Bússola para vencer

ROTANEWS176 E POR JORNAL  BRASIL SEIKYO 19/12/2020   07:15

HIROMASA IKEDA

VICE-PRESIDENTE DA SGI

 Aprender com a Nova Revolução Humana | volume 18

O capítulo “Avanço”, do volume 18, da Nova Revolução Humana, retrata como a crise do petróleo de 1973 abalou o Japão e o mundo. Os preços dos combustíveis dispararam por causa da guerra entre uma coalizão de nações árabes e Israel em outubro daquele ano, fazendo o Japão — e, na realidade, o mundo inteiro — entrar em recessão. No Japão, as pessoas corriam às compras movidas pelo pânico, e houve severa escassez de produtos.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI

Mencionando o escrito de Nichiren Daishonin, Admoestação a Hachiman, Shin’ichi Yamamoto faz uma reflexão sobre a causa fundamental do caos e da confusão na sociedade [numa reunião nacional de líderes da Soka Gakkai ocorrida em novembro daquele ano], declarando que as ações das pessoas são um resultado direto do estilo de vida materialista voltado unicamente para a obtenção de máxima conveniência e conforto.

Citando o trecho “Se houver praticantes do Sutra do Lótus no Japão, ele [o grande bodisatva Hachiman] deve fixar sua morada onde eles estiverem” (WND, v. II, p. 936), Shin’ichi afirma que, por meio da nossa prática budista, podemos, de fato, ativar as funções protetoras do universo e prossegue dizendo:

O essencial, porém, é que nos alicercemos solidamente na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e jamais nos esqueçamos de nossa missão de concretizar o kosen- rufu, reunindo toda força e sabedoria e nos empenhando ao máximo para encontrar uma maneira de avançar. (p. 212)

Na atualidade, o mundo enfrenta uma situação de emergência sem precedentes na forma de uma pandemia da Covid-19 causada pelo coronavírus. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu-a como a crise mais desafiadora que o mundo já enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial. Muitos de nossos companheiros, membros da organização, especialmente aqueles que se dedicam à área da saúde, estão se empenhando com todas as suas forças para proteger suas comunidades na linha de frente de combate a essa crise.

Para prestar apoio a esses esforços, a Divisão dos Jovens (DJ) do Japão está dando suporte ao movimento mundial #StayHome (Fique em Casa, em tradução livre), instando as pessoas a se absterem de sair sem que haja um motivo essencial ou urgente. A publicação de bate-papos on-line entre líderes da Divisão dos Jovens e integrantes do Departamento de Saúde da Soka Gakkai sobre a Covid-19 no Japão e acerca de como as pessoas poderão navegar pelas águas turbulentas deste período de incertezas também gerou uma resposta positiva.1 Eles também lançaram o projeto colaborativo on-line Utatsuku, com o objetivo de utilizar o poder da música para inspirar esperança em face das adversidades.2

Quase no fim do volume 18, o capítulo “Voo Dinâmico” relata que, em meio ao tumulto econômico em andamento no mundo todo, os membros do Japão participam dos gongyokais de Ano-Novo em sua localidade no início de 1974, firmando a resoluta decisão de que aquele “era o momento exato em que deveriam se levantar como budistas e injetar esperança, coragem e vitalidade na comunidade” (p. 224). De fato, nossa fé e prática budista nos propiciam a força para transformar qualquer adversidade num trampolim para um novo avanço.

Seikyo Shimbun: uma bússola num mundo turbulento

Neste momento em que as atividades da Soka Gakkai se encontram limitadas em virtude das restrições emergenciais implementadas para prevenir a disseminação do coronavírus no Japão, o Seikyo Shimbun está desempenhando um papel ainda maior em nos ligar e nos manter juntos. No ensaio Fortaleza do Jornalismo da Afirmação da Vida, publicado em 20 de abril, o presidente Ikeda salienta: “O Seikyo Shimbun tem a missão monumental de transmitir a sabedoria para transformar veneno em remédio e criar valor”. Afirma também que o jornal deve exercer um papel de liderança na produção de artigos que encorajem, empoderem e “unam o coração das pessoas para que possam superar os desafios que enfrentam”.

