Boris Casoy diz por que decidiu estudar veterinária: “Quero ajudar quem precisa”

ROTANEWS176 E POR IG  09/09/2021 06:00                                                                                                              Por Renan Silva

Em entrevista exclusiva ao Canal do Pet, o jornalista fala do interesse sobre a medicina veterinária e planos para o futuro dentro da nova profissão

Reprodução/Foto-RN176 O jornalista iniciou na faculdade de medicina veterinária aos 80 anos de idade – Divulgação

RESUMO

  • Boris Casoy começou a trabalhar no rádio com apenas 15 anos de idade, atuando como locutor esportivo
  • Aos 22 anos, ingressou na faculdade de Direito, a qual nunca chegou a terminar.
  • O jornalista admira os animais e acredita que curá-los é uma das vocações dele.
  • Para ele, é importante ter desafios a superar e que não pretende se aposentar: “[Isso] enlouquece e mata”, diz.

Boris Casoy, que está com 80 anos, chamou a atenção do público por um motivo bem inusitado: com 65 anos de carreira no jornalismo,  decidiu entrar para a faculdade e começar um curso de medicina veterinária.  Ele conta que sempre quis fazer Direito e o trabalho como jornalista, para ele, era apenas um “bico”, pois era mal remunerado. “Na época, o jornalista era mal visto, trabalhar em rádio e jornal era como andar em ‘más companhias’. Havia uma fama de [os jornalistas] serem pessoas que bebiam e fumavam”, lembra.

Mesmo com uma carreira de sucesso no jornalismo, havia outro sonho guardado. Casoy queria fazer medicina veterinária e declarou em várias entrevistas que, quando terminasse a carreira como jornalista, ingressaria em uma nova empreitada.

“O ser humano pode gostar de várias coisas ao mesmo tempo, mesmo que contraditórias entre si. Então eu gostava também de medicina veterinária”, comenta. “Aí, me deu esse estalo: é uma vocação que eu também tinha, a mesma vontade que tem um jovem que decide que vai fazer veterinária. E agora eu tive tempo [após a saída da RedeTV!]”, afirma.

O agora estudante garante que fez o vestibular e pretende começar os estudos também de forma presencial. “Ainda está sendo à distância, devido à pandemia, mas acredito que até o fim do ano volte a ser presencial”, acredita.

O jornalista diz ser um grande curioso sobre os animais e que tem uma boa relação com eles. “Vejo neles uma projeção da natureza e do universo, vou conhecer, me aprofundar e me tornar íntimo desses bichos que eu tanto admiro”, conta com entusiasmo. Além de cães e gatos, ele também conta ser um apreciador de insetos e até aracnídeos. Ele afirma que, caso tenha oportunidade, também pretende trabalhar com animais exóticos.

Atualmente o âncora produz o próprio jornal, o “ Jornal do Boris ”, veiculado no Youtube, e assim continua ativo com o jornalismo. Ele afirma que, se aparecerem outras oportunidades na área, não descarta a possibilidade de voltar à TV. “Estou tentando ver se veterinária era mesmo o que eu queria. Por enquanto sim, eu estou me identificando. Às vezes você pode ter uma decepção, mas isso não aconteceu comigo, estou gostando”, afirma.,

Reprodução/Foto-RN176 Boris Casoy iniciou a carreira como jornalista no rádio aos 15 anos de idade – Divulgação

Conciliando as carreiras e os desafios

Questionado sobre conciliar a carreira jornalística com a de médico veterinário, Boris afirma que sim, tem planos e que pretende abrir o próprio consultório. “Eu termino [o curso] com 85 anos, se eu estiver vivo e com saúde, como estou hoje, eu vou clinicar sim”, diz.

O jornalista se mostrou surpreso, a princípio, com a repercussão da notícia de que um “velho estar entrando na faculdade”, segundo ele, mas que ao iniciar o curso se surpreendeu ao notar que havia mais pessoas com idades “mais avançadas”.

“Agora eu fiquei sabendo, na minha classe tem muita gente mais velha – ninguém com 80 anos – mas tem gente com 45, 50… É um momento em que as pessoas estão se voltando para isso, eu não sei até que ponto a pandemia influiu, mas as pessoas ficaram em casa e tiveram mais tempo [para pensar], os aposentados estão percebendo que a aposentadoria torna a pessoa um morto vivo e que você ficar apenas lendo, dormindo e viajando é algo que te cansa, enlouquece e mata”, salienta.

