As religiões mundiais estão prontas para a descoberta de vida extraterrestre?

ROTANEWS176 E POR OVNIHOJE 31/03/2023 01:32

Em 1930, pediram a opinião de Albert Einstein sobre a possibilidade de vida em outras partes do Universo. “Outros seres, talvez, mas não homens“, ele respondeu. Então lhe perguntaram se a ciência e a religião iriam entrar em conflito. “Na verdade não, embora isto dependa, é claro, dos pontos de vista das religiões“.

 

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Nos últimos anos, a nova habilidade dos astrônomos em detectar planetas que orbitam outras estrelas tem levado esta questão ao âmbito da filosofia, como foi para Einstein, e transformado-a em algo que os cientistas logo poderão ser capazes de responder.

A percepção de que a natureza do debate sobre a vida em outros mundos está para mudar fundamentalmente levou o Professor de Astronomia de Vanderbilt, David Weintraub a começar a pensar seriamente sobre a questão de como as pessoas reagirão à descoberta de vida em outros planetas. Ele percebeu, como Einstein tinha observado, que as reações das pessoas serão influenciadas grandemente por suas crenças religiosas. Assim ele decidiu descobrir o que a maioria das religiões do mundo tem a dizer sobre o assunto.  O resultado está num livro intitulado “Religions and Extraterrestrial Life” (Springer International Publishing) [Tradução livre, “Religiões e Vida Extraterrestre”], publicado em 2014.

O astrônomo disse:

“Quando fiz uma pesquisa em bibliotecas, descobri somente meia dúzia de livros e eles eram todos escritos sobre a questão da vida extraterrestre e a cristandade, e, pela maior parte, sobre o Catolicismo Romano; assim eu decidi olhar de forma mais abrangente.”

Como resultado, seu livro descreve o que os líderes religiosos e teólogos têm a dizer sobre a vida extraterrestre em mais de duas dúzias de importantes religiões, inclusive o Judaísmo, Catolicismo Romano, Igrejas Ortodoxas Orientais, Igreja da Inglaterra e a Comunhão Anglicana, várias seitas principais Protestantes, a Convenção Batista Sulista (EUA) e outras denominações evangélicas e fundamentalistas, a Sociedade Religiosa de Amigos (Quakers), Adventismo do Sétimo Dia e Testemunhas de Jeová, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mormons), Islã e várias religiões principais asiáticas como o Hinduísmo, Budismo e a Fé Baha’i.

Descoberta de planetas

O notável progresso que os astrônomos têm feito na detecção de exoplanetas fornece à questão da vida extraterrestre um novo senso de urgência. Em 2000, astrônomos detectaram 50 planetas orbitando outras estrelas. Hoje, o número cresceu para mais de 5.000. Se a taxa de descoberta for mantida, os astrônomos terão identificado mais de um milhão de exoplanetas no ano 2045.

Weintraub aponta:

“Se mesmo um exoplaneta mostrar sinais de atividade biológica – e esses sinais não devem ser difíceis de detectar se coisas vivas lá estiverem presentes – então saberemos que a Terra não é o único lugar no Universo onde a vida existe. Embora seja possível provar o contrário, se não encontrarmos nenhum sinal de vida após um milhão de exoplanetas serem estudados, então saberemos que a vida no Universo é, na melhor das hipóteses, extremamente rara.”

Uma enquete de opinião pública indica que por volta de um quinto a um terço da população estadunidense acredita que a vida extraterrestre exista, relata Weintraub. Porém, isto varia consideravelmente com cada afiliação religiosa.

A crença em extraterrestres varia de acordo com a religião

* 55 por cento dos Ateus
* 44 por cento dos Muçulmanos
* 37 por cento dos Judeus
* 36 por cento dos Hindus
* 32 por cento dos Cristãos

Dos Cristãos, mais de um terço dos fiéis Ortodoxos Orientais (41%), Católicos Romanos (37%), Metodistas (37%), e Luteranos (35%) disseram acreditar em vida extraterrestre. Somente os Batistas (29%) caíram abaixo do limite de um terço.

As religiões asiáticas são as que têm a menor dificuldade em aceitar a descoberta de vida extraterrestre, concluiu Weintraub.  Alguns pensadores Hindus têm especulado que humanos podem reencarnar como alienígenas, e vice-versa, enquanto a cosmologia Budista inclui milhares de mundos habitados.

