ROTANEWS176 E IG 02/11/2017 00:23 Por André Jalonetsky
Numa grande operação urbana de combate ao tráfico, o Comandos e Operações Especiais, em conjunto com o Canil da PM, mandam um recado claro para o crime: em São Paulo quem manda é o Estado
Reprodução/Foto-RN176 PMs do COE, totalmente equipados, minutos antes de embarcar em suas viaturas para executar a Operação Heliópolis
“Homens, a nossa missão de hoje é simples: o COE irá saturar a comunidade de Heliópolis com uma grande operação de presença e visibilidade ostensiva. Vamos demonstrar que a única autoridade que cria e aplica leis, e que garante a segurança e a liberdade de ir e vir dos cidadãos de bem do local, é o Estado e não os traficantes”.
“Faremos uma patrulha urbana com um amplo contingente de Policiais Militares, para demonstrar força e negar espaço aos criminosos que inibem a vida normal da população. A mensagem para os marginais é clara: em São Paulo não existe local com acesso proibido para o COE . Ingressamos em qualquer área, quando quisermos e permanecemos pelo tempo que julgarmos necessário, para cumprir nossa missão de aplicar a lei e levar tranquilidade e segurança para os moradores locais. Ao meu comando, sendido! Foara de forma!”
Após dias de planejamento, essa foi a mensagem final que o Comandante do COE , Major PM Carvalho, deu para sua Tropa, minutos antes da Operação Heliópolis, com o apoio do Canil da Polícia Militar, iniciar. Veja o vídeo abaixo:
Quem são e o que fazem os guerreiros verdes do COE?
O Comandos e Operações Especiais é uma unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, desenhada para atuar em operações de alto risco, em áreas urbanas e rurais. O COE é uma tropa de resposta rápida e de múltiplo emprego, tanto para solucionar crises em andamento, como para executar ações específicas de prevenção e de combate ao crime.
Os “Caveiras”, como são conhecidos esses PMs, são homens altamente treinados, que usam técnicas operacionais e equipamentos especializados de ponta. Eles operam por terra, ar e mar, de dia e de noite, em qualquer tipo de clima e terreno, durante dias seguidos, tanto de forma furtiva como ostensiva. A versatilidade dessa tropa pode ser entendida através de três recentes missões de sucesso, com características operacionais completamente diferentes:
1) Ambiente de selva e mangue: Essa foi uma operação planejada em conjunto com a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), onde os homens do COE cruzaram a pé o ambiente de florestas fechadas e mangues da Serra do Mar, para acessar a comunidade Vila Esperança em Cubatão, e combater o tráfico de drogas e armas.
2) Ambiente urbano: Também planejada com antecedência, essa ação foi conduzida de noite nas estreitas vielas e becos da comunidade da Mauro, zona sul de São Paulo, com o uso de equipamentos de visão noturna, apoio de viaturas e de um helicóptero, para combate ao tráfico de drogas.
3) Ambiente rural de mata: Uma típica ação de resposta rápida, essa operação aconteceu no Vale do Ribeira, quando 20 homens fortemente armados, que haviam explodido caixas eletrônicos, conseguiram sucesso na fuga e se embrenharam na mata. O COE foi acionado e sete horas mais tarde, de madrugada, os criminosos foram localizados e presos.
Reprodução/Foto-RN176 O COE é uma tropa de elite que atua em situações de alto risco. Seus Policiais estão habilitados a operar em terra, ar e mar, em ambientes urbanos, rurais e de floresta, de dia e de noite, em qualquer tipo de clima e terreno- Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar e Divulgação/COE-PMSP
“As técnicas e treinamentos que usamos são desenhadas para evitar o confronto. Quem decide a mudança da nossa postura é sempre o marginal. No estado de São Paulo não é comum o uso da força, mas se o delinquente escolher pela violência contra a população ou contra o COE, os homens sob meu comando possuem as técnicas e equipamentos adequados para neutralizar imediatamente a ameaça”, diz o Comandante Carvalho.
Reprodução/Foto-RN176 Policial do COE em patrulha na Operação Heliópolis – Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
O profissionalismo, seriedade e habilidades dessa tropa, são percebidos imediatamente quando você encontra esses Policiais e vê os equipamentos padrão que eles sempre portam: um fuzil e uma pistola, munição extra (muita), algemas, lanterna, faca, binóculos, ferramentas de uso múltiplo, aparelhos de comunicação, kits de primeiros socorros e de sobrevivência.
Dependendo da missão, materiais mais especializados também são usados, como por exemplo, visores noturnos e GPS portátil. Além de todo este arsenal tático que cada PM carrega no seu corpo, as viaturas do COE são adaptadas para transportar uma enorme quantidade de material de suporte e emergência para as mais variadas situações.
Ação de Presença
A comunidade Heliópolis está localizada na zona sul da cidade de São Paulo e suas proporções são equivalentes a de uma cidade de porte médio: 100.000 habitantes espalhados por uma área de 1 milhão de metros quadrados.
