A importância do diálogo e dos bons exemplos

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 09/06/2023 10:20                                                                  GRUPO CORAÇÃO DO LEÃO DA BSGI 

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Foto: GETTY IMAGEM

Estamos vivendo um momento único, celebrando os trinta anos da última visita de Ikeda sensei ao Brasil. Muitos de nós tivemos a oportunidade de recebê-lo em 1993. Agora, junto com nossos filhos e até netos, renovamos nosso compromisso de impulsionar o kosen-rufu do nosso país. A alegria de pertencer à BSGI é indescritível, pois recebemos os direcionamentos do Mestre e fortalecemos os laços familiares para transformar nossa sociedade.

Nichiren Daishonin afirma:

Assim como a artemísia que cresce entre o cânhamo, ou uma cobra no interior de um tubo [naturalmente se endireitarão], aqueles que se associarem às pessoas de bom caráter também cultivarão sentimentos, comportamentos e palavras corretas.1

Recentemente, foi lançado o livro Famílias Felizes, Crianças Felizes, de autoria do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda. Em um dos trechos, ele menciona:

Os pais devem discernir com sabedoria, desde cedo, as tendências dos filhos. Ao fazer isso, eles poderão encarar com serenidade qualquer fase de rebeldia. Os pais podem pressentir que algo está errado apenas observando sinais sutis no comportamento ou no tom de voz dos filhos.2

Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, certa vez orientou um senhor cujo filho estava com problemas e se recusava a voltar para casa:

Com base na perspectiva budista, a questão fundamental reside no carma dos pais que sofrem com o filho. É importante que o senhor respeite seu filho e determi­ne que ele se tornará uma pessoa admirável e que, por meio da transformação em sua vida, ele o conduzirá ao estado de buda.3

São diversas as questões que podem causar sofrimento aos jovens, como ansiedade e depressão, constantes discussões familiares, divórcio dos pais, mudança de escola, pressão nos estudos, problemas de amizade, perda de entes queridos ou de animais de estimação, alcoolismo ou dependência de drogas na família. Se os pais perderem a paciência, a criança poderá se sentir abandonada. Devemos nos esforçar para compreender as razões por trás da rebeldia dos nossos filhos e agir de acordo. No livro Famílias Felizes, Crianças Felizes, encontramos outro trecho que diz:

Existem muitos pais maravilhosos com experiências simples que criam filhos felizes. Por outro lado, há pais que detêm largo histórico acadêmico ou que se gabam de seu currículo, mas acabam arruinando a vida dos filhos.4

Um problema comum é o hábito de elogiar os estudantes apenas por suas boas notas, associando isso a ser bons filhos. Muitos pais se preocupam mais com as notas do que com o bem-estar dos filhos. Certamente desejam o melhor para eles, mas não devem permitir que essa obsessão desvie a atenção do que deve ser prioridade: aprimorar o coração e o espírito dos filhos.

Existem também pais que esperam que seus filhos sigam a profissão que consideram ideal. Eles escolhem os amigos, o casamento e não permitem que seus filhos sejam independentes, mesmo quando já atingiram a fase adulta. Esses pais acreditam que amam seus filhos, porém, tudo o que fazem é projetar seu egoísmo neles.

Devemos sempre avaliar nossos comportamentos. A violência aumenta a cada dia em nossa sociedade. Se os pais permitem ou até reforçam abertamente a agressão, é possível que as crianças se comportem de forma agressiva em casa ou em outros lugares.

Quando as crianças ouvem falas depreciativas em relação às outras pessoas, entendem que existe um padrão e, por isso, aqueles que não se encaixam nele são inferiores. Quando as ofensas são verbalizadas repetidamente, a situação se torna “verdade” naquele contexto, e comportamentos agressivos, identificados como bullying, podem ocorrer. É um comportamento em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão por meio de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e de intimidar.

bullying também pode ocorrer de forma indireta, por meio de fofocas, boatos, intrigas e exclusão de grupos de amizade. As próprias vítimas começam a ver a si mesmas como inferiores. O bullying não deve ser tolerado. Cabe aos adultos orientar as crianças para que possam respeitar o próximo e as diferenças.

Nosso mestre compartilha:

Apesar de minha mãe não dizer nada sobre minhas notas, ela era rigorosa em relação a questões da vida diária. Quando eu era pequeno, ela sempre dizia: “Não cause problemas aos outros” e “nunca diga mentiras”. E quando eu já estava mais crescido, ela me orientou: “Seja o que for que você decida fazer, assuma a responsabilidade e cumpra seus compromissos”.5

Em conclusão, é fundamental abrir espaço para o diálogo, ajudar as crianças a ter sonhos, cultivar o desejo de estudar, aprender, desafiar-se e extrair o máximo de suas habilidades. Devemos ensinar valores espirituais por meio de nossas próprias ações no dia a dia.

Forte abraço!

Matéria elaborada pelo Grupo Coração do Rei Leão da Coordenadoria das Regiões Estaduais Leste (CRE-Leste)

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 396, 2017.
  2. IKEDA, Daisaku. Famílias Felizes, Crianças Felizes. São Paulo. Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 37, 2023.
  3. Ibidem. p. 50.
  4. Ibidem. p. 57.
  5. Ibidem. p. 88.

Foto: GETTY IMAGES