Brasileiro foi executado sem venda e cantou música religiosa

Oito condenados à morte foram atados a um poste e executados por um pelotão formado por 12 homens

 ROTANEWS176 E TERRA 29/04/2015 09h08

ÁSIA

Os oito condenados à morte por tráfico de drogas fuzilados nesta quarta-feira na Indonésia faleceram com “força e dignidade”, encarando seus carrascos e entoando cânticos religiosos, entre eles ‘Amazing Grace’, explicou uma testemunha da execução.

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Reprodução/Foto-RN176  O corpo do brasileiro Rodrigo Gularte e velado  pela sua prima Angelita Muxfeldt após ser executado por punição de tráfego de cocaína  na Indonésia

Os condenados – o brasileiro Rodrigo Gularte, dois australianos, quatro africanos e um indonésio – fizeram uma longa viagem desde sua prisão, situada na ilha de Nusakambangan, até um clarão em meio à selva onde à meia-noite de terça para quarta-feira eram esperados por um pelotão de fuzilamento.

Mas ao invés de baixar a cabeça em sinal de derrota e resignação, todos negaram-se a colocar uma venda nos olhos e entoaram cânticos religiosos, até que o pelotão começou a disparar

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Reprodução/Foto-RN176  Brasileiro preso por tráfico é executado na Indonésia

Christie Buckingham, a pastora que acompanhou um dos australianos em seus últimos momentos, explicou ao marido que os condenados se comportaram “com força e dignidade até o fim”.

“Disse que os oito saíram ao campo de execução entoando cânticos de louvor”, explicou Rob Buckingham à rádio australiana 3AW.

Na cidade portuária de Cilacap, de onde se chega à ilha de Nusakambangan, um pequeno grupo de pessoas havia se reunido com velas pouco antes da execução, cantando também Amazing Grace e cobrindo os prantos dos que pensavam no que estava prestes a acontecer na selva.

“Não tenham medo, não há nada a temer”, disse Owen Pomana, um ex-presidiário e amigo dos condenados australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, tentando levantar o ânimo dos presentes.

Pouco depois, na ilha, os oito condenados à morte foram atados a um poste e executados por um pelotão formado por 12 homens. Ao amanhecer seus corpos foram devolvidos a Cilacap dentro de caixões.

Os familiares seguiam chorando enquanto seus amigos e as pessoas que se dirigiram à cidade portuária para dar apoio ajudavam a iniciar a longa viagem de retorno para casa junto com seus entes queridos.

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Reprodução/Foto-RN176  ‘Força e dignidade’ nos últimos instantes dos condenados à morte na Indonésia Foto: Aloysius Jarot Nugroho / Reuters

Angelita Muxfeldt, prima do brasileiro Rodrigo Gularte, chorava desolada enquanto um padre, Charlie Burrows, abria caminho entre a multidão.

A família e os amigos da filipina Mary Jane Veloso, por sua vez, choravam de alegria, depois que ela foi poupada na última hora.

Harold Toledano, um padre filipino que acompanhava a família de Veloso, explicou que estavam rezando quando o anúncio com a boa notícia foi dado. “Isso é um milagre!”, gritou enquanto os advogados comemoravam a boa nova.

“É como uma ressurreição, está viva”, disse.

Para os familiares dos dois australianos não houve consolo e perderam seus filhos e irmãos depois de terem tentado de tudo para evitar a execução.

“Pedimos clemência, mas não a deram. Estamos muito agradecidos por todo o apoio que recebemos”, disseram as famílias em um comunicado após as execuções.

Pouco depois chegava ao porto de Cilacap o corpo do indonésio Zainal Abidin, que foi enterrado em um cemitério próximo.