Carma é missão

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  04/12/2021 10:28

RELATO

Reprodução/Foto-RN176 Rosilene Reis Oliveira, Responsável pela DF da RM Zona da Mata (Sub. Minas Gerais, CGRE) – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Abracei o Budismo de Nichiren Daishonin há 32 anos e fui eliminando do meu coração todas as minhas tristezas. Sou mãe de Denis William, filho incrível e grande valor para o kosen-rufu. Sou esposa de William Mauro, marido carinhoso, que me possibilita dedicar prazerosamente ao kosen-rufu. Experimentei a dor da perda, os dissabores da desarmonia familiar, a convivência com as drogas e o alcoolismo. Hoje, minha família e eu desfrutamos uma vida feliz.

A vida dos meus pais não era fácil. Como meu pai era aposentado por invalidez, para ajudar no sustento dos seis filhos, minha mãe começou a lavar roupas para fora. Devido ao uso de álcool e de drogas por alguns familiares, as desavenças eram muitas. Foi nessa época que meu marido me falou sobre o poder da recitação do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku). A princípio, não dei importância, pois, na época, praticava o catolicismo. Mas, um tempo depois, iniciei a recitação do daimoku. Que sensação incrível! Vi a mudança do ambiente familiar, começando por meus pais, que deixaram a bebida e o cigarro e passaram a ser exemplos para mim.

Reprodução/Foto-RN176 Com o marido e os três irmãos – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Desde o início, procuro seguir as orientações do meu mestre, Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), e o jornal Brasil Seikyo sempre foi minha bússola. Recorria a ele constantemente para encontrar orientações de Ikeda sensei nos momentos de desafios e também em momentos de alegria.

Em 1989, casei numa linda cerimônia budista e, em 1993, descobri que estava grávida, uma felicidade tamanha! Meus pais estavam radiantes com a vinda do bebê. Próximo do quinto mês de gestação, perdi meu pai, vítima de aneurisma. Não tenho palavras para descrever aquele momento. Além disso, tive de deixar a casa em que morava, pois fazia parte do inventário. Grávida e pagando aluguel, foi bem difícil. Contudo, objetivamos transformar nossa condição. Naquele momento crucial, recitava muito daimoku. Vencemos, ao construirmos a “casa do kosen-rufu”. Comprovamos que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Determinamos construir uma sede particular.

Meu filho nasceu saudável e nos trouxe muitas alegrias. Porém, em 2005, minha mãe faleceu. Após 43 dias, um dos meus irmãos faleceu e, seis meses depois, outro, vítima de infarto. Apesar da dor, nós nos fortalecemos para vencer o carma da doença. Manifestei trombose, embolia pulmonar, síndrome de Sjögren, condromalácia patelar, traço da talassemia, diagnóstico de lúpus.

Reprodução/Foto-RN176 Na inauguração da Sede Comunitária Era da Paz – Editora Brasil Seikyo – BSGI

No entanto, transformei “veneno em remédio”, ou seja, meu “carma em missão”. Devido às perdas familiares, meu angiologista descobriu que tenho trombofilia, isto é, predisposição para formação de coágulos no sangue. Por meio da pesquisa de DNA, foi descoberto que meu pai, minha mãe e meus irmãos tinham a mesma doença e, por isso, faleceram jovens. Tive a imensa boa sorte e proteção de descobrir a tempo e poder me tratar.

Em 2014, construímos nosso “castelo do kosen-rufu”, a Sede Comunitária Era da Paz, para expansão do budismo na localidade de Nova Lima (MG). Uma alegria imensa! Concretizei 22 shakubuku. Durante todos esses anos, aprendi, na prática, quanto é fundamental a relação de mestre e discípulo e a esperança da vitória absoluta.

Reprodução/Foto-RN176 Em Okinawa (Japão) – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Sempre acreditei que um dia participaria de um curso de aprimoramento no Japão e, em 2019, fui selecionada. O treinamento para esse curso foi o que me transformou. Hoje, sou uma nova Rose, aquela que transforma o impossível em possível. No Japão, conhecemos Okinawa, um verdadeiro paraíso, contudo, palco da Segunda Guerra Mundial. Nosso grupo foi denominado “Grupo Brasil Okinawa da Vitória de Unicidade de Mestre e Discípulo”. Meu grupo e eu renovamos nossa decisão de nos dedicar ainda mais pela paz em nosso país e proteger com justiça as pessoas e a legitimidade do Budismo Nichiren.

Em 2020, o mundo passou por momentos adversos de muito medo e de incertezas com a pandemia do coronavírus. Aprendi muito nesses meses. Eu me fortaleci e sinto gratidão por ter a prática da fé como base. Dia após dia, venci os obstáculos e as maldades. Como faço parte do grupo de risco, fiquei por um ano e seis meses trabalhando home office. Já voltei ao trabalho presencial e tudo caminha superbem. Tenho um emprego maravilhoso, sou agente de saúde. Visito 178 famílias todos os meses em sua casa, oportunidade de incentivá-las a se prevenir de doenças.

Reprodução/Foto-RN176 Rosilene com marido William e filho Denis. As fotos das atividades são de antes da pandemia da Covid-19 – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Sou eternamente grata ao meu mestre, Daisaku Ikeda, por me ensinar a priorizar o que realmente importa e sinto que, a cada dia, eu me torno um ser humano melhor.

Rosilene Reis Oliveira, 55 anos, agente de saúde. Responsável pela DF da RM Zona da Mata (Sub. Minas Gerais, CGRE).

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 560, 2020.