Weintraub cita passagens do Alcorão que parecem dar apoio à ideia de que seres espirituais existem em outros planetas, mas aponta que estes seres podem não praticar o islamismo como praticado na Terra.

Weintraub escreveu:

“O Islamismo como outras fés, possui tradições fundamentalistas e conservadoras.  Todos os Muçulmanos, porém, provavelmente concordariam que a religião revelada profeticamente do Islamismo é um conjunto de práticas projetadas somente para humanos na Terra.”

O autor descobriu muito pouco nas escrituras Judaicas que se referem à questão. Alguns poucos comentários Talmúdicos e Cabalistas sobre o assunto informam que o espaço é infinito e contém um número potencialmente infinito de mundos, e que nada pode negar a existência de vida extraterrestre. Ao mesmo tempo, os Judeus não acreditam que a descoberta de inteligência extraterrestre teria muito efeito sobre eles.  Ele cita um antropólogo e estudioso judeu que tem comentado sobre esta questão e concluiu que o relacionamento entre os judeus e Deus não seria nem um pouco afetado pela “existência de outras formas de vida, novas realidades científicas descobertas ou mudanças de comportamento pan-humanas.

Debate cristão

Weintraub resumiu:

“Entre as religiões cristãs, os Católicos Romanos são os que tem pensado mais sobre a possibilidade de vida em outros mundos.  Na verdade, eles têm tido um debate teológico que tem durado por mil anos.  O cerne da questão é o pecado original.  Se alienígenas inteligentes não são descendentes de Adão e Eva, eles sofreram devido ao pecado original?  Ele precisam ser salvos?  Se este for o caso, então Cristo os visitou e foi ele crucificado e ressuscitado em outros planetas?  Do ponto de vista Católico Romano, se extraterrestres cientes existem, alguma, mas talvez nem todas as espécies podem ter cometido o pecado original e precisarão de redenção.”

A diversidade inerente das denominações Protestantes, onde os indivíduos são encorajados a interpretar as escrituras de forma independente, levou a muitas abordagens conflitantes quanto a questão da inteligência extraterrestre.  Weintraub determinou que os pontos de vista da teologia Luterana de Paul Tillich parecem representar um consenso viável.  Tillich argumenta que a necessidade de salvação é universal e que a “força da salvação” de Deus deve estar em todos os lugares.  Ao mesmo tempo, ele mantém que o plano de Deus para a vida humana não precisa ser o mesmo para os alienígenas.

Os Evangélicos e Cristãos fundamentalistas são os que provavelmente têm maior dificuldade com a descoberta de vida extraterrestre, indica a pesquisa do astrônomo.

“…a maioria dos líderes Cristãos evangélicos e fundamentalista argumenta de forma veemente que a Bíblia deixa claro que a vida extraterrestre não existe. Desta perspectiva, os únicos seres viventes que adoram a Deus em todo o Universo são os humanos, criados por Deus, que vivem na Terra.”

Mas o evangelista Batista Billy Graham foi uma exceção proeminente, declarando firmemente que ele acredita que “há seres inteligentes como nós longe no espaço, os quais adoram a Deus“.

Weintraub também identificou duas religiões – o Mormonismo e o Adventismo do Sétimo dia – cujas teologias abraçam os extraterrestres. No Mormonismo, Deus ajuda a exaltar as almas menores, para que elas consigam alcançar a imortalidade e viver como deuses em outros mundos.  E Ellen White, que foi a co-fundadora do Adventismo do Sétimo Dia, escreveu que Deus tinha dado à ela a visão de outros mundos, onde as pessoas são “nobres, majestosas e amáveis“, porque elas vivem em estrita obediência aos mandamentos de Deus.

Estamos prontos?

Em resposta à questão “Estamos prontos?”, Weintrabu conclui:

“Enquanto alguns de nós declaram estar prontos, a maioria de nós provavelmente não está… muitos poucos entre nós têm despendido algum tempo pensando sobre o que o conhecimento real sobre a vida extraterrestre, seja vírus, ou criaturas unicelulares, ou bípedes pilotando naves intergalácticas, poderia significar para nossas crenças pessoais e nosso relacionamento com o divino.”

(Fonte)