Campeã da vida

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  19/02/2022 09:00

RELATO

Ana Paula desafia o tempo e concretiza todos os sonhos

Reprodução/Foto-RN176 Ana Paula Amparo Gabriel, Vice-responsável pela DF do Bloco Zumbi, Comunidade Ribeira, RM Ilha do Governador, CGERJ Editora Brasil Seikyo – BSGI

Recebi o Gohonzon, pelo qual sou muito grata, e pratico o Budismo de Nichiren Daishonin há cinco anos. Tive uma infância feliz, porém, aos 16 anos, meus pais se separaram e minha querida mãe perdeu minha guarda. Ela sempre foi excelente mãe e se fez presente mesmo com o distanciamento imposto. Ao completar 21 anos, decidi morar com ela, pois tinha uma dívida de gratidão pelo seu carinho e sua dedicação, além de também me preocupar com seu bem-estar. Essa decisão me afastou da Vila da Penha, bairro de minha infância, dos amigos e do jiu-jitsu, esporte que praticava e competia. Pouco tempo depois, minha mãe foi assassinada, momento muito doloroso da minha vida. Compreendi então por que sentia necessidade de estar próxima a ela.

Fui morar na Ilha do Governador com meu pai, irmão e minha avó. Anos mais tarde, meu único irmão faleceu em um acidente. Sofri uma dor imensa com a perda de mais um membro da família.

Entre 1997 e 2001, decidi retornar ao esporte, mas tive dificuldade em conciliá-lo com trabalho, estudos, afazeres domésticos, cuidar da minha avó, então com 99 anos, e do meu pai, tratando de um câncer. Carente de tempo e, sem condições para priorizar os treinos e as competições, deixei o esporte de lado. Formada em educação física, cuidava apenas dos meus alunos e esqueci do meu sonho de ser atleta.

Reprodução/Foto-RN176 Em atividade da Comunidade Ribeira (antes da pandemia) – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Ao conhecer o Budismo de Nichiren Daishonin, muitas coisas mudaram em mim. A partir de então, conquisto imensuráveis benefícios por meio da prática da fé. Além disso, participar das atividades do Zenshin [grupo da Divisão Feminina (DF) da BSGI] me proporciona avanços em importantes setores da minha vida, como a vitória na harmonia familiar, no desenvolvimento profissional e na volta aos esportes.

Conquista de um sonho

Em 2021, com o objetivo de proteger a mim e aos meus familiares da contaminação da Covid-19, desafiei-me na recitação do Nam-myoho-renge-kyo e, com muito mais daimoku, venci. Também decidi voltar a competir, depois de vinte anos ausente do jiu-jitsu, e preparei-me por três meses para o campeonato nacional. Aquele era meu sonho e, para vivê-lo, tive de enfrentar também a idade. Senti que minha mente e meu corpo não respondiam da mesma forma que quando era mais jovem. Foi um grande desafio manter o treinamento durante a pandemia e uma luta diária comigo mesma para ter disciplina, comer corretamente, fortalecer-me, criar resistência e me adaptar à dinâmica atual do jiu-jitsu.

Enfrentei muitas adversidades, como seis lesões em seis meses, machismo, bullying e intolerância religiosa. Uma semana antes da luta, lesionada e sem poder treinar, aproveitei para me aprofundar ainda mais na prática da fé, na leitura do jornal Brasil Seikyo e das orientações do meu mestre, Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI). Incentivei bem mais as mulheres do meu bloco a superar as adversidades e intensifiquei a recitação do daimoku. No meu coração pulsava a certeza de não desistir da competição e de lutar pelo meu sonho.

Reprodução/Foto-RN176 Competindo, também em 2021, como velejadora – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Algumas horas antes da luta, cheguei ao local da competição e me dirigi ao vestiário. Estava sozinha e logo me veio à mente a imagem de Ikeda sensei. Olhando-me no espelho, recitei daimoku e me perguntei o que estava fazendo ali. A resposta veio em meu coração: “Você está representando a DF e a BSGI na sociedade. No budismo, é vitória ou derrota!”. Compreendi, naquele momento, que eu cumpria o juramento que fiz ao meu mestre de avançar sempre.

Durante o aquecimento mantive a tranquilidade e, com humildade, mas confiante da vitória, pisei no tatame. Ao cumprimentar minha adversária, recitei daimoku e pensei: “Que vença a melhor!”. Eu venci. Conquistei a medalha de ouro e subi ao pódio como campeã brasileira de jiu-jitsu de 2021. A maior vitória foi sobre mim mesma. Os benefícios são imensuráveis para quem pratica esse maravilhoso budismo.

Ainda tenho muito a melhorar como atleta e como pessoa e estou disposta a ser treinada para fazer a minha revolução humana. Existe um verso do poema Brasil, Seja Monarca do Mundo!, de autoria de Ikeda sensei, que traduz perfeitamente meu sentimento como atleta e membro da BSGI: “Não faz mal que seja pouco, / o que importa é que o avanço de hoje / seja maior que o de ontem. / Que nossos passos de amanhã / sejam mais largos que os de hoje”.1

Há também um trecho dos escritos de Nichiren Daishonin que me acompanha em todos os momentos:
Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.2

Reprodução/Foto-RN176 Com o pai, Paulo Roberto e, com a avó, Adelaide – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Renovo minha decisão de, no “Ano dos Jovens e do Progresso Dinâmico”, 2022, avançar ainda mais em busca de novas conquistas, sempre ligada ao coração do Mestre, transbordante de nova e vibrante energia!
Ana Paula Amparo Gabriel, 48 anos. Educadora física e campeã brasileira de jiu-jitsu. Vice-responsável pela DF do Bloco Zumbi, Comunidade Ribeira, RM Ilha do Governador, CGERJ.

Notas:

  1. Brasil Seikyo, ed. 1.617, 25 ago. 2001.
  2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020.