ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 06/03/2021 11:08
REDE DA FELICIDADE
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI
Em 4 de outubro de 1964, Shin’ichi Yamamoto, personagem que representa o presidente Ikeda na obra Nova Revolução Humana, chegou a Teerã, Irã. Apesar da dificuldade na chegada, ocasionada por uma tempestade de areia, ele e comitiva estavam decididos a incentivar um único membro da Soka Gakkai naquele país. Neste trecho da obra, percebemos que, em meio às questões mais difíceis, a determinação faz toda a diferença
- DAISAKU IKEDA
No saguão de desembarque, Shin’ichi foi recepcionado por Eiji Kawasaki, responsável pela Gakkai em toda a Europa.
Na manhã seguinte, Shin’ichi saiu do hotel para visitar e incentivar um membro da Divisão Feminina. Tratava-se de Miki Ota, que se mudara do Japão para Teerã havia dois anos. Ela era a única integrante da Gakkai nessa cidade, pois Yoriko Ueno, que Shin’ichi conhecera na visita anterior, já havia retornado para o Japão.
Seguindo a informação de que Miki Ota trabalhava num restaurante chinês, Shin’ichi conseguiu localizar o local em pouco tempo. O intérprete conversou com um funcionário e este chamou a dona do restaurante, que era descendente de russos. Após ouvi-la, o intérprete disse para Shin’ichi:
— Miki Ota trabalhou como gerente neste restaurante. Porém, quando terminou o contrato de trabalho, ela não quis renová-lo e encontra-se agora em viagem…
— Ah, que pena…
Quando estava saindo, um funcionário fitou o rosto de Shin’ichi como se o conhecesse. Repentinamente, deu um grito de espanto, correu em direção ao fundo do restaurante e trouxe algumas revistas. Eram exemplares da Seikyo Graphic.
Reprodução/Foto-RN176 Funcionários do restaurante chinês, onde Miki Ota trabalhava, reconhecem o presidente Yamamoto por meio de exemplares da revista Seikyo Graphic
Ele folheou rapidamente as páginas e disse apontando uma foto:
— Oh! O senhor é realmente o presidente Yamamoto!
Os demais funcionários também foram cumprimentá-lo. A dona do restaurante ficou feliz em receber uma pessoa tão importante.
O intérprete transmitiu a Shin’ichi as palavras dos funcionários.
— Eles estão dizendo que Miki Ota falava muito sobre a Gakkai e que eles conhecem o senhor por meio dessas revistas. Eles acham que a Gakkai é uma organização maravilhosa.
A dona do restaurante disse-lhe:
— Estou muito orgulhosa em recebê-lo em meu restaurante. Tentarei entrar em contato com Miki Ota para avisá-la.
Shin’ichi agradeceu a todos com as seguintes palavras:
— Muito obrigado! Embora não tenha encontrado a senhora Miki Ota, pude conhecê-los e fazer novos amigos. Da mesma forma que todos os países estão ligados por um único céu, não há fronteiras no coração das pessoas. Somos todos companheiros e irmãos. Por favor, quando forem ao Japão, não se esqueçam de avisar-me. Estarei orando sempre pela felicidade de vocês.
Antes de se despedir, Shin’ichi deixou o nome e o endereço do hotel em que estava hospedado.
A comitiva aproveitou a parte da manhã para conhecer melhor a cidade de Teerã e depois retornou para o hotel.
No entardecer desse dia, uma mulher de aproximadamente quarenta anos foi visitá-lo no hotel. Era Miki Ota.
Shin’ichi e a esposa, Mineko, foram recebê-la. Ela contou-lhes que havia retornado da viagem naquele dia e ido até o restaurante levar algumas lembranças. Os funcionários alvoroçados disseram-lhe que o presidente Yamamoto estivera no restaurante. Embora não acreditasse nas palavras de seus amigos, resolveu tirar a dúvida indo até o hotel.
Miki contou a Shin’ichi sobre a vida dela desde que chegara a Teerã e solicitou-lhe orientações:
— Pretendo trabalhar com comércio de antiguidades. Porém, um canadense pediu-me em casamento. Estou confusa e não sei que rumo dar à minha vida.
