Cientistas conseguem fazer líquido se tornar um ímã permanente

ROTANEWS176 E POR PLANETA  18/07/2019 15:10

Reprodução/Foto-RN176 O tradicional magneto em forma de ferradura: a descoberta americana dará mais variedade aos formatos dos ímãs. Foto: Eurico Zimbres/Wikimedia

 Descoberta desmente que apenas sólidos podem dar origem a ímãs e abre várias possibilidades de aproveitamento

Cientistas da Universidade de Massachusetts (EUA) conseguiram transformar um líquido em ímã colocando em suspensão partículas de óxido de ferro em uma mistura de óleo e água. Segundo o estudo, divulgado no periódico “Science” e noticiado na revista “Cosmos”, o magnetismo do líquido pode ser criado por um campo externo e é mantido mesmo se o líquido for borrifado, por exemplo.

Os pesquisadores tentavam fazer um líquido com magnetismo temporário (efeito denominado paramagnetismo) quando observaram que as gotículas continuaram a se movimentar após a remoção do ímã externo. Por algum motivo, elas se haviam tornado permanentemente magnéticas.

Foi uma surpresa, afirma Tom Russell, coautor do artigo: “Antes do nosso estudo, as pessoas sempre achavam que ímãs permanentes só podiam ser feitos a partir de sólidos”.

Colocar em suspensão pequenas partículas sólidas de material magnético em um líquido para formar um ferrofluido, que responde a um campo magnético, não é uma novidade. Mas quando o campo magnético era removido, as partículas magnéticas se realinhavam.

Óleo e água

No experimento americano, as nanopartículas estão em uma mistura de óleo e água. Cada partícula de óxido de ferro é revestida com moléculas que se ligam à água, via grupos carboxílicos; já o óleo contém uma molécula de surfactante (tipo de proteína) com um grupo amina que gosta de se conectar com o grupo carboxila.

Com isso, as gotículas de água surgem em suspensão no óleo, e sua superfície fica revestida com partículas magnéticas de óxido de ferro. Mas ainda não se sabe como no final o líquido se torna um ímã permanente.

A descoberta abre uma série de possibilidades, diz Russell: “Imprimimos em 3D um cilindro para o papel, mas eu poderia fazer algo que tenha a forma de um polvo, com braços que são como hélices, que podem ser usados para impulsionar as coisas através de líquidos. Ou (…) fazer algo que chamo de liquebot, um homenzinho com braços e pernas magnéticos que pode caminhar e pegar alguma coisa.”