Brilho da nova era

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  16/10/2021 07:50

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Capítulo “Grande Montanha”, volume 30

PARTE 61

No ano anterior, em 3 de julho de 1978, Shin’ichi Yamamoto havia composto e enviado aos jovens sucessores a letra e a música da Divisão Masculina de Jovens, intitulada Tomo yo Tate [Ó, Amigo, Levante-se!].

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustrações da Editora Brasil Seikyo – BSGI

Trilhando unicamente por este

sonho do kosen-rufu,

Façam ressoar os “Sete Sinos”

Um dia será o século da

nossa honrosa

canção do triunfo

Ó, amigo, levante-se em meio

às flores e à nevasca

Conforme consta na letra, os “Sete Sinos” ressoavam, e a Soka Gakkai recebia agora o amanhecer da nova partida visando o “século da canção da vitória”.

No dia 3 de maio, sob o límpido céu típico de maio, foi realizado no ginásio de esportes da Universidade Soka, no bairro de Hachioji, em Tóquio, a 40a Convenção da Soka Gakkai que comemorava a conclusão do primeiro ciclo dos “Sete Sinos”. Todos os participantes sabiam que era a convenção que celebraria a nova partida. No entanto, ninguém conseguia apagar o traço de tristeza que havia em seu coração. Havia também um forte pensamento de “O que acontecerá com a Soka Gakkai de agora em diante?”.

A reunião se iniciaria às 14 horas. Nessa convenção estava prevista a participação do sumo prelado Nittatsu e reverendos representantes. Para recepcioná-los, Shin’ichi se posicionou, antes das 13h30, no portão de entrada da Universidade Soka, junto com o novo presidente Kiyoshi Jujo e com os demais líderes. Pouco tempo depois, surgiu um micro-ônibus e um carro trazendo os clérigos.

— Sejam bem-vindos!

Shin’ichi, usando fraque, recepcionou os reverendos e os cumprimentou atenciosamente. No entanto, muitos deles nem sequer o cumprimentaram de volta e passaram direto, mostrando-se indiferentes. Entre eles, havia até aqueles que olhavam de relance com a expressão vangloriosa e desdenhosa, exibindo sorriso de escárnio.

Na mente de Shin’ichi, rostos de dor e de tristeza dos membros da Soka Gakkai que vieram sofrendo devido ao tratamento cruel dos sacerdotes perversos vinham à tona e desapareciam. Ele pensava que, com a sua retirada de cena, toda aquela situação seria resolvida, conforme dizia o clero, então estava bem para ele.

A quem devo proteger? Aos bravos membros da Soka Gakkai. Os tão amados companheiros. Os nobres filhos do Buda.

Para isso, ele tinha decidido em seu coração que não se importaria em se tornar um escudo ou mesmo se sacrificar.

Num coração resoluto desponta o sol da coragem.

PARTE 62

Na convenção desse dia não havia aquele pulsar enérgico da vida nem aquela alegria irradiante que sempre se veem nas reuniões da Soka Gakkai. Ao contrário do azul infinito que se estendia pelo céu, uma nuvem sombria e pesarosa encobria o coração de todos.

Os líderes que atuavam na condução da atividade agiam com extrema preocupação e com cuidado para não irritar os reverendos, como se manuseassem algo frágil e quebradiço. Eles sempre olhavam primeiro a expressão do rosto deles antes de se manifestarem.

Antes do início da reunião, os participantes foram rigorosamente instruídos pelos líderes da Divisão dos Jovens para que ninguém direcionasse a voz ou ovacionasse com alegria quando Shin’ichi Yamamoto entrasse na sala ou se dirigisse ao púlpito. Ao ouvir isso, Shin’ichi sentiu-se triste pela natureza desses corações, que pareciam amedrontados perante os asura.

Shin’ichi surgiu no palco do ginásio esportivo, que era o local da reunião. Todos contiveram o desejo de querer recebê-lo com uma estrondosa salva de palmas, e apenas lhe direcionaram um caloroso olhar em silêncio.

A convenção, que iniciou com as “palavras de abertura”, prosseguiu com “a conclusão dos ‘Sete Sinos’ e as perspectivas”, e com a “decisão de representantes” da Divisão dos Jovens e do Departamento de Estudo do Budismo.

Todas as pessoas que falaram evitaram, em especial, tocar nas árduas batalhas e nos feitos de Shin’ichi como terceiro presidente. Mais tarde, uma integrante da Divisão Feminina, relembrando-se dessa convenção e demonstrando sua ira, disse:

— Yamamoto sensei veio correndo incessantemente ao longo desses dezenove anos por nós. Porque ninguém consegue dizer “É graças a Yamamoto sensei que temos a grande expansão do kosen-rufu dos dias de hoje?”.

Em seguida, chegou o momento dos “cumprimentos do presiden­te honorário”, e Shin’ichi se dirigiu ao púlpito. Irromperam-se palmas dispersas e hesitantes. Do lado direito do palco, visto a partir do público, a maior parte estava preen­chida pelos clérigos. Um clima pesado permeava o ambiente, e todos se sentiam sob vigilância da “autoridade dos mantos clericais”. No entanto, o olhar dos participantes que observavam atentamente Shin’ichi era de pura seriedade. O desejo reprimido com muita dor no coração desses bravos companheiros de querer chamar por sensei, bradar bem alto seu nome, podia ser sentido fortemente por Shin’ichi.

“Está tudo bem! Minha luta só está iniciando a partir de agora!” — assim dizendo dentro do coração, ele dirigiu o olhar por todo o ginásio, deu um sorriso e se curvou em cumprimento. Aí estava o mesmo Shin’ichi de sempre. “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes”.1 Shin’ichi queria, mais que nunca, que cada um se tornasse forte tal como um leão.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263.