ROTANEWS176 28/02/2025 13:19
Algumas pessoas acometidas pela doença têm mais distúrbios perceptivos, enquanto outras apresentam mais comprometimentos cognitivos.
Reprodução/Foto-RN176 O desenvolvimento durante a infância parece ser menos flexível – (crédito: Freepik)
Os sintomas da esquizofrenia variam muito entre os pacientes, agora, um novo estudo da Universidade de Zurique, na Suíça, revela como essas diferenças são vistas no cérebro. Conforme o trabalho, publicado, ontem, na revista American Journal of Psychiatry, algumas pessoas acometidas pela doença têm mais distúrbios perceptivos, enquanto outras apresentam mais comprometimentos cognitivos.
“Nesse sentido, não há uma esquizofrenia, mas muitas, cada uma com diferentes perfis neurobiológicos”, afirmou Wolfgang Omlor, primeiro autor do estudo e médico do Hospital Universitário de Psiquiatria de Zurique. Para tratar a fundo a condição, as terapias deveriam ser personalizadas conforme o perfil de cada paciente. “Isso requer abordagens que busquem diferenças e similaridades individuais no nível neurobiológico”, detalhou Omlor.
Para compreender as diversas faces da esquizofrenia, a equipe de pesquisa examinou as diferenças da estrutura cerebral em pacientes. Os cientistas observaram quais redes cerebrais têm alto grau de individualidade e quais têm um alto grau de similaridade. Eles avaliaram várias características, como a espessura e a área de superfície do córtex cerebral e outras regiões mais profundas do cérebro.
Os dados avaliados foram obtidos de uma colaboração chamada Enigma — um projeto de pesquisa internacional que combinou informações de imagem de mais de 6 mil pessoas em 22 países. Ao comparar as estruturas cerebrais dos pacientes com esquizofrenia e indivíduos saudáveis, os cientistas observaram as diferenças.
Apesar das estruturas cerebrais variáveis, na esquizofrenia mostraram diferenças nos sintomas entre os pacientes, a semelhança do dobramento cerebral na área médio-frontal sugeriu um traço de desenvolvimento comum em esquizofrênicos. O desenvolvimento cerebral durante a infância pareceu ser menos flexível em pacientes com esquizofrenia, sobretudo em regiões associadas ao pensamento e sentimento.
“Essas descobertas ampliam nossa compreensão da base neurobiológica da esquizofrenia. Embora o dobramento uniforme do cérebro possa indicar possíveis mecanismos de desenvolvimento da doença, regiões com alta variabilidade na estrutura cerebral podem ser relevantes para o desenvolvimento de estratégias de tratamento individualizadas”, frisou Philipp Homan, professor da Universidade de Zurique e autor correspondente do estudo.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE