ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 05/09/2020 11:58
RELATO
A fé ininterrupta fez de Chiono uma mulher forte, de trajetória inspiradora
Reprodução/Foto-RN176 Sra. Chiono Oyama – Editora Brasil Seikyo – BSGI
A história da Sra. Chiono Oyama com o Budismo de Nichiren Daishonin se inicia há 52 anos quando essa filosofia ainda era pouco conhecida no Brasil. “Meu marido, Yutaka, e eu decidimos tentar praticá-lo, e ingressamos na BSGI em agosto de 1968. Sempre fizemos uma prática de água corrente, assim como aprendemos neste maravilhoso budismo”, ressalta.
Com certa timidez, ela revela que durante esses anos fez do acúmulo de pequenas vitórias uma jornada da qual se alegra em contar, especialmente porque em setembro comemora 97 anos. “A Sra. Oyama é um exemplo para nós. Ela é muito ativa e independente”, afirma a nora Noriko. “Faz as próprias tarefas, as orações, lê o BS. Ela sempre quis sair no jornal!”, complementa a sobrinha Satie.
“Vamos praticar! Parece bom!”
Chiono nasceu no Japão e, como muitos japoneses, desembarcou no Brasil com a família para trabalhar em grandes fazendas. “Eu tinha 9 anos. Minha família e eu trabalhamos em várias fazendas como colonos [emigrantes ou migrantes que se estabelecem em terra estrangeira; vivem e trabalham, como agricultores ou criadores, em terra alheia e recebem um salário], como Alta Mogiana, Registro, Sete Barras, Pompeia, entre outras, todas no interior de São Paulo. Foi uma época difícil em que sofremos muito.”
A vida tomou outro rumo, em 1941, quando ela se casou. No entanto, os desafios ainda persistiam. “Continuei morando em terras arrendadas por mais ou menos uns quinze anos. Casada, eu me mudei para a casa da família do meu marido e tivemos seis filhos, que nasceram sem intervalo de tempo para planejá-los. Com isso, surgiram as dificuldades financeiras e a desarmonia familiar.”
Em 1956, o casal se mudou para Presidente Prudente, SP, vivendo na cidade por quase dez anos. Mas a grande e significativa mudança aconteceu quando decidiram viver no sul do país. “Fomos para São Pedro do Ivaí, no Paraná, e lá começamos a plantar hortelã. Compramos uma casa simples, de madeira, em Londrina, onde dois filhos passaram a morar e a trabalhar. Certa vez, numa visita a essa cidade, num dia de chuva forte, acolhemos dois japoneses em nossa residência que nos convidaram para participar de uma reunião budista. A gentileza deles foi tanta que aceitamos o convite. Acredita que, na atividade, mesmo sem entender quase nada, recebemos o Gohonzon?”, diz, enfática.
Naquela época, era comum os simpatizantes do budismo se tornarem membros da organização durante as atividades promovidas. “Era 24 de agosto, data de conversão do presidente Ikeda. Meu marido estava bastante inseguro, mas eu o incentivei: ‘Vamos praticar! Parece bom!’.”
Com sinceridade e pureza de quem nutria esperança num futuro melhor, ela descreve o primeiro benefício da prática. “Numa tarde, recitei firme daimoku porque temia que o temporal que se formou destruísse nossa plantação. Naquela ocasião, choveu em muitos lugares, mas no sítio não. Quanta proteção!”
Mudar a realidade
O tempo passou e visualizando novos caminhos, o casal Oyama e quatro de seus filhos saem da zona rural, para morar em Londrina e administrar um bar. A família estava reunida e seguia se desenvolvendo. “Trabalhávamos bastante, até que compramos o bar. Tinha uma vida tão atribulada que sofria com intensas dores de cabeça. Atenciosos, os líderes da localidade me incentivavam a vencer a doença atuando pelo kosen-rufu. Integrava o grupo de bastidores Mamorukai e dava plantões na sede da localidade; entrei para o coral e participava das atividades da comunidade. Tudo era tão diferente e desafiador! Mas enfrentamos as dificuldades inspirados pelo Mestre. Nós nos dedicávamos ao máximo às visitas e ao estudo; e, motivada, ensinei o budismo para cinco pessoas que decidiram praticá-lo. Quando me dei conta, já não sentia mais dores de cabeça. Mudei o ritmo da minha vida, conquistei uma família harmoniosa, uma condição financeira confortável que me permite contribuir pelo kosen-rufu de todas as formas.
Com o coração forte, superei a morte do meu filho mais velho, em 1987, e da minha sobrinha e nora, que era líder de comunidade junto com meu filho, e faleceu vítima de um acidente vascular cerebral, anos depois. A dor que senti era quase insuportável, mas acreditei nos incentivos de Ikeda sensei quando cita que na jornada da prática da fé acontecem coisas boas e ruins. E que o importante é transformarmos o veneno em remédio. Já nos escritos de Nichiren Daishonin, li que ‘O inverno nunca falha em se tornar primavera’,1 fazendo surgir em mim a coragem para continuar.
Ela continua: “Dessa época em diante, passamos a recitar duas horas de daimoku diariamente e, mesmo sozinha, sigo essa meta até hoje”. Isso porque seu companheiro faleceu, em 2011, em meio à luta pelo kosen-rufu: “Ele tomou conta da sede da localidade e do centro cultural por catorze anos!”, salienta.
Também faleceram dois outros filhos, e novamente Chiono superou mais essa dor. O apoio da família Soka despertou nela ainda mais determinação para recomeçar e cultivar novas vitórias. “O principal é que nunca me afastei da prática que transformou minha história. Hoje, desfruto uma vida tranquila e de satisfação plena. Sou muito feliz! E meu daimoku é de máxima gratidão”, finaliza.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 559.
Chiono Oyama, 97 anos. Conselheira do Bloco Guaicurus, RM Londrina Norte, Sub. Norte do Paraná, CRE Sul, CGRE.