“Budismo é reconstruir-se!”

ROTANEWS176 07/06/2025 08:20

RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Do norte do Brasil, a jornada de Arley, que avança feliz ao triunfar sobre as adversidades                        

Reprodução/Foto-RN176 Arley Aldir Oliveira Ferreira. Na BSGI, é vice-responsável pelo Distrito Ananindeua, CRE Oeste.

Liberdade é a maior sensação que sentimos ao começarmos a praticar o Nam-myoho-renge-kyo. Ser quem somos, alcançar objetivos antes inatingíveis e, principalmente, adquirir coragem para juntar nossos pedaços e reconstruir nossa vida quando as tempestades do carma surgem. Eu me chamo Arley, tenho 57 anos, e há cinco anos retornei ao Pará, onde nasci e cresci, em Belém. Moro hoje num calmo sítio no município de Benevides, distante cerca de 34 quilômetros da capital do estado.

Não por acaso, Benevides tem história. O município tornou-se o primeiro na Amazônia e o segundo no país a libertar os escravizados nos anos 1800. Estou no lugar certo, pioneiro da liberdade e o local da minha missão. Em breve, completarei quarenta anos de Soka Gakkai, com muita gratidão. Conto um pouco sobre minha jornada de transformação.

Um adolescente que sabe o que quer

Foi aos 13 anos que o Budismo Nichiren entrou em minha vida. Por ser menor, só recebi meu precioso Gohonzon quando me tornei maior de idade. Estava feliz e determinado a seguir o budismo, abraçado que fui pelos companheiros da Soka Gakkai. Meus pais seguiam outras crenças, mas não me impediram, e nesses cinco anos de espera antes de me converter oficialmente eu já era visto colaborando nos plantões da sede em Belém. Eu queria ser como aqueles rapazes que corriam de um lado para outro, protegendo as atividades. Mais tarde, tornei-me membro desse grupo, o Gajokai, com muito orgulho.

Arley  com a família

Reprodução/Foto-RN176 Arley com a família

Casei-me aos 23 anos e tive uma esposa maravilhosa, uma grande companheira da prática da fé. Viajamos para o Japão em 1988 e lá permanecemos durante três anos. Nosso retorno se deu por um agravo em sua saúde. Foram momentos difíceis e muito daimoku recitado até que, em dado momento, ela faleceu. Sabia que havia cumprido a sua missão.

Eu acreditava que estava fortalecido o suficiente para passar por esse sofrimento. Meses depois, fui entrando em um estado de depressão que só se agravava, chegando a ponto de não me alimentar, sair de casa, tomar banho, nem mesmo sentar para recitar daimoku. Não sentia o desejo de fazer nada. A vontade de tirar a própria vida vivia me rondando. Esse quadro se estendeu por aproximadamente dois anos.

Companheirismo em todas as horas

Em uma bela manhã, resolvi viajar, coloquei a mochila nas costas e fui parar no Oiapoque, no estado do Amapá, fronteira com a Guiana Francesa. Lá, trabalhei como ajudante de protético, tirando moldes para dentadura dos indígenas do local. Posteriormente, fui para a Guiana e o Suriname. Retornando ao Brasil, fui parar em Tocantins, acolhido pela família do Nonato Vilhena, grande amigo e companheiro da Gakkai.

Arley na reunião de palestra na comunidade Muritiba

Reprodução/Foto-RN176 Arley na reunião de palestra na comunidade Muritiba

Foi assim que reuni forças para me reerguer, voltando a trabalhar e depois estudar. Fiz de tudo: fui técnico em radiologia, podólogo, massoterapeuta e cozinheiro. Nessa busca, eu me identifiquei com as Práticas Integrativas, procedimentos da área da saúde, obtendo êxito profissional. Paralelamente, atuei na organização de Palmas, TO, chegando a ser responsável pela área. Estava pronto para retornar à minha cidade natal.

A boa sorte se manifesta

Em 2020, duas semanas antes do período de lockdown [medidas de distanciamento social por conta da Covid-19] cheguei a Belém. Que grande boa sorte havia acumulado, pois consegui acompanhar meu irmão, que faleceu no período da pandemia! Também pude abraçar minha mãe, Lede Iracema, pela perda irreparável. Moramos juntos até hoje. No trabalho, não tinha clientela. Com muita determinação, oração e ação, conquistei o mercado de Belém e cidades vizinhas até a minha condição atual, conceituado na minha profissão, atendendo, inclusive, outros profissionais da área da saúde.


“Eu e mais um”

No fim do ano 2024, cheguei à 24ª família para a qual apresentei o budismo, oferecendo-lhe a oportunidade de, assim como eu, se libertar das amarras do destino e ser feliz. É um estímulo importante que todos nós da BSGI temos com a Liga Monarca, movimento que está abraçando cada vez mais as pessoas. Aqui, nosso slogan é “Eu e mais um”, no sentido literal da palavra. A jovem dessa família veio com tudo. Em menos de um ano, Aline já é responsável pelo bloco, assina os periódicos, atua no grupo horizontal e participou da visitação à BSGI em São Paulo, SP.

Reprodução/Foto-RN176 Arley na reunião de palestra na comunidade Muritiba, com a família e em visita a membros locais

Meu mestre da vida, Daisaku Ikeda, ressalta: “Quando os jovens se levantam, o portal do futuro se abre”.1 Estamos muito felizes! Na etapa de março, vencemos também no Kofu. Vencemos em tudo! A Gakkai é força sentida na pele. E por ter percebido o espírito do Mestre em cada uma das ações empreendidas, venho comprovando vários benefícios.

Com a liberdade de avançar no caminho que escolhi, agradeço sinceramente a todos os que me acompanham nessa trajetória. Em especial, aos incentivos do presidente Ikeda, que me ensinam a triunfar com alegria sobre as adversidades.

Arley Aldir Oliveira Ferreira, 57 anos. Especialista em técnicas integrativas. Na BSGI, é vice-responsável pelo Distrito Ananindeua, CRE Oeste.


Nota:

1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 351, 2022.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO