Camila Moreira escreveu três publicações com textos picantes e entrou para a lista dos mais vendidos
ROTANEWS176 ETERRA 27/05/2015 13h37
Danielle Barg
Nascida na cidade de Jaraguá, em Goiás, Camila Moreira, 27, mora há oito em Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso. Trabalha como estagiária em uma Delegacia de Polícia Civil e cursa o último ano da faculdade de Direito. Sua história não teria nada de incomum se não fosse por um detalhe: há dois anos, ela se descobriu escritora de livros eróticos
Reprodução/Foto-RN176 Camila Moreira aposta em gênero erótico e faz planos para novos títulos. “Tenho enredos para mais dez livros” Foto: Renato Parada / Divulgação
Com três títulos publicados – escritos em pouco mais de um ano –, ela ganhou projeção com o gênero, o seu preferido, e não pretende parar por aí. “Tenho enredos para mais de dez livros”, conta.
Segundo a assessoria da editora dos títulos, Suma de Letras, a autora iniciante vendeu até agora aproximadamente 35 mil livros, entre os formatos físico e digital, e é a autora brasileira que melhor se saiu no mercado nacional dentro do segmento.
Apesar de achar que sempre teve facilidade para a escrita, ela conta que nunca se imaginou autora. No entanto, se autodeclara uma “viciada em leitura”, chegando a ler dez volumes por mês. “Os livros sempre me fizeram companhia. Fiz deles o meu maior lazer.”
O ímpeto de escrever veio com um período difícil da vida: um divórcio, após dois anos de união. “Resolvi usar a literatura e a escrita como forma de suprir o que sentia naquele momento.”
Na época, ela fazia parte de um grupo de leitura, composto por meninas que não se conheciam pessoalmente. Ao mostrar para as amigas os capítulos de abertura do seu primeiro romance, O Amor Não Tem Leis , ela foi convencida a postar os escritos na plataforma Wattpad. “Acabei concordando, mas nunca imaginava que repercutiria tão rapidamente entre os leitores da rede. Em menos de uma semana e, com os primeiros capítulos postados, já estávamos na casa de 20 mil leituras.”
Diante do feedback positivo, lançou o formato digital do livro na Amazon, alcançando o topo da lista dos mais vendidos na loja Kindle brasileira. O convite da editora veio na sequência.
O enredo conta a história de amor e sexo entre um advogado criminalista e sua estagiária, recém-chegada de uma temporada fora do país. “Senti a necessidade de ler algo que se passasse em nosso País e tivesse características do nosso cotidiano. Também ansiava pelo livro que me mostrasse uma mocinha decidida, e retratasse uma mulher moderna, que, acima de tudo amava a si própria, e não tivesse medo de buscar seus sonhos. Assim surgiu a Maria Clara, uma mocinha, — nada mocinha —, que não tem vergonha de mostrar a que veio, não depende de ninguém e não se importa com os preconceitos que a sociedade impõe há anos, principalmente quando se trata da libertação sexual feminina”, conta.
Para Camila, o sucesso do gênero no Brasil representa um grande passo na libertação da mulher no que diz respeito ao tema “sexo”. “Os livros trouxeram uma naturalidade para tratar desse assunto que antes não tínhamos. Foi uma conquista muito grande para nós, mulheres.”
A autora também assina os títulos O Amor Não Tem Leis – O Julgamento Final e 8 Segundos , publicados pela mesma editora.
Reconhecida no Cristo Redentor
De família humilde, como ela mesmo define, Camila conta que o sucesso dos livros representou mais do que a estabilidade financeira. “Meus pais são alfabetizados, mas não concluíram o ensino fundamental. Meu pai trabalha com jardinagem e minha mãe é merendeira. Eu sempre trabalhei para ajudar no sustento da casa, desde os 12 anos. Minha infância foi muito difícil financeiramente, passei por muitas dificuldades nesse sentido. Sou a primeira pessoa da família a chegar ao ensino superior”, recorda.
Ela ainda não vive do trabalho de escritora, mas reconhece os ganhos que teve neste processo. “Fiz amigos, viajei para lugares que sonhava conhecer, participei de eventos ao lado de profissionais excelentes. Vejo meus livros nas principais livrarias de todo País. Conquistei minha independência, não só financeira, mas também como mulher, e isso é o mais importante. Não tenho vergonha do escrevo e de por que escrevo.”
Antes de se tornar autora, Camila ainda não conhecia o Rio de Janeiro, e conta que se emocionou ao visitar o Cristo Redentor. “Lá em cima, enquanto tirava fotos, fui reconhecida por uma leitora, e isso voltou a ocorrer em um show do sambista Diogo Nogueira. Em São Paulo, tive minha primeira experiência em eventos, e, para começar com pé direito, o encontro ocorreu na Bienal Internacional do Livro. Nunca imaginei que um dia estaria em uma Bienal, ainda mais como escritora. Foi emocionante e inesquecível.”