No capítulo “O Rugido do Leão”, Shin’ichi estabelece diretrizes para o Seikyo e oferece orientação para as pessoas envolvidas em sua publicação. Numa reunião nacional de correspondentes Seikyo, realizada em 3 de maio de 1973, ele lembra aos repórteres que nunca devem tratar os leitores como anônimos desconhecidos, mas como queridos amigos, solicitando-lhes que “atendessem com flexibilidade às necessidades dos leitores” (p. 55), compartilhando das alegrias deles quando eles estivessem felizes, proporcionando incentivos quando estivessem tristes, auxiliando-os a voltar aos trilhos quando estivessem confusos e protegendo-os quando estivessem se sentindo fracos.

Desse modo, o volume 18 revela que nosso mestre teve participação direta na fundação e no desenvolvimento do Seikyo Shimbun. Setembro passado [2019], o presidente Ikeda visitou o recém-concluído Centro Mundial Seikyo da Soka Gakkai em Shinanomachi, Tóquio, registrando uma nova página nos anais da história do periódico, que em 20 de abril celebrou seu 69º aniversário. Um monumento de pedra que fica na entrada do Centro Mundial Seikyo ostenta uma dedicatória oferecida pelo presidente Ikeda, com os seguintes dizeres:

Da perspectiva do budismo, o Seikyo Shimbun possui uma missão profunda e solene. Estou convicto de que o rugido de leão da luta conjunta de mestre e discípulo unidos por um propósito comum emanará eternamente a partir desta “grande fortaleza da escrita.

Nesta época de grande incerteza e ansiedade, espero que o Seikyo continue a atuar como uma “bússola para guiar as pessoas num mundo turbulento” (p. 160), e cumpra sua missão como um jornal verdadeiramente humanístico fazendo ecoar o rugido de leão de mestre poderoso, intrépido e repleto de esperança de mestre e discípulo.

Reciprocidade

A ética da reciprocidade — sentir gratidão pela bondade demonstrada a nós e demonstrá-la ao outro — constitui uma norma social amplamente aceita por todos.

Daishonin escreve: “Então, o que podemos dizer das pessoas que estão se devotando ao budismo? Com certeza, elas não devem se esquecer das dívidas de gratidão que têm para com seus pais, seus mestres e sua nação” (CEND, v. I. p. 722).

Embora não possamos escolher nossos pais ou o país onde nascemos, temos a opção de buscar e decidir quem será nosso mestre.

O capítulo “Gratidão ao Mestre” narra histórias e lutas dos membros da Soka Gakkai que escolheram Shin’ichi como mestre da vida. Entre eles, incluem-se os membros do grupo de treinamento da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) — Shiraito-kai,3 criado em 1968, que mantinha sessões de orientação e de incentivos com ele periodicamente, com o coração repleto de ardente espírito de procura de aprender com o Mestre.

Também há o relato de uma integrante da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) da província de Tottori, que desafia a si mesma a fim de participar de um número de dança para um festival da Soka Gakkai realizado na região de San’in, em 1973. Ela ensaia os passos da dança Senhoritas Peras, a qual celebra as frutas que tornaram Tottori famosa, apesar da deficiência física provocada pela paralisia infantil, e se apresenta lindamente com “profunda gratidão ao presidente Yamamoto por tê-la ajudado a perceber sua missão pessoal” (p. 142).

Esse capítulo também ilustra o empenho do próprio Shin’ichi em saldar a dívida de gratidão que ele possui com seu mestre, Josei Toda. Após a sua nomeação como terceiro presidente da Soka Gakkai em maio de 1960, ele visita a terra natal de Toda sensei, a Vila Atsuta, em Hokkaido. Os membros da organização daquela localidade testemunham em primeira mão a profundidade da dedicação de Shin’ichi e resolvem corresponder de forma condigna. Decidem proteger, como representantes dele, a terra natal de Josei Toda e começar a promover o kosen-rufu na vila com seriedade, alinhando o coração com o do mestre, indagando constantemente a si mesmos o que o presidente Yamamoto faria em cada situação.

Os esforços diários consistentes dos membros de Atsuta resultam na construção de laços de confiança sólidos e amplos em relação à Soka Gakkai, a ponto de, em setembro de 1973, eles conseguirem convidar Shin’ichi para um evento comunitário promovido pelos moradores de lá. Antes do ensejo, Shin’ichi também doou livros a escolas e bibliotecas locais, dando continuidade à tradição que havia iniciado junto com seu mestre quando ele estava vivo. O desenvolvimento do kosen-rufu em Atsuta pode ser considerado um testemunho das ações empreendidas tanto por Shin’ichi como pelos membros locais para saldar a dívida de gratidão com seus mestres.

