Acreditar que tudo é possível

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  10/04/2021 09:21

RELATO

Gercica fez dos desafios para estudar a chance de realizar uma revolução interior

Reprodução/Foto-RN176 Gercica Macêdo, Resp. pela DFJ da RE Pernambuco e resp. pelo Taiga da CRE Leste, CGRE. – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Nasci em Maceió, AL, numa família que já praticava o Budismo de Nichiren Daishonin. Sempre me esforcei para realizar os sonhos e, nesse caminho em busca da minha primavera, passei por alguns invernos rigorosos. Mas, com a prática budista, aprendi que podemos transformar o que é aparentemente impossível em possível.

Avanço destemido

Minha família e eu viemos para Pernambuco em 2001. E em 2013, eu me formei engenheira de produção, depois técnica em segurança do trabalho e engenheira de segurança do trabalho, decidindo seguir carreira nesta última área profissional.

Em 2015, após ser demitida do trabalho, resolvi prestar concursos públicos em diferentes estados do Nordeste. Estudava até dez horas por dia e fiz 26 provas. Passei em várias delas, no entanto, não fui chamada para assumir nenhuma das vagas. Eu que havia concretizado um objetivo de recitação de daimoku, procurei um direcionamento com minha mãe e fui aconselhada a ser mais específica em meus objetivos. Então, reformulei minha meta e renovei o objetivo de daimoku. Dois dias depois de concluí-lo, fui convocada para trabalhar no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), tomando posse em outubro de 2016. Permaneço no instituto até hoje — um trabalho muito especial para mim, pois sou da terceira geração da minha família a trabalhar nesse local, além de já ter estudado lá.

Reprodução/Foto-RN176 Gercica com os familiares -– SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Tempos depois da minha contratação, entrei no mestrado em engenharia civil na Universidade de Pernambuco (UPE). Tal decisão foi fruto do juramento renovado, em 2017, quando fui ao Japão para o Curso de Aprimoramento dos 200 jovens. Vivi momentos inesquecíveis que me fortaleceram para vencer os desafios.

Em 2019, após mais de um ano cursando mestrado, seguia preocupada com os prazos. Apesar de ter finalizado as disciplinas com êxito e ter publicado artigos na área, passei a ter problemas com meu orientador. Chorava e tinha pesadelos quase todas as noites. Tive afastamento parcial no trabalho para estudar, mas, se não concluísse o curso, teria o incentivo financeiro à qualificação cortado e deveria devolver metade do meu salário por dois anos ao instituto.

Ao tentar trocar de orientador, meu pedido foi recusado. A situa­ção ficou ainda mais delicada e quase fui impedida de finalizar o mestrado. Preparei um dossiê com tudo o que já havia realizado e numa reunião com os demais professores foi decidido que eu continuaria o curso, porém, numa área diferente.

Angustiada por essa situação e diversos assuntos pessoais, comecei a fazer terapia e a psicóloga identificou que, se eu não tivesse procurado ajuda, teria entrado em depressão.

Valoroso aprendizado

Com o sonho de me tornar docente na instituição em que trabalho, em junho de 2019, inscrevi-me num concurso com mais de quinhentas pessoas para tentar uma vaga. Duas semanas antes da prova, tirei férias para me dedicar ao mestrado e ao concurso.

Reprodução/Foto-RN176 Defende dissertação do mestrado – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Na organização, eu me esforçava nos preparativos do Encontro Cultural dos Jovens em comemoração do encontro de reitores das instituições federais de ensino superior do Nordeste e a Universidade Soka do Japão, à frente da apresentação do Taiga [grupo de dança da Divisão Feminina de Jovens], com cinquenta meninas, um enorme desafio!

Fizemos as apresentações com total sucesso nos dias 24 e 25 de agosto, e no dia 28, passei pela qualificação do mestrado com êxito. Dois dias depois, viajava para Patos, no sertão da Paraíba, para fazer uma prova referente ao concurso para o corpo docente. Fiquei em quarto lugar e, apesar de ainda não ter sido chamada, eu me considero uma pessoa vitoriosa nessa jornada.

Estava feliz pela qualificação no mestrado, mas agora enfrentava desafios numa linha de pesquisa diferente da minha formação; uma situação que se tornou hostil. E as dificuldades ainda me testaram até o fim do mestrado, em 2020, pois, em janeiro, fiquei doente e com a imunidade baixa; numa mesma semana bati o carro e sofri um acidente no qual desloquei o joelho. Fiquei afastada do emprego, porém tive a chance de me concentrar no trabalho acadêmico e me dediquei a ele, mesmo com muitas dores, durante a recuperação. Defendi a dissertação em junho, no formato on-line, em meio à pandemia, e ainda tive um artigo publicado no mesmo período. Quanta emoção!

Achei que o ano já tinha sido atípico, até que minha mãe, meu irmão e eu fomos infectados pela Covid-19. Eles tiveram sintomas fortes, e os meus foram mais leves. No entanto, vencemos a doen­ça. E também obtive êxito nos estudos. Apesar dos problemas que tive no processo do mestrado, não precisei devolver os valores do meu incentivo à qualificação e ainda recebi um novo incentivo pela finalização do curso.

Reprodução/Foto-RN176 Em atividade do grupo Ikeda Kayo Kai da CRE Leste – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Como profissional, esse título é muito importante, mas algo mais valioso são o aprendizado, o amadurecimento e a revolução humana que realizei nesse tempo. Ikeda sensei cita: “Os períodos em que passamos pelos sofrimentos mais intensos, as amarguras mais insuportáveis e os impasses que parecem insuperáveis são, na verdade, brilhantes oportunidades para realizarmos nossa revolução humana”.1

Gercica Macêdo, 29 anos. Engenheira de segurança do trabalho. Resp. pela DFJ da RE Pernambuco e resp. pelo Taiga da CRE Leste, CGRE.

Nota:

  1. Brasil Seikyo, ed. 1.579, 11 nov. 2000, p. C1.