VÍDEO: DA CONVERSA FORMAL DO CANTOR! –
ROTANEWS176 E POR MÚSICA & BADALO 12/06/2021 11:26 Por Carlos Lima Costa
O cantor e compositor, que vai completar oito décadas de vida, brinda os fãs com uma série de vídeos mensais no YouTube. No projeto Rodrigo + Benito – Em Casa, em parceria com o filho Rodrigo Vellozo, ele reinterpreta canções, mescladas com histórias e reflexões de seus mais de 50 anos de carreira. “Quando fazemos algo pensando na família, dá certo e a vida segue assim também. Quando se tem filho, a gente aprende com ele. Não poderia ser diferente”, frisa. “É um privilégio ver meu pai no auge de sua potência criativa. Ele é um artista único e definitivo”, completa”, frisa, orgulhoso, o herdeiro musical.
Reprodução/Foto-RN176 Uday Vellozo MT, nome artístico Benito di Paula, cantor, compositor, pianista e escritor completa 80 anos: “Cigano de raça e de fé” (Foto: Bruno Trindade Ruiz)
O ano de 2021 tem marcado a celebração de uma geração de ouro da música brasileira que nasceu em 1941. E o cantor de sucessos como Charlie Brown, Mulher Brasileira e Retalhos de Cetim, Benito di Paula está incluído nesse grupo, que tem Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso. O start pelos seus 80 anos foi dado com o Projeto audiovisual Rodrigo + Benito – Em Casa, no canal de Rodrigo Vellozo, seu filho, no YouTube, e os dois planejam ainda a gravação de um disco. “O que temos de mais importante é a família. Quando fazemos algo pensando na família, dá certo e a vida segue assim também. A música está dentro de mim e da nossa família. A música está em nós”, observa Benito.
Reprodução/Foto-RN176 Pai e filho dividem o projeto Rodrigo + Benito – Em Casa (Foto: Bruno Trindade Ruiz)
O projeto de vídeos relembra clássicos da carreira de Benito, entremeados de histórias de algumas passagens de sua carreira de mais de 50 anos como cantor, compositor e pianista. “Pensei no meu primeiro encontro com Luiz Gonzaga (1912-1989), como foi trabalhar com o grande mestre e saudoso amigo e maestro Sivuca (1930-2006), entrar no palco e assistir duas mil crianças portadoras de deficiências físicas cantando a minha música Além de Tudo. Ainda fizeram uma mudança na letra da música agradecendo a mim”, cita ele sobre alguns de seus momentos marcantes. Mas se abstém de apontar as canções de seu repertório que mais lhe tocam o coração. “É muito difícil responder, porque tenho 50 milhões de discos vendidos no mundo inteiro”, avalia o músico.
E ele está plena ebulição de criatividade: “O pedreiro para de ser pedreiro? O pintor para de ser pintor? O que devia parar é político de ser político”, dispara, brincando ainda sobre a idade: “Estou me sentindo com quase 81 anos com a minha cabeça no lugar e saúde. Tudo está no seu lugar. Me sinto com 208 anos”. Ano passado, em meio à pandemia, Benito di Paula radicalizou raspando a vasta cabeleira, o bigode e o cavanhaque, que eram como uma marca registrada de seu visual. “Pensei que eu ia ficar igual ao Bruce Willis (ele chegou a ficar careca), mas como não fiquei, deixei crescer novamente. E não estranhei. Se eu me estranhar como eu sou, estou ficando maluco. Fiz fotografias com os dois visuais. E gosto de todos. Agora, o visual antigo me traz lembranças do Chacrinha (1917-1988) e de Luiz Gonzaga”, recorda.
Reprodução/Foto-RN176 Benito, ano passado, deu adeus à vasta cabeleira, a barba, o cavanhaque, que durante décadas foram marca registrada (Foto: Reprodução/Instagram)
No primeiro dos vídeos, pai e filho reinterpretaram Além do Arco-íris e Proteção Às Borboletas. Rodrigo, que idealizou o projeto, diz que ele é “primo” das lives que os dois começaram a realizar no Instagram e no YouTube, após o início da pandemia. “Naturalmente fiz uma imersão profunda no repertório do meu pai, pesquisando músicas que não ouvíamos há muito tempo e experimentando nas lives. Conforme as pessoas pedem, a gente segue um processo de redescoberta. Então, surgiu a ideia de registrarmos esse momento também em outro formato, focando em canções específicas, com histórias, conversas e uma qualidade mais apurada de som e imagem. Além de ser um registro familiar deste nosso momento juntos em casa”, explicou ele, que o homenageará de todas as formas que puder. “É um privilégio ver meu pai no auge de sua potência criativa. Ele é um artista único e definitivo”, completa, orgulhoso.
Reprodução/Foto-RN176 Rodrigo gravou um disco recentemente e contou com um dueto com o pai: “Foi a primeira vez que ele gravou uma composição minha” (Foto: Murilo Alvesso)
Por sua vez, Rodrigo explica que em relação às gravações de vídeos e as realizações de lives, ele não é o único que cuida dos detalhes inerentes às novas tecnologias. “Meu pai domina até melhor do que eu. Dividimos as funções. Ele gosta de criar os posts e eu ajudo a organizar. Tem vezes que ele combina com o público alguma live surpresa e só me avisa na hora. A gente se diverte”, assegura. Por falar em tecnologia, quando Benito di Paula iniciou carreira, era através dos LPs que se ouvia música. Hoje em dia, temos os streamings nas plataformas digitais. E cada vez mais são raros os CDs, a mídia física. Como ele encara a mudança do mercado fonográfico? “Eu via as plataformas digitais facilitando a vida profissional do compositor, do cantor… Mas, hoje, um pouco pior do que estava”, pondera Benito.
