ROTANEWS176 E IG 13/10/2017 16:00
Especialista responde perguntas sobre a doença que, se não tratada rapidamente, pode matar; saiba o que fazer quando receber o diagnóstico
Reprodução/Foto-RN176 Depois de um dia de trabalho cansativo, fazer massagens em suas pernas e braços também para ajudar a circulação
Na data considerada como o Dia Mundial de Conscientização e Combate à Trombose, celebrada nesta sexta-feira (13), a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia alerta a população mundial sobre os perigos da doença que, se não tratada rapidamente, pode levar à morte.
Apesar de ser uma doença conhecida e até comum, as informações sobre essa condição ainda não estão totalmente claras, e é normal que dúvidas como “cigarro e anticoncepcional causam trombose ?” ou “idosos não podem fazer viagens longas?” sejam frequentes nos consultórios médicos.
Para responder algumas dessas perguntas, o presidente do Congresso Brasileiro de Angiologia e Cirurgia Vascular 2017 Gutemberg Gurgel, falou sobre alguns assuntos que podem ajudar a esclarecer sobre quais os fatores de risco e como prevenir a doença.
Combinar cigarro e anticoncepcional pode aumentar as chances de ter trombose?
Sim. Apontada como grande fator de risco para a ocorrência de trombose entre as mulheres, a combinação de cigarro e pílula , de fato, pode favorecer a ocorrência da doença. Isso porque o cigarro é um vasodilatador, ao passo que o hormônio provoca alterações nas paredes das veias, diminuindo a velocidade da circulação.
O resultado não é necessariamente o trombo, mas pode ocorrer, especialmente, se associado a outros fatores de risco, como obesidade, tendência familiar e vida sedentária. Por isso, o médico alerta sobre o uso precoce de anticoncepcionais, que têm sido indicados para tratamento de pele de adolescentes, por exemplo, e recomenda evitar o tabagismo.
Mulheres grávidas estão mais propensas a desenvolver a condição?
Reprodução/Foto-RN176 Grávidas também devem ficar atentas pois a doença pode atingir gestantes já que a circulação é mais difícil nesse período
A maior quantidade de hormônios femininos circulando no corpo das gestantes pode desencadear aumento da coagulação e por isso essa população deve ficar atenta. Além disso, o médico explica que o aumento do útero promove a contração dos vasos pélvicos, dificultando o retorno do sangue. Mais uma vez, os casos são mais recorrentes em pacientes que possuem tendência à coagulação.
Uso das meias de compressão é suficiente para a prevenção?
Reprodução/Foto-RN176 Uso de meias de compressão anti trombose é uma das formas mais eficazes de prevenção à doença
As meias são fundamentais para tratar ou prevenir problemas circulatórios em geral, mas a dificuldade para ampliar o uso delas está relacionado a duas questões: estética e acessibilidade.
Para o público mais jovem, a recusa pelo uso da peça por questões estéticas prejudicam a adesão. Além disso, o par, não tem um preço que possa ser indicado para qualquer pessoa: em média ele custa entre R$ 160 e R$ 200 e dura apenas seis meses. Muitas das pessoas que estão mais propensas a desenvolver trombose não correspondem às classes mais abastadas e trabalham como motoristas de ônibus, lavadeiras ou vendedores, o que dificulta a compra do equipamento.
No entanto, como forma de prevenir problemas, além do uso de meias de compressão, Gurgel destaca a importância da prática de atividades físicas especialmente no caso das mulheres grávidas e também de pessoas que vão passar períodos longos com dificuldades de se movimentar, o que ocorre, por exemplo, durante viagens. “É importante usar as meias e buscar caminhar um pouco, pelo menos, a cada duas horas”, explica. Contrair o músculo da panturrilha e colocar o pé no chão também podem ajudar. Em todos os casos, destaca: é preciso tomar água e evitar a desidratação, sobretudo em ambientes fechados e refrigerados por ar-condicionado.
Cirurgias são arriscadas?
Reprodução/Foto-RN176 Nem todos os casos de trombose são necessários procedimentos cirurgicos
Em cirurgias e no pós-operatório, o médico explica que há protocolos sobre o uso prévio ou posterior de medicação específica. A situação é delicada, pois envolve risco de hemorragia. Mas, segundo ele, novos medicamentos têm sido desenvolvidos para facilitar o uso, inclusive por via oral, sem necessidade de injeção, o que garante maior segurança ao diminuir o risco de sangramento.
Quais são os tipos da doença e como posso diferenciar?
Existem dois tipos de trombose existentes: a arterial e a venosa. Ambas resultam da coagulação imprevista do sangue. Quando isso acontece na artéria, é chamada de trombose arterial. Quando atinge a veia, dá origem à Trombose Venosa Profunda (TVP).
No primeiro caso, a existência de um coágulo impede a passagem do sangue para os tecidos e, consequentemente, causa inchaço e dor na região afetada. Mais difícil de tratar, em geral é contida por meio de cirurgia. Se não tratada, pode levar à gangrena dos tecidos e até a amputação do membro. Idosos, fumantes e diabéticos são os mais afetados.
A das veias, em 90% dos casos, atinge vasos na perna, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). A organização alerta que ela pode causar embolia pulmonar e até óbito, por isso exige muita atenção e cuidado. Ela também pode ocorrer associadas a cirurgias de médio e grande portes, traumatismo, gestação ou outras situações que obriguem a uma imobilização prolongada.
Como se caracteriza o grupo de risco?
Pessoas com idade avançada, dificuldades de coagulação, insuficiência cardíaca, obesas, fumantes e adeptas de usam anticoncepcionais ou tratamento hormonal são as que correm maior risco de desenvolver a doença.
Como sei que estou com trombose?
A TVP é, em geral, assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Para evitar surpresas, ele indica que pessoas afetadas pelos fatores de risco busquem pesquisar a situação da circulação sanguínea do corpo, pois a presença de alguma anormalidade genética pode ser decisiva. Outra sugestão é atentar para o aparecimento de edemas, sobretudo quando surgem sem serem precedidos por pancadas e acompanhados por dor ao caminhar.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte prevenível em todo mundo. Entre elas, têm destaque o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Tromboembolismo (TEV). No Brasil, em 2016, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 35.598 tratamentos clínicos em decorrência da trombose. Entre janeiro e julho deste ano, foram 16.923, segundo o Ministério da Saúde. O órgão registra 485.443 procedimentos de fisioterapia, sendo mais de 330 mil no ano passado e 155 mil neste ano.
*Com informações da Agência Brasil