ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 23/01/2021 15:07
PELO MUNDO
REDAÇÃO/PELO MUNDO
Com coragem, Thaís avança em meio aos desafios e constrói uma história vitoriosa
Quando cursava o oitavo período da faculdade de engenharia, em 2018, no Rio de Janeiro, determinei realizar uma mudança grandiosa em minha vida. Praticava o budismo desde 2014 e até ali já havia enfrentado desafios como a separação dos meus pais, a doença e a pior dor que poderia sentir com o falecimento do meu irmão. Havia morado fora do Brasil e me deparado com situações que me fizeram amadurecer.
Recitava daimoku certa da mudança e rapidamente obtive uma resposta, sendo selecionada para realizar intercâmbio numa excelente universidade em Paris, França. Mas não tinha dinheiro suficiente para a viagem. Então, fiz trabalhos extras e vendi rifas para comprar a passagem e custear as despesas de um mês neste país.
Mesmo ainda sem ter um lugar para morar, mantive a convicção de que o melhor aconteceria. Uma semana antes do embarque, recebi a proposta de ficar no apartamento de uma colega, em Paris, enquanto ela viajava de férias, pagando um valor simbólico para isso.
Ao chegar, fui muito bem acolhida pelos membros da organização, e passei a me desafiar muito na recitação do daimoku. Em menos de três semanas consegui uma vaga para morar numa residência estudantil — exatamente com as características que havia determinado —, além de dois empregos. Precisei me esforçar ao máximo para conciliar a rotina intensa de trabalho e de estudos numa faculdade tão complexa, sem contar a adaptação à nova cultura e ao idioma. Não é fácil! Porém, não permiti que a escuridão me afastasse da prática budista, e aproveitei cada dificuldade para realizar minha revolução humana e cumprir minha nobre missão.
Reprodução/Foto-RN176 Thais em atividade do grupo de brasileiros
Naquele mesmo ano, minha avó, que me apoiou em todas as etapas dessa jornada, e minha mãe vieram me visitar. No entanto, dois dias antes de sair do Brasil, minha avó sofreu um acidente, mas foi autorizada pelos médicos a realizar a viagem. Chegando aqui, descobrimos que ela havia quebrado um osso da coluna vertebral e que corria o risco de ficar tetraplégica. Ela precisou fazer uma cirurgia, e nossa “viagem dos sonhos” se transformou em longos dias de hospital. No fim, consegui enxergar a situação com muita gratidão, pois a cirurgia foi um sucesso e ela recebeu os cuidados de excelentes profissionais.
Além disso, observando a minha convicção, minha mãe e minha avó iniciaram a prática budista, e por conta do ocorrido, ficaram aqui por muito mais tempo, com quase todas as despesas pagas pelo seguro-saúde. Esse é o princípio de “transformar o veneno em remédio”. Os obstáculos são sempre oportunidades para darmos um passo para uma felicidade mais ampla.
Reprodução/Foto-RN176 com a mãe Christina, à esq., e a avó, Wanda
Perto do término do meu intercâmbio, fui convidada a liderar um grupo de estudantes e uma comunidade na organização. Faltando um dia para o vencimento do visto, fui aceita no mestrado e consegui prolongar minha estada. Outro benefício é que fui selecionada para trabalhar em uma grande empresa e, recentemente, tive a chance de ir ao Brasil visitar minha família, o que foi uma surpresa para eles. Passamos momentos maravilhosos juntos. Sinto que transformamos profundamente nossa relação e que finalmente conquistamos a harmonia familiar. Sou profundamente grata por isso.
Na primeira reunião budista que participei, em 2014, fiquei muito tocada com o objetivo da Soka Gakkai: a paz mundial. Isso não é utopia, pois a paz começa com as ações de cada pessoa que se desafia, transforma a própria realidade e se torna referência positiva na família, em seu ambiente. É maravilhoso viver em prol dessa nobre missão, de fazer com que cada um que passe pela minha vida reconheça seu potencial ilimitado, vença em todos os seus aspectos e seja absolutamente feliz.
Sei que ainda tenho muitos desafios pela frente, mas não temo a nada! Ikeda sensei cita que tudo o que precisamos é de coragem. E Nichiren Daishonin diz: “Um covarde não pode ter nenhuma de suas orações respondidas”.1
Nota:
- The Writings of Nichiren Daishonin [WND], v. I, p. 1001.