Reprodução/Foto-RN176 “Ao me debruçar sobre o repertório do meu pai, eu percebo como essas canções são parte de quem eu sou”, frisa Rodrigo Vellozo (Foto: Murilo Alvesso)
A parceria entre pai e filho foi algo que surgiu naturalmente desde que Rodrigo era criança. “Sempre teve música na nossa casa e foi natural que transbordasse para a profissão. Eu canto com meu pai praticamente desde que nasci. Aprendo muito com ele. É uma vida inteira dividindo o palco e a vida. Ao me debruçar sobre o repertório dele, percebo como as canções são parte de quem eu sou. O artista exuberante que ele é me inspira”, enfatiza Rodrigo. “A gente faz filho e aprende com eles. Não poderia ser diferente”, completa Benito, que, em 2019, sofreu um grande baque com a morte do filho André Vancellote Vellozo, aos 36 anos. Em homenagem póstuma ao irmão, Rodrigo gravou o disco O mestre-sala da minha saudade, que serviu como uma catarse pessoal para ele e o pai. “Sim. Foi um processo de sobrevivência para mim. A música que meu pai gravou comigo, nosso primeiro dueto registrado em disco e a primeira vez que ele gravou uma composição minha, funcionou como uma espécie de clímax do disco, uma conversa bem direta com meu irmão. Com a pandemia e as lives, criamos o hábito de cantar sempre e eu percebo que é sempre um momento nosso de oração mesmo. Acho que este trabalho é um momento fundamental na minha sobrevivência além de um marco definitivo na minha relação com meu pai. Tudo se transformou e virou algo bonito, mesmo no meio de tanta dor”, pontua.
Reprodução/Foto-RN176 Em homenagem ao irmão, que morreu em 2019, Rodrigo gravou o disco ‘O mestre-sala da minha saudade’, que serviu como uma catarse pessoal para ele e o pai (Foto: Bruno Trindade Ruiz)
O trabalho ganhou uma nova versão, em setembro do ano passado, quando ele realizou uma live solo com as canções do disco, sob a direção artística de Romulo Fróes. “Ao mesmo tempo em que lembrava um ano da partida do meu irmão, recriava as canções ao piano, a partir da forma como elas foram compostas. Acabaram surgindo alternativas interpretativas interessantes. Então, decidimos masterizar o som e transformar em um álbum. Como se fosse um bonus track de O mestre-sala da minha saudade, acrescenta Rodrigo.
E Rodrigo, temeu a comparação com o trabalho do seu pai? “Acho que sempre soube que seria artista. Nasci mesmo com essa vocação muito forte, vendo meu pai, meus tios. Foi um caminho muito natural, embora eu tenha hesitado até mesmo pela experiência de acompanhar de perto todas as dificuldades da trajetória artística. Não temi a comparação, não, acho que até pelo fato de a música ser algo bastante natural na nossa família. No entanto, me incomodam sim comparações agressivas. Acredito que a expressão artística é um reflexo da essência de cada pessoa e é natural que tenhamos coisas diferentes e também em comum. Sou o fã número um do meu pai, para mim um artista único e definitivo. Até mesmo por isso, respeito também a minha própria individualidade. Esta é também uma das grandes lições que aprendi com ele”.
Em relação à pandemia, Rodrigo deixa claro que ela impactou fortemente a vida dos dois. “De uma forma absolutamente brutal. A gente vive do ao vivo, dos shows e eu ainda do teatro. Mesmo antes da pandemia já estávamos em uma espécie de isolamento por conta do luto pela morte do meu irmão. Se por um lado ele já estava sendo meio que parte do nosso cotidiano, por outro parece que estamos ainda mais tempo isolados. É cansativo e assustador pensar em como será possível voltar ao trabalho presencial”, reflete.
Reprodução/Foto-RN176 Todo mês, pai e filho vão disponibilizar um vídeo no YouTube, cantando canções de Benito, que ainda vai relembrar histórias marcantes (Foto: Bruno Trindade Ruiz)
“O que eu faço é orar para que passe logo e todos voltem a ter o que comer, a trabalhar e a terem saúde. Do jeito que está, Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, 1923-1968) já havia escrito”: ‘O ser humano é inviável’”, aponta Benito, que reage de forma crítica ao pensar na forte polarização política atual, em momento que o Brasil se aproxima dos 500 mil mortos pela Covid-19.“Por essas, outras e muitas razões, incluindo as ditaduras, eu acho que deve ser banido da vida o direito de ser político”, aponta.
Isolados, Rodrigo e Benito não contraíram Covid-19. “Acho que a disciplina do distanciamento social foi bem rígida aqui em casa e, por sorte, até agora conseguimos nos proteger. Sempre tive muito medo de meu pai pegar, então acho que acabo sendo bastante exagerado nos cuidados”, comenta Rodrigo. E Benito diz feliz que já tomou as duas doses da vacina. “Foram apenas duas picadinhas no ombro”.
RN176; Assista o bate papo instilo entrevista de Benito di Paula, dos seu 80 anos, com reiterações de seu filho Rodrigo Vellozo, no canal que seu filho tem no YouTube. Faça o seu comentário dessa conversa feita em casa?