ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 05/02/2022 07:27
RELATO
Reprodução/Foto-RN176 Eurico Leite Lisboa, Consultor de RE e responsável pelo DEB da RE Sergipe, CRE Leste, CGRE – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Eu me converti ao Budismo de Nichiren Daishonin no Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1982, e atualmente vivo em Aracaju, SE, onde atuo como consultor de RE e responsável pelo Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da RE Sergipe e da Sub. Nordeste 1 (CRE Leste, CGRE).
Em plena pandemia da Covid-19, em 26 de maio de 2020, fui internado no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) com neuropatia diabética no pé direito cuja orientação era a realização de cirurgia. O caso era grave, inclusive com prescrição de amputação do pé. Contudo, minha decisão era de que esse procedimento não seria necessário, mas sim uma recuperação convencional. Já vinha intensificando a recitação do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku) com o objetivo de que tudo transcorreria normalmente, pois a Covid-19 já assolava e, devido a isso, o Huse estava superlotado de pessoas infectadas.
No dia seguinte, fui operado com total sucesso e a ansiedade se dissipou. Era a primeira vez que fazia algum tipo de cirurgia e naquele momento de pandemia, o que me deixou preocupado, pois, a partir daí, uma série de problemas começou. Durante três dias, “vaguei” pelos corredores do hospital sem lugar certo para ficar, diante da superlotação. Devido às normas adotadas pelo hospital, fiquei sozinho todos esses dias, sem contato com ninguém e sem minha família por perto. Estava num local em que alguém, em sã consciência, não gostaria de estar. Pessoas desesperadas pelos corredores, por falta de respiradores e de outros equipamentos. Nesse ambiente eu me mantinha sereno e confiante no meu daimoku, lembrando-me da frase de um dos escritos de Nichiren Daishonin: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1
Reprodução/Foto176 Eurico Leite com a filha Bianca – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Depois de três dias, fui liberado para a enfermaria, saindo dos corredores, já com o apoio do meu filho. Sentia que tudo começava a melhorar. Passaram-se dez dias e os médicos decidiram que eu precisava ser operado novamente, devido a uma necrose, e teria de amputar os demais dedos do pé. Apesar dessas notícias pouco animadoras, continuei firme no daimoku e confiante na minha fé. Houve momentos em que cheguei a recitar daimoku das 22 horas às 5 horas da madrugada, totalmente confiante na recuperação.
Cheguei a passar quase duas horas deitado numa maca no corredor aguardando a segunda cirurgia — oportunidade para recitar muito mais daimoku. O curioso foi que, deitado ali, refleti bastante e percebi o que Nichiren Daishonin queria dizer com o princípio de que “o inferno é a própria Terra da Luz Tranquila”.2 Naquele momento, percebi a centelha do Gohonzon em minha vida palpitando forte e me revelando a essência da “possessão mútua dos dez mundos”.3
Reprodução/Foto176 Na Universidade Federal de Sergipe, por ocasião da aprovação de homenagem ao Dr. Daisaku Ikeda, em 2017 – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Cometeram erros graves na administração do meu prontuário, incluindo marcar a amputação do meu pé sem sequer me comunicar e obter minha autorização. Notei um movimento estranho e, em meio a isso, a enfermeira avisou que eu teria de ir à mesa de operação para a cirurgia. Nesse momento, convicto, manifestei minha força e, chamando a atenção de todos do hospital, exigi a presença do médico que me acompanhou durante o processo. Ao analisar a situação, ele mesmo resolveu tudo.
Também com daimoku, venci outra questão lá mesmo no hospital. Após a segunda cirurgia, informei sobre as fortes dores que sentia no pé. A enfermeira, sem perguntar, aplicou-me uma grande dose de morfina, o que me fez passar muito mal, comprometendo minha vida.
Tudo isso ocorreu muito rapidamente e, a partir daí, mais seguro, superei a terceira cirurgia, uma raspagem final do local, e iniciei a recuperação sem amputar o pé. Foi uma grande vitória da relação de mestre e discípulo, pois minha convicção é inspirada na postura do meu mestre, Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI). Temos o melhor mestre, praticamos o melhor ensinamento e formamos a melhor organização, a BSGI.
Reprodução/Foto176 No Japão, em 1987 – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Hoje, eu me encontro muito bem, com saúde e na reta final da minha recuperação. Também estou feliz porque planejamos as atividades do DEB para 2022, envolvendo os jovens valores da RE Sergipe, com o propósito essencial de desenvolvê-los para que construam o futuro com base no estudo do budismo, cada vez mais fortes e capazes de influenciar os demais jovens da nossa sociedade.
Agradeço a todos da RE Sergipe, aos meus familiares e ao Mestre cujas orientações foram preciosas nesses momentos desafiadores e se transformaram em plena vitória.
Eurico Leite Lisboa, 72 anos. Administrador de empresas. Consultor de RE e responsável pelo DEB da RE Sergipe, CRE Leste, CGRE.
Reprodução/Foto176 No conselho para líderes da CRE Leste – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560.
- Ibidem, p. 477.
- “Possessão mútua dos dez mundos”: Segundo este princípio, cada um dos dez mundos possui o potencial inerente a todos os dez. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de inferno ao estado de buda — a qualquer momento. O ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em qualquer um dos nove mundos, possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns (Brasil Seikyo, ed. 2.400, 31 dez. 2017, p. A10).