Shin’ichi ouviu-a atentamente e recomendou-lhe:
— A felicidade não é algo que está distante de você. Ela está dentro do próprio coração. E a prática do budismo é o meio fundamental para evidenciá-la em sua vida. Se mantiver uma firme prática da fé, tanto os negócios como o casamento serão bem-sucedidos. O budismo fundamenta-se na lógica e a prática da fé é a força motriz que impulsiona a vida em direção à felicidade. O importante é não se afastar do caminho do kosen-rufu. Haja o que houver, por mais dura que seja a realidade, nunca abandone a prática da fé. Se parar na metade do caminho, restará somente a derrota. A prática da fé não terá sentido se não houver uma forte devoção. E é com essa devoção que se transforma o destino e se cria o alicerce para a verdadeira felicidade. Contudo, o ser humano é fraco e acaba sendo arrastado por suas próprias fraquezas. Existem pessoas que se esforçam por um período, mas logo se acovardam quando alguém se opõe à prática da fé ou quando surge alguma doença ou dificuldade em sua vida. Existem também aquelas que se afastam por não conseguir ter um bom relacionamento com outros membros, criam intrigas e, no final, abandonam até mesmo a organização. Para não cair nesse erro, não devemos nos apegar aos nossos próprios sentimentos, mas viver com base no Gosho. Anseio por sua vitória. Quero ver seu glorioso aspecto de triunfo.
Aquele era o primeiro encontro de Miki com o presidente Yamamoto. Ela sentiu em seu coração a profunda consideração de Shin’ichi. Então, deixou o hotel radiante e com uma nova decisão para o futuro.
Depois de passar apenas um dia em Teerã, Shin’ichi e comitiva dirigiram-se para o aeroporto a fim de embarcar no voo das cinco e meia do dia 5 de outubro, seguindo viagem para Istambul, na Turquia. Chegaram ao aeroporto com uma hora de antecedência e encontraram-se com Miki Ota e seis funcionários do restaurante chinês.
Quando os avistou, Shin’ichi levantou os braços e foi cumprimentá-los.
— Muito obrigado por terem vindo tão cedo até aqui. Nunca me esquecerei de vocês e de sua amizade.
Um deles disse sorrindo:
— Como o senhor nos orientou, somos irmãos. Quando o irmão mais velho parte para uma viagem, é natural que os mais novos lhe desejem boa viagem.
Formou-se logo uma roda animada em torno de Shin’ichi. No entanto, chegou a hora do embarque. Shin’ichi trocou um forte abraço com cada um deles, prometendo reencontrá-los num futuro breve.
Dentro do avião, Eiji Kawasaki disse-lhe:
— O senhor criou uma forte amizade com aqueles rapazes. Eles estavam realmente felizes em encontrá-lo na despedida.
— É verdade. São excelentes rapazes. Existem religiões que separam as pessoas. Porém, o kosen-rufu é um movimento para criar a união de vida a vida.
Anos depois, o reencontro
Em sua passagem pelo Canadá, em junho de 1981, Shin’ichi Yamamoto reencontrou a senhora Miki, agora sob o sobrenome Carter. Eles dialogaram pouco depois do minifestival cultural realizado pelos membros daquela localidade, numa pista de esqui administrada pelo enteado de Miki Carter. Esse encontro está registrado nas páginas do volume 30 da NRH.
Alguns anos depois, Ota se casou com esse canadense e se mudou para o Canadá. E agora, Shin’ichi dialogava com Miki Carter, seu nome de casada, com seu esposo e com o filho dele, o administrador da pista de esqui. Shin’ichi se sentia muito feliz pelo fato de aquela senhora ter persistido na prática da fé com base nas orientações daquela ocasião. As sementes plantadas dezessete anos antes haviam desabrochado como flores no Canadá, após superar um período de ventanias e de nevascas.
Ao continuar plantando as sementes chamadas “incentivo”, ampliam-se os jardins do kosen-rufu. Shin’ichi disse a Miki Carter:
— Por favor, daqui em diante, continue se empenhando na prática da fé, tal como a água corrente. A continuidade é a condição primordial para se atingir o estado de buda nesta existência. É por isso que Nichiren Daishonin afirma em seus escritos: “Aceitar é fácil; manter é difícil. Porém, para se atingir o estado de buda é necessário manter a fé”.1 Viva em prol da felicidade das pessoas, rumo ao ideal do kosen-rufu. Aí se encontra também a própria felicidade.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 492, 2014.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Fontes:
IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 9, p. 151-154, 2019.
Idem, v. 30-I, p. 402, 2020.