O capítulo “Gratidão ao Mestre” esclarece:

Aqueles que sempre têm o mestre no coração ao enfrentar as batalhas da vida são fortes. Quando assumimos para nós o resoluto compromisso do mestre em relação ao kosen-rufu, podemos evidenciar a mesma condição de vida que a dele e revelar um potencial infinito. (p. 111)

O caminho da unicidade de mestre e discípulo é o espírito fundamental da Soka Gakkai; é o cabo de segurança do kosen-rufu. Ao longo da vida toda, o presidente Ikeda manteve-se firme em suas ações para saldar sua dívida de gratidão com o presidente Josei Toda.

Em essência, saldar a dívida de gratidão com o mestre significa, assim como consta nesse capítulo, os discípulos se desenvolverem “a ponto de ultrapassarem seus mestres, devotando-se com seriedade em prol da Lei e trabalhando para a melhoria da sociedade”. Gravando solidamente no coração o espírito dos três presidentes fundadores, permaneçamos fiéis ao caminho de mestre e discípulo e vivamos com o orgulho de sermos discípulos do presidente Ikeda.

Principais trechos

Quando reconhecemos nossas limitações e imperfeições e começamos a realizar esforços compenetrados para suplantá-las, elas passam a brilhar como pontos positivos. (“O Rugido do Leão”, p. 14)

Permanecer como um espectador passivo, que só fica do lado reclamando é uma atitude destrutiva. A menos que se levantem e tomem a iniciativa, não se poderá esperar que cresçam como pessoas e contribuam para o kosen-rufu. (“O Rugido do Leão”, p. 78)

Problemas estão sempre presentes na vida. Entretanto, se recitarem com toda seriedade e sinceridade quando a situação parecer desafiadora ou dolorosa, essas dificuldades se converterão em nutrientes para o seu crescimento e servirão como um trampolim para o seu progresso. (“Gratidão ao Mestre”, p. 97)

Não podemos pedir para os outros que o transformem [nosso carma] para nós. Somente por meio da fé sincera e fervorosa poderemos extinguir as nuvens da ignorância fundamental e fazer o sol do estado de buda se elevar radiantemente em nosso coração. (“Avanço”, p. 172)

A fé genuína é, na realidade, a força propulsora para todos os nossos empreendimentos. Ela nos permite ativar nosso poder interior, que nenhuma dificuldade é capaz de derrotar, e nos fortalece como indivíduos. (“Avanço”, p. 178)

O progresso do kosen-rufu não depende das circunstâncias. Contanto que haja membros repletos de alegria, convicção e senso de missão, o grande caminho do avanço sempre se abrirá. (“Voo Dinâmico”, p. 259)

Resumo do conteúdo

O Rugido do Leão

No verão de 1973, o romance de Shin’ichi Revolução Humana é adaptado para o cinema. Ele oferece, pessoalmente, treinamento para os jornalistas do Seikyo Shimbun.

Gratidão ao Mestre

Shin’ichi participa de cursos de aprimoramento e, depois, visita Hokkaido, terra natal do seu mestre, para incentivar os membros da localidade. Na sequência, realiza uma viagem de orientações percorrendo as províncias de Saitama, Shimane e Tottori e, em novembro, Tochigi.

Avanço

Shin’ichi realiza uma viagem de orientações para Shikoku. Em Tóquio, incentiva membros que estavam travando uma árdua batalha em meio à recessão.

Voo Dinâmico

Em 1974, Shin’ichi incentiva membros da Divisão dos Jovens de Kyushu que estavam se empenhando para ser bem-sucedidos na vida diária. Ele visita a Universidade de Hong Kong e a Universidade Chinesa de Hong Kong.

Notas:

  1. Disponível em: http://www.sokayouth.jp/stayhomepj/en/. Acesso em 11 dez, 2020.
  2. Disponível em: https://youtu.be/KqwrUbiVGjM. Acesso em 11 dez, 2020.
  3. Grupo Shiraito: Grupo da Divisão Masculina de Jovens, cujo nome se deve às Cataratas de Shiraito (Fios Brancos), localizada perto do templo principal, na cidade de Fujinomiya, prefeitura de Shizuoka.

Traduzido do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai, edição de 22 de abril de 2020.