O estudante de medicina veterinária também ressalta que arrumar essa nova atividade faz parte de algo que busca sempre ter: desafios a superar e idade para ele não é um fator limitador. “Eu achava que velhos eram as pessoas que tinham mais de 60 anos, agora você lê as notícias e vê que pessoas estão morrendo com 100, até 102 anos. O conceito de ser velho está mudando e varia de pessoa para pessoa. Tem gente com 75 anos que está correndo uma maratona e tem jovem de 20 anos que já se entregou. Então velho, para mim, é quem não consegue viver plenamente”, conclui.

E, segundo ele, além de abrir um consultório, também existem planos para fazer atender a quem mais precisa, independente do poder aquisitivo. “Eu não sei exatamente como vai ser. Eu vou cobrar de quem puder pagar e vou atender todo mundo do mesmo modo. Sou incapaz de ver um animal sofrendo e dizer, ‘se não pagar a consulta, eu não faço’. A minha tendência é muito mais atender do que ganhar dinheiro”, afirma.

“É muito mais uma questão de solidariedade, de reduzir o sofrimento, tornar a vida mais suave do que ganhar dinheiro. Animal é tudo de bom”, conta com entusiasmo.

Reprodução/Foto-RN176 Boris Casoy com a cachorra de estimação – Divulgação

Mais que animais de estimação, filhos de quatro patas

Como um amante de animais, Boris Casoy também tem uma filha de quatro patas, como ele mesmo afirma, a cadela é a “pessoa mais importante da casa”.

“Eu vejo como filha! A minha cachorrinha é mestiça de rottweiler com pitbull. Eu pensei que seria um monstro, mas ela é uma bobona, é só amor. Não morde ninguém, não rosna para ninguém. Ela é a pessoa mais importante da minha casa, e o pior é que ela sabe disso”, afirma o jornalista e pai de pet.

A cachorrinha se chama Neguinha e o tutor diz que considera o nome politicamente incorreto, mas que a ganhou adulta e ela já tinha esse nome quando entrou para a família, hoje a pet está com sete anos.

Apesar de hoje ter apenas uma cachorra, o jornalista também mostra ser um grande amante dos felinos. “Eu tive um gato que convivia muito bem com o meu cachorro, [o gato] até cheirava a cachorro, estavam sempre juntos; O gato dormia em cima do cachorro e ele gostava”, relembra.

“Gato é um bicho fantástico. Eu tenho livros de psicologia animal, amo isso. Eu devoro artigos sobre o tema”, conta o jornalista que afirma que cães e gatos não se comparam. “São bem diferentes, é errado comparar ou dizer que gosta mais de um ou de outro. Ambos são inteligentes e se afeiçoam aos donos do seu próprio jeito, e é mentira que os gatos se afeiçoam mais à casa do que aos donos. Isso é uma grande mentira”.

Ligações com a natureza

Boris afirma também ter uma forte ligação com a natureza como um todo e conta que tem uma casa na praia, em Ubatuba (São Paulo), onde gosta de ir para descansar e considera o local como um refúgio para a agitação da cidade de São Paulo. Embora não esteja usufruindo do local já há algum tempo, ele afirma que gostaria de ter um contato mais profundo com a natureza.

Boris gosta de estar próximo das árvores, mas para ele os animais são a maior representação de um grande mistério que é o universo e acredita que, ao contrário do que dizem, esses não são seres irracionais, mas limitadamente racionais.

“Eu não sei se essa é uma definição científica, mas eu aprendi com um cientista – que não é da área veterinária, mas que gosta e tem muitos animais e ele os definiu assim. Eles têm inteligência, têm sentimentos, tudo dentro das possibilidades deles, que é muito mais do que as pessoas imaginam”, afirma.

A política ambiental no Brasil

Amante declarado da natureza e dos animais, Boris não deixa de declarar a opinião dele quanto à política ambiental do atual do governo Jair Bolsonaro. Em relação ao Ministério do Meio Ambiente, o jornalista considera o cenário um verdadeiro horror.

“Eu acho que o Bolsonaro perde a oportunidade de avançar no setor. Eu acho uma política retrógrada”, pontua. “Eu acho que tem que preservar a Amazônia e também tem que explorar, é preciso se integrar com a natureza. Eu não sou um ecologista que diz que não pode mexer, nunca ascender o fósforo porque é poluição. Eu acho que você precisa ter uma relação econômica de preservação da natureza”, opina.

Para Boris, é necessário que o ser humano explore os recursos da natureza, mas não de forma predatória como está acontecendo. “É preciso usufruir, sem destruir”, conclui.