ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 04/04/2020 10:12
ENCONTRO COM O MESTRE
A valorização da vida é uma das premissas do Budismo de Nichiren Daishonin praticado e propagado pelos membros da Soka Gakkai Internacional (SGI). O Encontro com o Mestre desta edição traz orientações do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, nas quais ele expõe sua visão sobre o valor da vida. Além disso, expressa quanto a sociedade deposita confiança nos membros da Soka Gakkai.
Reprodução/Foto-RN176 Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista e atualmente é o Mestre e Terceiro Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI. Junto com alunos da Universidade Soka do Japão, Ikeda sensei recebe Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul (Japão, 31 out. 1990)
Todas as pessoas possuem a natureza de buda
- DAISAKU IKEDA
Em janeiro último, a Divisão Feminina (DF) da SGI-Estados Unidos realizou reuniões de líderes e conferências alegres e animadas na Flórida, em Nova York e em Los Angeles. Minha esposa, Kaneko, e eu assistimos a uma gravação em vídeo desses encontros em que se viam os sorrisos radiantes das participantes.
Uma representante de Guam, onde ocorreu a reunião de fundação da SGI há 45 anos (em 26 de janeiro de 1975), viajou para a Flórida para participar daquela conferência. Sucessivas gerações de líderes da DF e da Divisão Feminina de Jovens (DFJ), de quem minha esposa e eu nos lembramos com carinho, também estiveram presentes.
Enquanto assistíamos ao vídeo, minha esposa ficou aplaudindo essa rede de mulheres extraordinárias, que exemplifica com perfeição a afirmação de Nichiren Daishonin: “A senhora se tornará mais jovem e sua boa sorte se acumulará” (CEND, v. I, p. 485).
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Reprodução/Foto-RN176 O segundo presidente e Mestre da Soka Gakkai Internacional Josei Toda, profere a memorável Declaração pela Abolição das Armas Nucleares (Japão, 8 set. 1957).
A convicção de Toda sensei de que somos uma única família, expressa por ele em meio à Campanha de Fevereiro (de 1952), fundamentou todos os meus diálogos ao longo dos anos. Esse foi um importante ponto de concordância durante o diálogo entre Nelson Mandela (1918–2013), ex-presidente da África do Sul, que devotou a vida pelo fim do apartheid, e eu.
Há trinta anos, em 11 de fevereiro de 1990, Mandela, bravo defensor dos direitos humanos, finalmente saiu da prisão de modo triunfante após mais de 10 mil dias (27 anos). Curiosamente, aquele ano também assinalava o 90º aniversário de nascimento de Toda sensei, defensor indomável da Lei Mística.
Em outubro daquele mesmo ano, com um grupo de membros da Divisão dos Jovens (DJ), recebi Mandela durante a sua primeira visita ao Japão. É uma lembrança inesquecível! Nós dois ficamos felicíssimos pelo reencontro cinco anos depois (em julho de 1995), quando ele esteve no Japão como novo presidente da África do Sul.
Durante o período em que esteve preso, Mandela deu continuidade aos seus esforços incansáveis contra o apartheid, convertendo muitos guardas e perseguidores em amigos por meio do diálogo.
Qual era a fonte de sua força?
O segredo, afirmou ele, era sua fé na natureza humana, sua convicção de que todas as pessoas “têm uma alma decente, e que se tocar o coração delas, elas serão capazes de mudar”.
No Sutra do Lótus, o bodisatva Jamais Desprezar demonstra respeito aos outros por meio de suas ações. Era movido por sua imensa e inabalável convicção de que todas as pessoas possuem a natureza de buda. Hoje, os jovens Soka, espelhando-se nesse bodisatva, estão trabalhando juntos para expandir nossa rede de igualdade humana e de respeito pela dignidade da vida por todo o mundo. Tenho a certeza de que tanto Mandela como Toda sensei estão observando os esforços deles com o sorriso dos bravos heróis.
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Em meus diálogos com muitos líderes mundiais, entre os quais o ex-primeiro-ministro chinês Zhou Enlai (1898–1976), eu sempre era tomado de profunda emoção. Isso por constatar muitas vezes que a pessoa com quem conversava tinha a mesma idade de Toda sensei, se estivesse vivo.
Foi assim que me senti quando conheci o empresário americano Armand Hammer (1898–1990). Ele estava com 91 anos quando nos encontramos em Los Angeles em fevereiro de 1990, no exato período em que foi anunciada a libertação de Mandela.
Hammer fora um dos principais proponentes das cúpulas do presidente norte-americano Ronald Reagan e do presidente soviético Mikhail Gorbachev, que resultaram no fim da Guerra Fria. Ele comentou sobre o seu papel nesse episódio num encontro que tivemos quatro meses mais tarde (em junho de 1990), na Universidade Soka do Japão.
Ele disse certa vez:
Reprodução/Foto-RN176 Nelson Mandela dialoga com jornalistas após o seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU (Estados Unidos, 3 out. 1994)
Durante todo o tempo, e em minhas ações, tentei realizar algo como um benefício eterno para o mundo; agregar o que fosse possível às riquezas do planeta e dividir com todas as pessoas as belezas e o encanto da vida.
Hammer e outros importantes pensadores da geração de Toda sensei, com quem estreitei laços, em seus últimos anos de vida, depositaram grande esperança nos esforços da Soka Gakkai para criar um futuro mais radiante.
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Nunca me esquecerei do trecho dos escritos de Nichiren Daishonin que costumava ler com Toda sensei: “Por esta razão, apesar de [o Buda] ter vivido neste mundo por cento e vinte anos, faleceu aos oitenta e nos legou os quarenta anos restantes de sua vida” (CEND, v. I, p. 45).
De maneira similar, Toda sensei conferiu aos membros da Soka Gakkai — organização que ele descreveu como a mais dedicada e mais preciosa que sua própria vida — a nobre missão de realizar o propósito do Buda. Hoje, 120 anos após o seu nascimento, o espírito de Toda sensei permanece vivo e vital na harmoniosa comunidade de praticantes budistas que é a Soka Gakkai. Fazendo do coração dele o nosso, avancemos com o espírito de “diferentes em corpo, unos em mente” rumo à concretização do grande juramento pelo kosen-rufu, por meio da propagação da grande Lei. Desse modo, somos capazes de extrair sabedoria e força ilimitadas.
Simbolizando o mês de fevereiro, quando a Soka Gakkai tradicionalmente redobra seus esforços para compartilhar o Budismo Nichiren com os outros, as flores de ameixeira desabrocham no Japão, como arautos da primavera, apesar de os ventos frios continuarem soprando.
Sigamos em frente corajosamente ao lado dos nossos companheiros, unidos num juramento comum! Propaguemos as brisas perfumadas do benefício da Lei Mística por toda a sociedade e o mundo, fazendo soar a alegre melodia da primavera!
Fonte:
Este conteúdo é composto por trechos da série de ensaios “Irradie a Luz da Revolução Humana”, publicada no jornal Seikyo Shimbun, edição de 7 de fevereiro de 2020.
