A melhor fase da vida

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  26/05/2023 15:05                                                                        INCENTIVO DO LÍDER                                                                                                                                              Por Magda Lombardi  

  Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria

Olá, desejo que todos estejam muito bem. Hoje, gostaria de direcionar as palavras neste espaço para as pessoas da melhor idade. É, gente, já cheguei a essa fase da vida. Acabei de tirar o cartão para usufruir o direito de me locomover de ônibus, trem ou metrô gratuitamente. Olha que maravilha!

O presidente Ikeda nos incentiva: “Diz-se que a vida se inicia aos 60 anos. O budismo elucida que podemos viver até 120 anos e, nesse sentido, os 60 anos são o ponto de virada, e podemos dizer que é a partida rumo à fase conclusiva da vida”.1

Quer dizer que estamos na flor da idade. Que coisa boa acordarmos todos os dias e termos a alegria de viver, de praticar o budismo e de compartilhar nossa história com os mais jovens!

No mês de março, tive a oportunidade de participar de uma atividade da minha RM São Bernardo, onde me encontrei com as rainhas que fazem parte do grupo “Tesouros da Esperança”, criado para enaltecer as veteranas da organização. Que mulheres extraordinárias, com suas histórias de vida e de superação!

Não há maior alegria que recitar Nam-myoho-renge-kyo. A recitação do daimoku produz energia vital, revitaliza nosso corpo e nossa mente. O daimoku, as atividades, o estudo, os exercícios físicos, uma boa alimentação, uma boa noite de sono, a ida ao médico regularmente e a realização de exames preventivos — tudo isso são meios para dispormos de uma vida feliz e mais saudável, envelhecermos com qualidade de vida e termos muita disposição, alegria e energia.

“Ter um grande propósito pelo qual não se arrependerá em devotar a vida — isso certamente se transformara em uma força para viver até o fim com espírito jovem”,2 assim nos orienta Ikeda sensei.

Exemplo desse grande propósito é o da minha mãe, Julia, que vai fazer 83 anos. Ela sempre teve como base a recitação de muito mais daimoku, nesses 54 anos de conversão. Ensinou sobre a importância da prática da fé para filhas, genros, netos e bisnetos. E para quem se aproxima dela, onde quer que seja, ela faz shakubuku. Possui muita alegria de viver, dança, faz pilates, caminha e participa ativamente das reuniões. Na época da pandemia, aprendeu a mexer no celular, e hoje navega nas redes sociais.

Ikeda sensei, citando as palavras de Mikhail Sholokhov, escritor russo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, nos incentiva:

Quem não tem determinação de avançar em direção a um objetivo definido não alcança nada. Nós somos todos “ferreiros da felicidade”. Acredito que pessoas de fé, pessoas espiritualmente fortes, conseguem influenciar de modo constante sua maneira de viver mesmo no momento de uma virada do destino.3

Queridos amigos da melhor idade, tesouros da esperança, vamos juntos escrever uma linda história de vida, como diz a Sra. Kaneko Ikeda em sua mensagem: “Tal história, com certeza, aquecerá o coração e iluminará a vida de todos os que virão depois de nós”.4

Compartilho com vocês um trecho do poema de Cora Coralina, poetisa brasileira que escreveu seu primeiro livro aos 75 anos, que diz:

O tempo passa, ninguém detém a passagem do tempo. Agora saiba viver para melhor envelhecer. [o que é viver bem?] Produzir. Não ser uma criatura inerte, parada. Ler. Estar atualizada com os fatos. [quer dizer que não é pra ter medo da velhice?] Não. Não tenha medo. Não tenha medo dos anos e não pense na velhice. Não pense. E nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, eu não digo estou ouvindo pouco — só quando preciso. Eu não digo nunca a palavra estou cansada. Nada disso, nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros também. Então, silêncio! Fique quieta! E não queixe doença também. Nunca diga para um visitante: “Como vai passando? Ah… ando com uma dor agora, não ando muito bem…” Nada disso. Diga: “muito bem, otimamente?” Não me queixo de nada. E quando tiver você uma queixa física, vá ao médico, ele é o único que tem que ouvir, ninguém mais. (…) Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado. Mas não sei se eu sou velha não. Você acha que eu sou velha?5

Um superabraço carinhoso!

Magda Lombardi da Silva

Vice-coordenadora da Divisão Feminina da BSGI

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Arte da Longevidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 18.
  2. Ibidem, p. 20.
  3. Ibidem, p. 33.
  4. Brasil Seikyo, ed. 2.628, 11 fev. 2023, p. 8-9.
  5. BRITTO, Clóvis Carvalho; SEDA, Rita Elisa. Cora Coralina: Raízes de Aninha: Editora Ideias & Letras, 2009. p. 342-343.

Ilustração: GETTY IMAGES