IG E ROTANEWS176 30/05/2017 19:47 Por Romário de Oliveira
Mesmo 129 anos depois da abolição da escravatura, ainda é impossível, no Brasil de hoje, disfarçar as profundas desigualdades econômicas, sociais e raciais; ainda assim, eles foram a luta e venceram!
Lei Áurea de 13 de maio de 1888. Segundo o IBGE 54% da população brasileira é negra, mas, infelizmente, ainda é a “minoria” quando se trata de representatividade.
Essa realidade impõe novos desafios para o negro brasileiro. “Precisamos alinhar o nosso discurso nos posicionando para que o mercado contrate profissionais pela importância e representatividade no segmento que trabalha e não simplesmente porque precisam cumprir uma ‘cota'”, frisa Helder Dias, empresário que, com muita persistência e coragem, criou a HDA Models, uma agência com cast formado 100% por modelos negros.
Reprodução/Foto-RN176 Helder Dias faz a diferença no mundo da moda revelando a beleza negra
“Discutir a questão racial é importante”, frisa a médica gaúcha Katleen Conceição. Na agenda da dermatologista (a única brasileira especializada em tratamentos para a pele negra no Brasil) constam nomes como Lázaro Ramos, Taís Araújo, Cris Vianna, Thiaguinho, entre outros.
A paixão pela medicina foi herdada do pai, que também é dermatologista. “Antes do reconhecimento profissional, fui discriminada em várias ocasiões e sofri com a falta de pacientes”, recorda a profissional que fez cursos em Harvard/EUA e Europa. “Não é fácil ser uma negra bem- sucedida. Todos os dias é uma luta”, ela lamenta.
Reprodução/Foto-RN176 Dra. Katleen Conceição tornou-se a dermatologista número 1 quando se trata de pele negra
Sandra Dias (CEO da LPM Global Relativos assessoria executiva especializada em Executive Coaching For C-Level) acredita que mesmo que já tenhamos profissionais negros ocupando cargos de destaque no Brasil e no mundo, essa proporção ainda é baixa, algo como dez por um.
Reprodução/Foto-RN176 “Vivemos um racismo ‘velado’”. Sandra Dias. CEO da LPM Global Relativos assessoria executiva
“Herança de repressão e preconceitos ainda latentes nos dias de hoje em todas as camadas sociais”, analisa a expert profissional. “Ainda vivemos um racismo ‘velado’ e o único caminho para que esse cenário seja revertido é a igualdade, algo que parece fugir da realidade da maioria dos negros brasileiros desde a abolição da escravatura”.
A baiana Andréa Nascimento sabe bem do que a executiva está falando…
Reprodução/Foto-RN176 A Chef Andréa Nascimento brilha no ranking dos maiores nomes da gastronomia do Brasil
Ela está no ranking dos maiores nomes da gastronomia do Brasil, atuando há 22 anos na área de food service: é Chef Executiva do Grupo Solar, restaurantes que se destacam pela magnificência e requinte em pontos nobres de Salvador – administra três casas ao lado de sua companheira Maíra D´Oliveira. “Faço o que gosto. Quem come da minha comida, come do que trago de mais sincero em mim: a paixão pelas panelas e pelos ingredientes”, emociona-se.
Com muita luta e resistência, o negro brasileiro está mais confiante na sua representatividade na construção de um Brasil melhor. Brincadeiras à parte… Joyce, Lúcia e Cristina, as irmãs Venancio, hoje empresárias de sucesso, na infância, não se reconheciam no brinquedo que povoa os sonhos da maioria das meninas: a boneca.
Reprodução/Foto-RN176 As irmãs Venancio, na infância, não se reconheciam no brinquedo que povoa os sonhos das meninas: a boneca
A educação que receberam da família fez com que elas não se sentissem excluídas, por isso estudaram e foram à luta. Surgiu, então, a marca ‘Preta Pretinha’. A loja, no bairro de Vila Madalena, em São Paulo, já virou referência quando se trata de bonecas negras.
Dentro da ótica da inclusão social, pouco representada nos brinquedos, as irmãs Venancio passaram a investir também na produção de bonecas orientais, portadoras de deficiência física e com Síndrome de Down. Hoje, a “brincadeira” virou uma luta pelo respeito, pela a inclusão e a diversidade.
“Brincadeira tem hora… Aprendi com meus pais, ainda na adolescência, que homem sem trabalho não vale nada”, frisa o hoje respeitado empreendedor e empresário Carlos Santos, que deu início à sua brilhante carreira após o conselho que ouviu e agora passa para os filhos.
Reprodução/Foto-RN176 Carlos Santos, Presidente do PTB Afro, luta por um Brasil melhor: “Juntos somos mais fortes!”
Focado no trabalho, Carlos atingiu os seus objetivos e estabilidade financeira. Trabalhou em treze metalúrgicas no Brasil e seis nos Estados Unidos. Atualmente, administra com maestria uma empresa de seguros, empreende no ramo da construção civil, no mercado financeiro, na indústria mecânica, no mercado alimentício e ainda está à frente do PTB Afro, núcleo político onde se inspira na trajetória de grandes líderes mundiais, na luta por igualdade de direitos e oportunidades.
Quem também não perdeu tempo foi a filantropa mineira de Belo Horizonte, Ester Sanches-Naek. Durante três anos ela trabalhou como empregada doméstica no exterior, hoje é a brasileira afro-descendente de maior expressão nos Estados Unidos. Sexta filha de uma família de sete irmãos, Ester teve uma infância humilde na periferia.
Reprodução/Foto-RN176 Ester Sanches-Naek é a brasileira afro-descendente de maior expressão nos Estados Unidos
Aos 21 anos rumou para os Estados Unidos e venceu. “No início limpei casas até ser admitida na Universidade de Connecticut”, revela, orgulhosa. Ester recebeu vários prêmios, entre eles o respeitado Press Awards. Recebeu medalhas de honra e foi a única brasileira convidada para a Posse do Presidente George Bush e uma das escolhidas para fazer parte do livro: Retratos do Brasil de Carlos Borges. “O sonho só é importante se você corre atrás para realizá-lo. Eu venci! Sou um exemplo da superação social e racial”, finaliza.
Disque 100 e denuncie!
O Disque 100 é um serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, em todos os dias da semana. As denúncias recebidas na Ouvidoria dos Direitos Humanos e no Disque 100 são analisadas, tratadas e encaminhadas aos órgãos responsáveis