Atitude resoluta e sincera

ROTANEWS176 23/11/2024 08:00                                                                                                                              NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                                    Por Dr. Daisaku Ikeda  

Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria – ilustração de  Kenichiro Uchida

Parte 77

Na reunião de líderes da província de Akita, Shin’ichi Yamamoto falou a respeito do que é a “mais profunda recordação da vida”:

— Cada pessoa possui os mais variados tipos de recordação. Normalmente, eles vão sendo esquecidos com o passar dos anos. Contudo, as lembranças dos exercícios budistas, mesmo que tenham ou não consciência delas, ficarão gravadas para sempre, por todo o futuro, como as mais sublimes recordações. Isso porque as atividades pelo kosen-rufu, do ponto de vista do princípio de causa e efeito, são uma jornada em direção à felicidade eterna, e ficarão registradas no âmago da vida como uma recordação de alegria e de dinâmico avanço.

É exatamente como afirma nos escritos de Nichiren Daishonin: “Recite o Nam-myoho-renge-kyo com atitude resoluta e sincera, e recomende com veemência aos outros que façam o mesmo; isso permanecerá como a única lembrança de sua existência neste mundo humano”.1

Relembrando sua própria atua­ção como substituto do responsável pelo Distrito Bunkyo e sua luta em Kansai onde concretizaram 11.111 shakubuku em um mês, ele explicou que é correndo com todas as forças diariamente pelo kosen-rufu que as lembranças douradas que solenizam a vida são construídas.

Nesse dia, ele disse aos líderes de Akita:

— Conversando com as pes­soas que visitavam o centro cultural, muitas externaram o desejo de fazer com que seus membros do distrito e da comunidade pudessem participar também da reunião de gongyo comemorativo. Então, que tal realizarmos amanhã uma reunião com participação livre?

Todos menearam a cabeça em concordância com o rosto corado de alegria.

— Então está decidido. Até agora foram reuniões de líderes de distrito e acima, mas a partir de amanhã todos os que desejarem podem participar. Agora será decisivo. Não faz mal que sejam mais duas ou três reuniões de gongyo. Como terei conselho pela manhã, eu me juntarei aos participantes no final das sessões da manhã e tirarei foto comemorativa com eles.

A comunicação a respeito da realização da reunião de gongyo com participação livre se espalhou rapidamente.

Parte 78

Na manhã do dia 13, a neve que caía desde a noite anterior persistia. Os companheiros de Akita chegavam ao centro cultural repletos de disposição e ânimo mesmo em meio à con­tínua neve vindos de localidades como Noshiro, ao noroeste da província, e Omagari, na região central da província.

Nós, que nos reunimos

nesta batalha

pela Lei do kosen-rufu

nos campos de neve

sob a tempestade…

Esse é um dos versos da canção da província Rampu [Bailar em meio à Tempestade] que os companheiros de Akita vieram cantando de acordo com a ocasião.

Na manhã do dia 13, Shin’ichi Yamamoto recitou gongyo com os membros das comissões no Centro Cultural de Akita, participou do conselho em um local da cidade, e pouco depois do meio-dia se dirigiu para o parque diante do centro cultural onde seria registrada a foto comemorativa.

Nesse local estavam reunidos com muita alegria e disposição os participantes das duas sessões da reunião de gongyo que foram rea­lizadas pela manhã que tirariam foto comemorativa com Shin’ichi. A neve continuava a cair, mas todos estavam cheios de entusiasmo.

Pensando bem, nesses últimos anos, os companheiros de Akita viveram dias difíceis em que tiveram de suportar muita coisa cerrando os dentes.

Uma tática usual dos sacerdo­tes maldosos era condicionar sua participação nas cerimônias de funeral com o desligamento do solicitante da Soka Gakkai. Além disso, em cerimônias em que havia a participação de parentes não praticantes, eles criticavam sem parar e repetiam calúnias e difamações contra a organização. E no final, ainda lançavam absurdos como “O falecido não atingiu a iluminação!”. Eram ações de extrema crueldade, frieza e absoluta insensibilidade, impensáveis para um ser humano.

Haviam suportado e superado tudo, e agora estavam para iniciar uma nova jornada rumo ao século 21 junto com Shin’ichi. No coração de todos os preciosos companheiros apenas vinha à tona a alegria de que “enfim havia chegado a primavera”.

Shin’ichi chegou trajando uma jaqueta branca sob a neve. A temperatura era de 2 graus negativos. Grande ovação e forte salva de palmas das 1.500 pessoas reunidas se espalharam.

Ele subiu no palanque que tinha sido providenciado e pegou o microfone.

— Muito obrigado pelos seus esforços, mesmo em meio à neve!

— Nós estamos bem! — ouviu-se uma resposta cheia de energia.

— Esse aspecto forte e vigoroso dos senhores é o próprio espírito daquele verso da Canção da Revolução Humana que diz: “Enfrentando nevascas, avancemos intrepidamente”. Hoje, como uma declaração da grande vitória de Akita, vamos cantar, juntos, a Canção da Revolução Humana!

Um grande coro repleto de entusiasmo e paixão ecoou como se derretesse a neve.

Oh, levante-se, eu também

me levantarei!

Cada qual em seu palco do kosen-rufu, levante-se só.

