ROTANEWS176 10/02/2024 10:05 RELATO DA REDAÇÃO DO JBS
Luciana Katecare comprova a máxima de que tudo muda ao redor quando existe a determinação interior de vitória.
Reprodução/Foto-RN176 Luciana Yoko Gatto Katecare, com o pai, Jorge, por ocasião de formatura. Na BSGI, é líder da Divisão Feminina de Jovens da RM Ipiranga, CNSP – Foto: Colaboração local
O que mais me encanta na prática budista é o fato de aprendermos que tudo está dentro de nós, conquistando a sabedoria por meio da prática da fé para não culpar as questões externas nem os outros, nem mesmo desistir diante dos impasses da vida. E olha que são muitos. Sou Luciana, tenho 29 anos, moro com meu pai no bairro Vila Natalia, zona sul de São Paulo, SP. Quero dividir com vocês alguns marcos da minha trajetória até aqui.
Para começar, vou direto a uma orientação de Ikeda sensei que faz todo sentido para mim:
As pessoas que mais sofrem serão as mais felizes — este é o grande benefício da prática da fé. As divindades protetoras do universo agirão onde ressoa o som intermitente do daimoku. Quaisquer que sejam os infortúnios serão transformados em remédio que infalivelmente abrirá a saída para a conquista da vitória.1
Venho comprovando essa máxima depois de passar por duras perdas. Uma delas foi a partida de duas pessoas muito importantes para mim: minha amada avó e minha grandiosa mãe. Isso foi em 2016. Minha avó tinha 97 anos, mas, apesar da idade avançada, ela frequentava firmemente as atividades da BSGI. Era muito querida e conhecida por todos, a eterna Maria Gatto. Ela faleceu serenamente, e até esse dia minha mãe, Denise Gatto, era a pessoa mais dedicada aos cuidados de minha avó, já que meu pai, Jorge, e eu trabalhávamos fora. Um mês depois minha mãe também faleceu.
Em menos de dois meses, portanto, não tinha minha avó nem minha mãe por perto, minha relação com meu pai não era bem resolvida e ainda estava em um relacionamento tóxico. Daí veio o segundo baque: perdi a confiança em mim mesma, desenvolvi depressão severa, sem forças até para me levantar da cama.
Reprodução/Foto-RN176 Luciana posa com os companheiros da OFBHI após uma apresentação – Foto: Colaboração local
Nasci numa família budista e, sendo da terceira geração de praticantes, sempre tive a oportunidade de conviver no ambiente Soka. Muitas vezes não nos damos conta, mas confesso que meu refúgio era justamente esse, pois só a recitação do Nam-myoho-renge-kyo me dava energia para encarar esse período. Também busquei ajuda de profissionais da saúde mental. Até que, na metade daquele ano, já estava exausta de sofrer e decidi me reerguer.
O incentivo do Mestre
Desde os meus 23 anos, passei a integrar a Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI), criada pelas próprias mãos do Mestre. Precisava então fazer valer os acordes da esperança em meu coração. Voltei aos ensaios com toda a força. Assumi também meu papel de jovem protagonista na organização de base. Em casa, desafiava-me na recitação de quatro horas de Nam-myoho-renge-kyo por dia, porque queria ter a minha alegria de volta.
Estava num momento desafiador, e decidi escrever uma carta para nosso mestre, convicta de mudar aquele ambiente: superar os medos, passar na faculdade e ir agradecer-lhe no próximo ano no Japão. Para minha surpresa, ele respondeu com palavras de incentivo que me fortaleceram a não ceder à derrota.
Ambiente da vitória
Reprodução/Foto-RN176 Luciana em viagem ao México – Foto: Colaboração local
Terminei o relacionamento tóxico, recuperei minha saúde com o tratamento, passei de ano na faculdade, consegui um estágio com o dobro do salário anterior e meu pai e eu até os dias de hoje somos muito amigos. Conforme havia determinado, em abril de 2017, fui ao Japão e fiz meu juramento no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido) de jamais abandonar a organização e de incentivar e apoiar a todos ao redor, dando continuidade ao legado das minhas queridas avó e mãe.
Profissão expande
Na época da viagem, eu estagiava em uma empresa bem-conceituada e com ótima remuneração. Fiz entrevistas para efetivação, falhando em todas e ainda fiquei desempregada pela primeira vez na vida. A recolocação não acontecia e foi quando decidi quebrar aquele ciclo de duvidar das minhas habilidades. Realinhei minha postura na prática da fé e listei os objetivos que desejava numa empresa. Estabeleci valor mínimo de salário, ambiente harmonioso, benefícios, localização e tudo o mais. Com a lista definida, resolvi me dedicar como nunca às atividades da BSGI e à orquestra.
Eu me preparei muito para cada uma das entrevistas, mas principalmente fui criando um “eu” que não fosse abalado pelos “nãos”. Finalmente, encontrei uma empresa, onde trabalho hoje, que oferece absolutamente todos os benefícios que pontuei e outros, tais como o antigo sonho de poder viajar pela empresa. Vitória!
Simbologia de um juramento
Reprodução/Foto-RN176 Luciana em visita com algumas das jovens de sua localidade – Foto: Colaboração local
Como jovem Soka, aprendi a valorizar cada significado na relação com Ikeda sensei, que sempre confiou em nossas potencialidades. Em 2022, um marco despertou ainda mais minha gratidão. Desde 2019, estava estudando muito espanhol e inglês e me dedicando ao trabalho. Com isso, recebi duas promoções. Também segui pela primeira vez em uma viagem internacional, indicada a fazer parte de um projeto no México. Em agosto desse mesmo ano, fui até aquele país e tive a oportunidade de conhecer o Anjo da Independência, símbolo narrado por Ikeda sensei na Nova Revolução Humana, referindo-se a um sonho do seu mestre, Josei Toda, visualizando ter viajado ao México. Foi muito místico.
No ano passado (2023), recebi mais duas promoções e, atualmente, sou gerente de projetos na empresa. Realizei ainda viagens incríveis para a América do Sul e a Europa, enriquecendo minha vida de cultura e novas amizades.
Na organização de base, estamos agora envolvidos em conectar mais e mais jovens pela paz, unidos no movimento da Juventude Soka. No lugar do Mestre e pela eternidade, abraçar o legado do kosen-rufu deixado por ele. Agradeço por todas as oportunidades na Gakkai, na organização de base e na Orquestra, e pelos direcionamentos e incentivos do Mestre, que me permitem seguir em frente com confiança. Muito obrigada!
Luciana Yoko Gatto Katecare, 29 anos, gestora de projetos. Na BSGI, é líder da Divisão Feminina de Jovens da RM Ipiranga, CNSP.
Assista vídeo do relato da Luciana
No topo: Luciana com o pai, Jorge, por ocasião de formatura
Nota:
- Brasil Seikyo, ed. 2.430, 4 ago. 2018, p. A2.
Fotos: Colaboração local
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO