ROTANEWS176 26/10/2024 11:30 NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Dr. Daisaku Ikeda
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria ilustração de Kenichiro Uchida
Parte 69
Agora, os companheiros de Akita venceram superando a “tempestuosa problemática do clero”, ocasionada pelos sacerdotes do Shoshin-kai, e receberam Shin’ichi Yamamoto em meio ao “céu límpido de alegria”.
Justamente por isso, ao ouvirem a denominação Seiten Hiroba (“Espaço Céu Límpido”), não apenas Toshihisa Komatsuda, mas todos os que estavam próximos não esconderam a alegria.
Foi realizada ao entardecer desse dia na cidade de Akita a conferência de representantes de Tohoku. Nessa reunião, foram minuciosamente comunicados os tratamentos implacáveis e desumanos dos sacerdotes do Shoshin-kai nos templos como os de Omagari e de Noshiro.
Num dos templos, ao se solicitar uma cerimônia em memória do falecido, aproveitando com unhas e dentes essa chance, [o reverendo] veio investindo dizendo para a pessoa sair da Soka Gakkai, caso quisesse que ele fosse realizá-la. Não havia como ceder a uma intimidação como essa. O responsável pelo Grande Bloco (atual responsável pela comunidade) liderou a oração (doshi) olhando de lado para as pessoas que abandonaram a organização e compareceram em parte para zombar dos membros da Soka Gakkai, os quais recitaram solenemente gongyo e daimoku com a voz unida, de forma magnificente.
Em outro templo, uma senhora, que perdeu uma pessoa da família, lutava contra a tristeza ao ouvir do reverendo palavras cruéis que pareciam não ser ditas por um clérigo.
Na conferência de representantes, avaliou-se a possibilidade de enviar líderes para incentivar os companheiros dessas duas localidades.
— Ao pensar nas dificuldades de vocês até agora, meu peito parece se dilacerar. Como suportaram tudo tão tenazmente. Vocês que mantiveram a justiça em prol do kosen-rufu deverão receber uma grande exaltação do buda Nichiren Daishonin. De qualquer forma, quero que os líderes abracem amplamente a todos e os protejam até o fim. Para tanto, o importante é prestar máxima atenção. Às vezes, acontece de o ser humano ser influenciado pelos sentimentos e acabar magoando os outros devido à maneira de falar sem cuidado. No entanto, no mundo da prática da fé, jamais pode acontecer de se levar os companheiros a abandonar a organização por palavras e ações descuidadas ou que machuquem. A base é seguir relacionando-se com os companheiros com o sentimento de respeitar o Buda. Desejo que tenham uma profunda consciência de que nossa Soka Gakkai é justamente o mundo de um rico bom senso onde se pode polir o caráter e respeitar cada pessoa.
Parte 70
Shin’ichi Yamamoto, após concluir a conferência de representantes de Tohoku e retornar ao Centro Cultural de Akita, recitou gongyo com os membros das comissões e tirou foto comemorativa com os integrantes da Divisão dos Jovens. Nesse dia, chegaram ao centro cultural cerca de mil pessoas, as quais ele as incentivou de todo o coração.
E ainda, ao ouvir que muitos companheiros estavam recitando daimoku em sua residência para o grande sucesso das atividades, Shin’ichi lhes enviou daimoku de gratidão. Então, anos depois viria a ser fundado o Grupo da Orientação a Akita na Neve.
No dia seguinte, 11 de janeiro, o céu estava totalmente azul desde a manhã. Era tanto que os raios de sol chegavam a ofuscar com seu brilho.
Então, na parte da manhã, Shin’ichi seguiu no ônibus da Soka Gakkai junto com os líderes da coordenadoria de Tohoku e da província de Akita para a Sede de Akita. Essa sede é o castelo da Lei que veio sendo utilizado como local central da província até a conclusão do Centro Cultural de Akita no fim do ano passado. Ali, desde o Ano-Novo e durante um mês estava sendo realizada a exposição Ações em Prol da Paz que apresentava o caminho trilhado por Shin’ichi para a promoção da paz mundial.
Shin’ichi foi até o centro cultural para se encontrar com os membros da Divisão dos Jovens, os quais vinham realizando os preparativos abdicando de desfrutar até o período de fim e início de ano, e para lhes transmitir seu sentimento de gratidão.
— Sou grato pelos seus esforços! Vocês se empenharam muito.
Ele direcionou a voz aos membros responsáveis pela condução do evento e por guiar os visitantes e passou a apreciar a exibição.
Em seguida, Shin’ichi dialogou com representantes durante um almoço e depois visitou a residência de um membro benemérito. Era a casa do falecido Koji Sato, que atuou como primeiro responsável pelo Distrito Akita, chamado de “o notável do Mar do Japão”.
Koji Sato se converteu ao budismo em 1953, aos 39 anos. Seu irmão caçula, que fora morar em Tóquio, iniciou a prática da fé. Com a propagação do budismo feita por ele, no ano anterior, com exceção de Koji, os quatro irmãos e irmãs se converteram em seguida.
Observando a Soka Gakkai, Koji pensou: “A Soka Gakkai está atraindo tantos jovens. Gostaria sem falta de me encontrar pessoalmente com seu presidente e ouvir suas palavras”.
E assim, ele procurou o segundo presidente da organização, Josei Toda. Após conversarem, Toda sensei disse, prevendo a atuação de Koji:
— Confio-lhe Akita!
Tocado por esse espírito e caráter, ele respondeu espontaneamente: “Sim. Vou me esforçar em Akita”.
