ROTANEWS176 E POR OLHAR DIGITAL 21/06/2021 11h21 Por Marcelo Zurita editado por André Lucena
Há 52 anos, no dia 20 de junho de 1969, o astronauta Neil Armstrong se tornava o primeiro homem a pisar na Lua. Todos conhecem sua célebre frase: “um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”. Mas o que pouca gente sabe é que o Brasil também participou dessa conquista.
Reprodução/Foto-RN176 Neil Armstrong e os primeiros passos na Lua. Créditos: NASA/Apollo 11
Essa história começa um ano antes da primeira viagem tripulada à Lua, quando a Nasa criou o Programa LION (Lunar International Observers Network), que convidava astrônomos de todo o mundo a monitorar a Lua. O objetivo era identificar os chamados Fenômenos Transitórios Lunares ou TLPs, que são fenômenos luminosos que ocorrem na Lua e podem ser percebidos aqui da Terra.
Parte desses fenômenos são provocados por impactos de pequenos meteoroides com a superfície lunar, outros por emanações gasosas do subsolo. Mas existem alguns deles que até hoje não tem explicação definitiva. E para quem pretendia enviar pessoas para a Lua e trazê-las de volta em segurança, era preciso conhecer ao máximo os fenômenos que ocorriam por lá.
Reprodução/Foto-RN176 Impactos de meteoroides com a superfície Lunar podem provocar TLPs visíveis da Terra. Créditos: Nasa
Em janeiro de 1968, a astrônoma Barbara Middlehurst, do Instituto Smithsoniano visitou o Brasil e pediu a Ronaldo Mourão, astrônomo-chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, que formasse uma equipe brasileira para colaborar com o Programa LION.
Prontamente, Mourão convidou cinco astrônomos entre os mais experientes em observação lunar do Brasil: Jean Nicolini, de São Paulo, Rubens de Azevedo, da Paraíba, Nelson Travnik, de Minas Gerais, Cláudio Pamplona do Ceará e José Manoel Luís da Silva, do Paraná. Juntos, eles selecionaram outros 18 astrônomos, entre profissionais e amadores de todo o país para integrar a equipe.
Reprodução/Foto-RN176 Principais astrônomos da equipe brasileira no Programa LION
A missão dessa equipe era monitorar a Lua por horas a fio, e relatar à NASA qualquer fenômeno percebido em sua superfície. Isso exigia muita dedicação e experiência dos astrônomos, principalmente numa época em que não haviam muitos recursos tecnológicos disponíveis. Ao final do programa em 1971, de todos os 13 países participantes, o Brasil, juntamente com os Estados Unidos, alcançaram o maior número de TLPs registrados.
Um deles ocorreu na noite de 19 de junho de 1969, enquanto a Missão Apollo 11 se preparava para pousar na Lua. Da Paraíba, Rubens de Azevedo percebeu um brilho anormal na Cratera Aristarco. O relato do fenômeno foi telegrafado diretamente para a NASA, que repassou a informação para os astronautas da Apollo 11. E diretamente da órbita lunar, Buzz Aldrin confirmou a anomalia observada por Rubens, algumas horas antes daquele pequeno passo que entraria para a história da humanidade.
Reprodução/Foto-RN176 Pegada do primeiro passo humano em solo lunar. Créditos: NASA
Mas a participação brasileira não parou por aí. A água consumida pelos astronautas da Apollo 11 vinha do Brasil, da Fonte São Sebastião de Lindóia, em São Paulo. A água de Lindóia foi escolhida, após rigorosa pesquisa, por suas propriedades radioativas, diuréticas e baixa acidez.
A NASA nunca confirmou essa informação, mas também nunca explicou o destino dos 600 litros de água mineral comprados pela Missão Americana e embarcados no Aeroporto Santos Dumont com destino ao Cabo Kennedy (que posteriormente se tornou Cabo Canaveral), nas vésperas do lançamento que levou o primeiro homem à Lua em 1969.
Reprodução/Foto-RN176 Nota fiscal da Cervejaria Amazonas, distribuidora da água mineral de Lindóia no Rio de Janeiro, que mostra a água comprada para a Missão Americana. Créditos: Águas de Lindóia
O que podemos afirmar com certeza é que, enquanto Neil Armstrong deixava as primeiras pegadas humanas na Lua, alguns brasileiros o assistiam pela TV, orgulhosos de terem participado, de alguma forma, da maior aventura da humanidade.