ROTANEWS176 E POR AH 23/10/2022 10h00 Por Wallacy Ferreari
Entre passeios e a gravação de um clipe, a equipe do Rei do Pop chegou a fechar contrato com o traficante Marcinho VP para garantir sua segurança
Reprodução/Foto-RN176 Michael no clipe “They Don’t Care Avout Us”, no Pelourinho – Divulgação / YouTube
Ao longo das turnês mundiais que fez desde a infância, Michael Jackson teve recepções calorosas a sua presença de palco enérgica com passos precisos. Porém, seu apreço pelo Brasil era ainda mais notável.
Apesar de ser assumidamente contrário as desgastantes turnês, o astro citou a paixão tupiniquim pelo seu trabalho como uma das mais incríveis ao redor do mundo, durante o especial Michael Jackson’s Private Home Movies, transmitido em 2003 pelo canal americano FOX.
Com três marcantes passagens — em 1974, 1993 e 1996 — o Rei do Pop conseguiu deixar sua marca na história dos espetáculos internacionais do país, mas também foi protagonista em episódios envolvendo a obsessão dos fãs, suas particularidades e, principalmente, sua personalidade.
Separamos 5 curiosidades sobre as vezes que Michael Jackson esteve no Brasil.
Reprodução/Foto-RN176 Cena do clipe “They Don’t Care Avout Us”, no Pelourinho / Crédito: Divulgação / YouTube
- Jeitinho brasileiro
A primeira vez de Michael no Brasil foi em 1974, quando o garoto ainda fazia parte do grupo Jackson 5, ao lado dos irmãos. Em viagens internacionais, o pai Joseph não podia acompanhar os garotos, visto que fazia os contratos em solo americano. Por isso, os jovens eram acompanhados por uma juíza de menores, que restringia o trabalho dos garotos até as 22h00.
O problema é que eles já tinham um compromisso marcado após as 22h: o especial de televisão na TV Tupi. Sabendo de tal regra, os produtores do programa revelaram no Fantástico, em 2009, que aceitaram a regra da juíza, mas não disseram qual era o fuso horário brasileiro. Com isso, se apresentaram sem problemas na televisão, mesmo ultrapassando o horário.
- Curtindo São Paulo
O retorno de Michael Jackson ao Brasil só ocorreria em 1993, durante a turnê do álbum Dangerous, porém, de maneira bem menos intensa do que a regrada primeira passagem. Desceu do voo acompanhado de duas crianças, filhas de amigos americanos, que tinham o interesse em conhecer o Brasil. Com isso, aproveitaram para visitar alguns pontos da cidade.
Reprodução/Foto-RN176 Visitantes do Placenter conseguem tirar foto com Michael Jackson e Marcelo Gutglas (à dir.) / Crédito: Divulgação
Um dos principais seria o Playcenter, que foi fechado uma hora antes de seu horário regular para receber o astro.
Michael andou no barco viking, na montanha russa Ciclone e outras atrações, sendo recepcionado pelo próprio dono, o empresário Marcelo Gutglas. Alguns visitantes sortudos, que estavam no parque antes do fim do turno, ainda conseguiram uma foto antes do impedimento de seguranças.
- Volta colossal
Com uma espera de 19 anos, a estrutura não poderia ser menos do que a esperada, porém, o artista surpreendeu com as proporções da apresentação; seu equipamento veio em dois aviões gigantes Antonov An-124 — que na época, eram anunciados como os maiores aviões de carga do mundo — totalizando 400 toneladas de itens, carregados em 29 carretas que seriam montados no Estádio do Morumbi.
O esgotamento recorde dos seus ingressos rendeu uma apresentação extra na arena, com bilhetes vendidos na rede de lojas de roupa C&A. Antes mesmo de sua chegada, a marca de refrigerante Pepsi já promovia o show com uma promoção de rótulos nas garrafas — tudo meticulosamente preparado ainda nos Estados Unidos para ser executado com perfeição em São Paulo.
- Crítica social
Antes mesmo de voltar ao Brasil em 1996 para gravar em comunidades na Bahia e Rio de Janeiro, o então secretário estadual de Comércio e Turismo do Rio de Janeiro, Ronaldo Cezar Coelho, afirmou que a produção poderia influenciar a imagem do Brasil de maneira negativa, pedido ao ex-jogador Pelépara conversar com o astro, buscando a desistência da gravação.
O Itamaraty, no entanto, ficou do lado do diretor Spike Lee; não apenas autorizou a vinda e captura dos cenários, como destacou que “não se pode tentar esconder uma realidade que existe no país”. A exposição não apenas reverbera até hoje com as visitas turísticas nos locais, como projetou internacionalmente a imagem do Olodum.
- Ajuda dos dois lados
De acordo com o jornal O Globo, o diretor do clipe, Spike Lee, assumiu que “pagou certo valor” o então comandante do tráfico Marcinho VP para assegurar a equipe de Michael Jackson e afastar jornalistas que haviam alugado cômodos na comunidade.
A ocasião reverberou nos moradores e nos policiais, que foram ameaçados por seguranças do traficante quando tentavam chegar perto do Rei do Pop — mas com a venda de drogas interrompida.
Reprodução/Foto-RN176 Manchete do jornal O Globo noticiando pagamento a traficantes na gravação de clipe / Crédito: Divulgação
Na ocasião, o então chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Hélio Cruz, manifestou desapreço pelo financiamento do tráfico feito por Spike: “Ele pagou porque é otário. Deve estar acostumado a fazer isso lá nos Estados Unidos e fez aqui também”, disse o líder em entrevista à Folha de S. Paulo.