonia e em sintonia com o coração do Mestre.

A Divisão Feminina da Soka Gakkai floresceu e se desenvolveu amplamente, tornando-se a maior rede solidária feminina do mundo. No Japão, uniu-se à Divisão Feminina de Jovens (DFJ) para formar a atual Divisão das Mulheres.

Ikeda sensei afirma:

Mesmo que a chuva caia e o vento sopre, o sol sempre se levanta. (…) As mulheres Soka, os sóis do kosen-rufu, nunca deixam de progredir. Nossas extraordinárias integrantes da Divisão Feminina difundem a Lei Mística com paciência e sabedoria, inabalável coragem e compaixão que abarcam a todos, espalhando a luz da felicidade e da paz para as pessoas à sua volta. Enquanto desafiam os próprios obstáculos, as mães do kosen-rufu recitam Nam-myoho-renge-kyo para seus amigos que também estão lutando e os apoiam de coração para que superem seus problemas. Por existirem os membros da Divisão Feminina, a família Soka é brilhante e acolhedora.4

Hoje, passados 72 anos desde a fundação da Divisão Feminina, são milhões de companheiras em diversos países dedicando-se ao movimento pelo kosen-rufu, uma verdadeira força motriz a impulsionar a construção de um mundo de paz e felicidade.

No topo: integrantes da Divisão Feminina da BSGI em atividade realizada no Rio de Janeiro (abr. 2019)
Fonte:

Brasil Seikyo, ed. 2.374, 3 jun. 2017, p. A5.

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Incontida Alegria. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 80, 2023.
  2. Ibidem, p. 90.
  3. Terceira Civilização, ed. 581, jan. 2017, p. 66.
  4. Idem, ed. 597, maio 2018, p. 4.

Foto: BS