É a ressonância de vida com vida que move as pessoas.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria de Kenichiro Uchida
Parte 71
Ao se converter, Koji Sato se empenhou seriamente nas atividades da Soka Gakkai. Ele possuía originalmente uma personalidade séria.
Nessa época, Akita pertencia à Comunidade Yaguchi, do Distrito Kamata, e os sogros de Shin’ichi Yamamoto, Yoji Haruki e Akiko, atuavam respectivamente como responsável pela comunidade e responsável pela Divisão Feminina de distrito. Os dois se revezavam e viajavam todos os meses num trem noturno por doze horas para transmitir continuamente orientações e incentivos em Akita.
E assim, cuidadosamente com o coração, foram ensinando a Sato e aos demais membros cada um dos pontos fundamentais da prática da fé. Eles também percorreram juntos a localidade oferecendo incentivos individuais e fazendo shakubuku, bem como exortaram a importância de seguir falando sobre os princípios do budismo citando o Gosho com convicção. Os amados companheiros de modos simples e sinceros de Akita assimilaram esses fundamentos tal qual a areia [seca] absorve a água e foram rapidamente adquirindo força.
A transmissão da prática da fé é realizada justamente pela ação. Os membros mais novos aprendem e se desenvolvem tendo como modelo as ações dos veteranos.
Em 1954, um ano após a conversão de Sato, surgiu o Grande Bloco Akita com uma fileira de oitocentas famílias. Então, o bloco se desenvolveu e se tornou o Distrito Akita, em 1956, tendo Sato como seu responsável. A irmã mais nova dele Tetsuyo Sato foi então nomeada responsável pela Divisão Feminina de distrito.
Koji Sato trabalhava no ramo de perfuração exploratória para fontes termais. Por não haver água potável confiável o suficiente no templo principal do clero, Josei Toda solicitou-lhe no Ano-Novo de 1955 que fizesse perfuração exploratória para encontrar um veio d’água subterrâneo. A pesquisa para localizar reserva de água subterrânea na área interna do templo principal vinha sendo realizada de tempos em tempos desde a era Meiji, mas a conclusão dos geólogos era de que “não existe veio d’água”.
Ano a ano, cada vez mais, muitos membros da Soka Gakkai visitavam esse local e, com a prosperidade do clero, tornou-se uma questão urgente assegurar água potável. Sato perfurou aproximadamente 200 metros da área que havia visualizado por cerca de três meses, mas não localizou o veio d’água subterrâneo.
Josei Toda orientou-o rigorosamente: “Encontre-a sem falta para salvaguardar o clero e proteger os companheiros, que são os filhos do Buda. Sato sentiu grande emoção pela sincera devoção de Toda sensei, que, por desejar o kosen-rufu, zelava até pelo clero. Ele orou esforçadamente.
Parte 72
Koji Sato acumulou sério daimoku com pensamento, sentimento e determinação (ichinen) resolutos. Certo dia, ao começar perfurar outro local, com apenas cerca de 26 metros, a água subterrânea jorrou, como se fosse uma dádiva da natureza. Era uma fonte farta e ininterrupta que fornecia aproximadamente 216 litros de água de boa qualidade por minuto. Com isso, foi possível construir um sistema de abastecimento de água na área interna do templo principal.
Durante toda a sua vida, Sato não perdoou os maus sacerdotes que pisotearam a Soka Gakkai, a qual veio se dedicando ininterruptamente para defender e proteger o clero.
Shin’ichi Yamamoto visitou o Centro Cultural de Aoyama em janeiro de 1979, três meses antes de ele renunciar ao cargo de presidente, e dialogou com representantes de Tohoku. Havia também entre essas pessoas a imagem de Sato e de sua irmã Tetsuyo. Há dois anos, Sato foi diagnosticado com câncer de pulmão, e lhe disseram: “Terá três meses de vida, no máximo um ano”.
Shin’ichi, apertando firmemente a mão de Sato, disse-lhe:
— Enquanto mantiver a prática da fé, não haverá nada a temer. Sobreviva com todas as forças a cada dia. E o sol nascente se tornará em breve o sol poente. Peço que adorne a vida tal qual o radiante e solene sol poente. Assim como o sol que ilumina as pessoas, deixe incentivos que resplandeçam por toda a eternidade no coração dos companheiros.
Koji Sato se levantou como uma fênix. Tomou iniciativa de percorrer até a residência dos membros para oferecer orientação individual. Tocado pelos seus incentivos, muitos companheiros sentiram o sangue fervilhar para “refutar o errôneo e revelar o verdadeiro” (haja kensei). Todos juraram mutuamente proteger de forma impreterível o castelo Soka. Uma existência de luta emana um belo brilho.
Sato cerrou as cortinas da sua existência de 66 anos. Ele faleceu após mostrar a comprovação de prolongar a vida por três anos depois de receber o diagnóstico de câncer.
Representando Shin’ichi, sua esposa, Mineko, e seu filho fizeram uma visita de condolências à família. Shin’ichi havia lhe presenteado com uma bengala havia algum tempo. Conforme o forte desejo de Sato, ele foi colocado no caixão vestido de fraque e segurando em mãos a bengala. Disseram que esse desejo foi movido pelo sentimento de “partida para a marcha do kosen-rufu da próxima existência”.
Havia se passado um ano e oito meses a partir de então. Foram os últimos anos de vida tal qual um pôr do sol dourado. Shin’ichi, que visitou a família Sato, recitou gongyo com a viúva, Mieko, a irmã Tetsuyo e com os familiares, oferecendo oração em memória dele.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
No topo: ilustração de Kenichiro Uchida
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO