Aleitamento materno: confira os mitos e verdades sobre a amamentação

ROTANEWS176 E POR DELAS 13/09/2021 05:36

Será que existe mesmo leite fraco? Ou mulheres que não produzem leite? Especialista responde esta e outras dúvidas

Reprodução/Foto-RN176 Bebê mamando – Foto de Jonathan Borba no Pexels

RESUMO

  • A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação como alimento exclusivo até os seis meses de vida e complementar, pelo menos, até os dois anos de idade
  • No Brasil, entretanto, a realidade é de que nem 50% dos bebês são amamentados exclusivamente até os seis meses vida
  • A falta de informação de qualidade e de rede de apoio contribui para esse desmame coletivo. Especialista responde principais mitos e verdades da amamentação com base em evidências cientifícas

No Brasil, em 2020, mais de 54% dos bebês com até seis meses não tinham o leite materno como único alimento. O índice vem aumentando nas últimas décadas, mas ainda é baixo – a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida .

O leite materno possui substâncias capazes de diminuir o risco de alergias, diarréias, doenças respiratórias do bebê, entre outras. Mas a amamentação também é cercada de mitos, dúvidas, aflições e medos. Muitas mulheres se frustram por não contar com uma rede de apoio, com pessoas próximas que saibam da importância fundamental da amamentação.

A médica Danielle Lopez Pera acredita que o olhar atento de um time de saúde para a mãe e o bebê durante este período ajuda a criar um vínculo maior e seguro. “Entender a realidade de vida da mãe, olhar mais do que pra saúde dela e da criança, mas também saber o tempo de licença, o tipo de trabalho, os aspectos sociais, psicológicos, são parte de uma medicina que olha para o paciente por completo, e a partir disso consegue direcionar melhor, e muitas vezes salvar uma relação de amamentação”, conta.

A seguir a especialista explica sobre mitos e verdades sobre o assunto.

Quando o leite é fraco, o bebê chora porque a amamentação não basta

Mito O leite humano é um alimento completo para o bebê, contém todos os nutrientes com qualidade e quantidade certas que ele precisa para crescer e se desenvolver. Nos primeiros meses de aleitamento os bebês choram muito, pedindo leite com uma frequência maior do que a esperada pela maioria dos pais, e isso dá a sensação de que o leite materno não está sendo “forte” o suficiente. Mas não é isso. O que ocorre é que o estômago do bebê é muito pequeno nos primeiros meses, assim, cabe pouco leite a cada mamada.

O leite humano é uma solução viva e, além de nutrir e prevenir doenças, também contribui para o desenvolvimento do cérebro e da inteligência do bebê. Além disso, o leite materno é melhor absorvido e tem uma digestão mais rápida que o leite de vaca. Justamente por isso, bebês que são alimentados exclusivamente com o leite materno mamam mais vezes que os alimentados com o leite de vaca.

Existem mães que simplesmente não produzem leite

Mito   A pouca produção de leite, na maioria dos casos, é uma percepção da mãe relacionada à insegurança sobre sua capacidade de amamentar. Do ponto de vista fisiológico, as chances de uma produção de leite insuficiente ou uma contraindicação médica à amamentação são raras. Então, do que depende o sucesso da amamentação?

A posição e a “pega” do bebê são fatores determinantes para a produção adequada de leite, já que o maior estímulo à produção de leite materno é a sucção do bebê. Isso mesmo, quanto mais o bebê sugar, mais leite será produzido. Outros fatores também interferem nesse processo, como o volume de água consumido pela mãe, por exemplo. O ideal é que uma mãe amamentando consuma, em média, de 2 a 3 litros de água ao dia.

Se a alimentação da mãe for ruim, o leite materno será fraco

Mito Hábitos de vida saudáveis trazem, sem dúvidas, benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, mas essa não é uma condição necessária para manter uma boa qualidade ou um estoque adequado de leite. O leite materno possui todos os elementos necessários para o desenvolvimento do bebê. A recomendação é de que o bebê seja amamentado até o sexto mês de vida exclusivamente com o leite materno. Nada de chás ou água.

Dos seis meses em diante, apenas o leite materno não garante todos os nutrientes necessários ao crescimento e ao desenvolvimento da maioria dos bebês. Suas necessidades aumentam e, portanto, precisam de outros alimentos que complementam a amamentação. O leite materno, porém, ainda representa uma importante oferta de nutrientes e anticorpos que ajudam a criança a combater e se recuperar de episódios de doenças.

Algumas emoções atrapalham a produção de leite

Verdade Caso a pessoa que amamenta passe por situações de nervosismo, a produção de leite pode diminuir, isto porque o hormônio adrenalina liberado em excesso bloqueia o hormônio ocitocina, que é um dos hormônios que influenciam na amamentação. O estresse pode influenciar na liberação de ocitocina, afetando a transferência de leite e o vínculo entre a mãe e o bebê.

O bebê deve mamar em horários específicos

Mito Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação é de que o bebê possa mamar sempre que ele pedir o peito, sem horários delimitados. E, ainda, para ajudar na amamentação, é importante se atentar ao bebê para que ele mame até se satisfazer por completo.

Existe um tipo de parto melhor para o leite materno

Mito A via de parto não altera a qualidade do leite materno. Alguns estudos afirmam que o parto normal facilita o aleitamento na primeira hora de vida uma vez que, durante o trabalho de parto, a produção de ocitocina para o aumento da contratilidade uterina, estimula e ejeção do leite, facilitando assim o aleitamento.

Mamadeiras e chupetas prejudicam o aleitamento

Verdade Ao sugar o peito, o bebê precisa fazer um esforço muito maior do que o de mamar na mamadeira, por isso, caso ele se acostume com a mamadeira ou chupeta, há o risco dele não se habituar mais para mamar no peito. Além disso, o esforço dos músculos para ele mamar no peito serão cruciais na mastigação e na fala.

As mães também se beneficiam da amamentação

Verdade A amamentação auxilia o retorno do útero ao seu volume normal ajudando assim na transição pós parto. Amamentar também é um fator de proteção contra o câncer de mama e ovário. Além dos benefícios psicológicos de diminuição da ansiedade e aumento da conexão mãe-bebê.

Se a mulher engravidar tem que parar de amamentar

Mito Para a maioria das mulheres, a gestação não contraindica a amamentação. Sendo uma gestação de baixo risco em uma mulher saudável, não há problemas em continuar amamentando. No entanto, nos casos de gestações de maior risco, como na pré-eclâmpsia, restrição do crescimento uterino ou ameaça de parto prematuro, suspendemos a amamentação precocemente. Essa avaliação deve ser feita caso a caso, então é importante conversar com seu time de saúde antes de tomar essa decisão.

Muita coisa que a mãe come dá cólicas no bebê

Mito A “receita” do leite materno é sempre a mesma e independe da alimentação materna. Uma porcentagem bem pequena das proteínas circulantes na corrente sanguínea da mãe pode chegar ao leite materno, sendo insuficiente para causar uma reação intestinal no bebê, a não ser que ele já tenha sensibilidade a alguma proteína específica. É o que acontece quando o bebê tem alergia ao leite de vaca, por exemplo. Nesses casos, orientamos a mãe a restringir o consumo de leite e seus derivados.

Mulheres com mamoplastia não conseguem amamentar

Mito  Dependendo da técnica cirúrgica utilizada, pode haver alteração da integridade e do funcionamento da mama. Antes de optar pela cirurgia converse com seu cirurgião plástico sobre os possíveis efeitos e riscos para a amamentação.