Shin’ichi também cantou com todos. No coração dos membros ardeu alto a chama do espírito de luta. Era a orgulhosa canção da vitória de mestre e discípulo Soka.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria – ilustração de  Kenichiro Uchida

Parte 79

Shin’ichi Yamamoto deu mais uma sugestão em relação à dispo­sição de luta dos companheiros de Akita:

— Comemorando a grande batalha e a grande vitória dos senhores, vamos dar nosso “brado da vitória”!

Todos responderam ao seu chamado com o forte brado:

— Ôoooo!

Então, o “brado da vitória”, que poderíamos chamar de grande declaração da vitória do povo, ecoou pela terra da neve.

— Hei, hei, ôoooo…!

Socando o céu com força e o punho da mão direita fechado, todos expressaram a vitória com o máximo de sua voz e do seu corpo.

A persistente neve parecia até uma dança de pétalas de flores brancas fazendo parecer uma comemora­ção das divindades celestiais. O fotógrafo do Seikyo Shimbun, que estava dentro do cesto no alto de um guindaste, registrou a imagem desse instante.

Shin’ichi conclamou a todos:

— Por favor, cuidem-se bem! Não fiquem gripados. Vamos nos encontrar novamente!

Na tarde desse dia, a partir de pouco depois das 13h30, realizou-se a terceira reunião de gongyo com participação livre do dia.

Nessa ocasião também, Shin’ichi se dirigiu ao microfone após liderar o gongyo.

Além de reconfirmar que na prática do Budismo de Nichiren Daishonin o princípio “fé, prática e estudo” é fundamental, ele enalteceu que as atividades da Soka Gakkai existem para isso. E enfatizou que é na ação prática das atividades da organização que se encontram o exercício budista, a transformação do destino e a conquista do estado de buda na presente existência.

Pelo fato de existirem muitos educadores de destaque na Soka Gakkai da província de Akita, foi anunciada a fundação do Clube de Educadores de Akita, formado por representantes do Departamento Educacional, após a deliberação feita no conselho. E ele externou sua expectativa de que esse grupo se tornasse um pilar da contribuição para a localidade.

Além disso, citando a localidade de Ota, da região distrital de Senboku, onde o kosen-rufu estava mais avançado dentro do Japão, ele focou na luta dos companheiros dos primórdios da Soka Gakkai que foram a sua força propulsora, e louvou os árduos e dedicados esforços até aquele momento e os incentivou com todo o seu coração.

“O que fazer para que cada localidade evidenciasse o melhor de sua característica e desenvolvesse ainda mais o kosen-rufu” — era isso que Shin’ichi ponderava a todo o momento dos mais diferen­tes ângulos. Porque essa é a conduta de um líder que assume a responsabilidade pelo kosen-rufu.

Parte 80

Quem veio atuando como primeiro responsável pela comunidade de Ota, da região distrital de Senboku, foi Joryo Komatsuda.

Ele ouviu a respeito do budismo em 1953 quando seu quinto filho, que estudava numa universidade em Tóquio, retornou para visitar a terra natal.

A esposa de Joryo, Miyo, tinha uma saúde frágil, e seus netos, filhos do seu filho mais velho morreram um após o outro; sua nora também havia falecido de septicemia depois de três anos de casado.

Embora fosse proprietário de um extenso e tradicional campo dourado de plantação de arroz herdado dos ancestrais, seu coração era nebuloso.

Intrigado com a sucessão de acontecimentos infelizes em sua vida, Joryo soube do princípio de causa e efeito elucidado pelo budismo e ingressou na Soka Gakkai junto com a esposa e o filho mais velho, embora não estivesse completamente convencido.

Ele foi o primeiro membro da Soka Gakkai que surgiu nas proximidades da cidade de Ota (posteriormen­te, parte da cidade de Daisen), província de Akita.

A esposa, que começou a recitar gongyo, dia a dia foi recuperando a saúde, e dentro da casa, em que pairava um ambiente sombrio, passaram a ecoar alegria e risadas. Ele fortaleceu sua convicção em relação à fé observando a postura forte, radiante e intrépida dos membros da Soka Gakkai que os visitavam, mesmo cada qual enfrentando suas próprias dificuldades e seus desafios.

Não se contendo de vontade de falar sobre o budismo para as pessoas, a primeira pessoa a quem ele fez shakubuku foi seu primo em primeiro grau. Os pais de sua esposa também iniciaram a prática budista. Sempre que arrumava tempo, ele saía para fazer shakubuku com sua esposa trajando chapéu de tecido de fibra de bambu e capa de palha.

Eles tinham muitos parentes na região. O elo da propagação foi se estendendo de um parente a outro e para conhecidos. Assim, em 1959, foi fundada uma comunidade na localidade de Ota, e Joryo foi nomeado seu responsável.

Cerca de dez anos após a sua conversão, 47 famílias de paren­tes tinham se convertido [ao budismo] e, num raio ao sul da província, havia cerca de 4.700 famílias de membros da Soka Gakkai. Entretanto, nem tudo foram épocas de calmaria. Em 1963, quando estava fora, chegou até ele a informação de que sua casa havia sido totalmente consumida pelo fogo. Ele perdeu a casa e a mobília herdada por gerações desde os ancestrais.

Ouviu vozes de crítica e desconfiança dizendo: “Você não falou que era um ensinamento supremo e que seriam protegidos sem falta?!”. Joryo sorriu e disse cheio de orgulho:

— Não se preocupe. Está tudo bem. Nós temos o Gohonzon!

O sol da convicção que brilha dentro do coração espanta as nuvens escuras da insegurança e da dúvida que cobrem as pessoas ao redor.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO