Campo de golfe olímpico ajuda a recuperar fauna

ROTANEWS176 E O DIA 05/03/2016 00:12

Perícia judicial diz que número de espécies passou de 118 para 263 na APA Marapendi

ROSAYNE MACEDO

Rio – Bicho-preguiça, lagartos, corujas e até uma família inteira de capivaras são os mais novos habitantes da Área de Proteção Ambiental (APA) de Marapendi, na Barra da Tijuca. A reserva dá lugar ao Campo de Golfe Olímpico, obra polêmica que terá sua prova de fogo na próxima terça-feira, quando acontece o evento-teste da nova instalação, com vistas aos Jogos Rio 2016.

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Reprodução/Foto-JC Recuperação: família de capivaras passeia em área antes degradada

Laudo de uma perícia judicial realizada em dezembro do ano passado no local e divulgado no último dia 26 mostrou que a nova instalação olímpica trouxe benefícios ambientais para a área, especialmente para espécies de aves e mamíferos. Ao contrário do que temiam ambientalistas, o que motivou o Ministério Público estadual a ajuizar uma ação civil pública contra o empreendimento.

Entre os “ganhos ambientais” está o aumento de 167% na cobertura vegetal da região, dominada por mangue e restinga, o que contribuiu para o desenvolvimento da fauna. De acordo com o documento, 263 espécies animais estão presentes na região atualmente, contra as 118 existentes antes das obras.

“Cerca de 70% da área estavam degradados, havia extração ilegal de areia e até uma fábrica de bloquetes para construção de Cieps no local. Tinha o receio de que a obra causasse maior degradação”, lembra Tânia Braga, gerente de Sustentabilidade do Comitê Rio 2016. “Havia um ceticismo geral em relação à proposta de transplantio de espécies, já que o Brasil não tem tradição nesta técnica. A experiência já tem 90% de sucesso”, contou.

O Comitê Organizador dos Jogos acompanhou o processo de recuperação do local, sob responsabilidade da Fiori Empreendimentos. “Só fazemos a verificação técnica esportiva; a ambiental fica por conta do município”, ressaltou Tânia. Para a construção do campo, de 970 mil metros quadrados e que custou R$ 60 milhões, a prefeitura autorizou a Fiori, dona do terreno, a construir ao lado um conjunto de prédios. Ativistas do movimento ‘Golfe para Quem?’, contestaram o acordo, e o caso foi levado ao MP.

Atletas vão testar circuito

Com base na comparação de imagens aéreas do Google Earth e da Rio 2016, a períca concluiu que a Faixa Marginal de Proteção do terreno, voltada para a Lagoa de Marapendi, teve seu formato original preservado. Determinada pelo Tribunal de Justiça, a inspeção foi acompanhada por promotores, assessores jurídicos e técnicos da área ambiental. O MP informou que o laudo pericial foi encaminhado para análise do Gate (Grupo de Apoio Técnico) e que somente depois vai se pronunciar.

Para o Desafio Aquece Rio de Golfe, na terça-feira, equipes do Comitê Rio 2016 vão atuar para prevenir incidentes ambientais, orientando os times e contratados. O evento-teste é fechado para o público e deverá reunir nove atletas brasileiros e 104 voluntários, incluindo especialistas no esporte. O objetivo é avaliar as condições técnicas do circuito, que tem capacidade para 15 mil torcedores durante os Jogos.

Justiça barra arquibancada na Lagoa

A construção de arquibancadas flutuantes para provas olímpicas na Lagoa Rodrigo de Freitas está proibida pela Justiça Federal. Na sentença à ação, movida pelo Ministério Público Federal, o governo do estado e a prefeitura foram condenados a não conceder licenças ambientais ou de obras no espelho d’água sem autorização do Iphan, sob pena de multa diária. O projeto já havia sido suspenso em janeiro, por decisão do Comitê Rio 2016.

Dentro de 90 dias, a Cedae passará a monitorar a qualidade da água em nove pontos do Rio, incluindo as instalações olímpicas como Vila dos Atletas, Parque Olímpico, Maracanã, Engenhão e Deodoro. Os novos equipamentos vão operar 24 horas online para verificar a qualidade da água durante e após os Jogos.