Reprodução/Foto-RN176 Os Policiais do Comandos e Operações Especiais são conhecidos como “Caveiras”. Pouquíssimos PMs adquirem esse direito- André Jalonetsky
“A Secretaria de Segurança Pública identificou que o tráfico, que é o centro da maioria das atividades criminais, gerou um aumento de roubos e assaltos contra transeuntes, motoristas e estudantes da região, incluindo arrastões. Através de uma operação de “Ação de Presença”, faremos uma demonstração de força contra a criminalidade que se esconde em Heliópolis. O cidadão de bem, que representa a quase totalidade da população, irá se sentir protegido e os marginais vão se acovardar e tentar fugir para não serem presos”, informa o Major PM Carvalho.
Além dos 60 PMs do COE, com o apoio de mais 14 Policiais do Canil da Polícia Militar e 4 cães, também integram essa operação mais 25 Policiais de outras unidades da PM de São Paulo e de outros estados do Brasil, formados no curso de Conduta de Patrulha em Locais de Alto Risco, ministrado por instrutores do Comandos e Operações Especiais. Ao voltar para suas unidades de origem, esses Policiais irão capilarizar os conhecimentos e as doutrinas operacionais adquiridos no COE.
Reprodução/Foto-RN176 Comandante do COE, Major PM Carvalho (segundo da dir p/ esq) conduzindo o briefing final para seus oficiais na Base do COE, antes do início da Operação Heliópolis.- André Jalonetsky
Às 15:00hs, um comboio composto por cinco viaturas do COE, quatro do Canil da PM e um ônibus do Choque com mais PMs do COE e os Policiais do curso de Patrulhamento em Locais de Alto Risco, partem da Base com destino à Heliópolis em alta velocidade.
“O motivo de acelerarmos é para não perder o fator surpresa. Assim que saímos da Base com tantas viaturas, as chances dos bandidos serem informados da nossa movimentação aumentam a cada quarteirão que percorremos. A PM possui procedimentos padrão que facilitam muito a movimentação rápida de comboios. Em cruzamentos as viaturas se revezam para bloquear o trânsito por alguns segundos enquanto as outras passam. Os motoristas civis sempre nos ajudam muito ao facilitar nossa passagem, eles entendem imediatamente que uma viatura Policial com sirene ligada significa situação de emergência”, explica o Major PM Carvalho.
Reprodução/Foto-RN176 Comboio de 10 viaturas do COE e do Canil da PM em deslocamento para a comunidade de Heliópolis. Note à esquerda uma viatura do Canil parada, bloqueando temporariamente o trânsito-PM Divulgação
Ao chegar em Heliópolis o comboio se divide, cada viatura estacionando nos principais pontos de acesso, previamente designados. Várias equipes compostas por três a seis Policiais iniciam imediatamente suas patrulhas individuas a pé, colocando em prática o peculiar treinamento do COE em técnicas de conduta de patrulhamento, progressão, buscas e abordagens, que podem mudar em função de cada situação encontrada.
Junto com o Major PM Ambar, acompanhei de perto a patrulha executada pelos três “Caveiras”: Comandante Carvalho e os competentíssimos Cabos PM Fernandes e Pinha. É incrível o impacto que apenas três Policias do COE causam na sua área de atuação, dentro de um ambiente urbano tão grande e complexo como Heliópolis.
Reprodução/Foto-RN176 Comandante do COE, Major PM Carvalho (centro) e os Cabos PM Fernandes e Pinha em conduta de patrulha na Comunidade Heliópolis- Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
Reprodução/Foto-RN176 Note a aplicação do procedimento padrão de abordagem: enquanto um Policial efetua a revista, o outro faz a segurança do seu parceiro e dos cidadãos abordados- Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
Para a população, o impacto desses três PMs era medido pelos olhares, sorrisos, sinais positivos feitos com as mãos, e principalmente pelas discretas denúncias e dicas que os moradores passavam, indicando possíveis locais de esconderijo de traficantes.
Para os marginais, o impacto desses três PMs foi medido pela quantidade de pontos de venda de drogas abandonados às pressas. Em várias vielas e becos era comum encontrar indícios da presença recente de traficantes, como embalagens, mochilas, pilhas de rádios de comunicação jogadas no chão e até cadeiras usadas pelos criminosos. Não demorou muito para que uma equipe do Canil localizasse um dos esconderijos dos distribuidores locais de drogas.
“Ao passar na frende de uma casa, o cão Bart, conduzido pelo Soldado PM Nickel do Canil da PM, deu o sinal de que havia detectado o odor de drogas. A Cadela Darah, conduzida pelo Soldado PM João Vitor confirmou. Imediatamente os PMs que estavam no local cercaram a casa e constataram que não havia ninguém dentro. Assim que o Bart entrou, localizou 40 tijolos de maconha, com 1kg cada, escondidos no meio de sacos de cimento e tijolos”, relata o Tenente PM Tongu, que comandava o Pelotão dos Policiais Militares do Canil. Alguns dias mais tarde tive o privilégio de conhecer o cão Bart, seu parceiro Soldado PM Victor e o Tenente PM Tongu, premiados com a Medalha Conquentenário do Canil da Policia Militar, por este e tantos outros serviços prestados à populacão Paulista.
Reprodução/Foto-RN176 Parte da droga encontrada pelos cães Darah e Bart, e seus condutores os Policiais João Vitor e Nickel, do Pelotão do Tenente PM Tongu do Canil da PMSP- PM/Divulgação
Datena confirma: Missão do COE cumprida
Após algumas horas acompanhando de perto a patrulha e o deslocamento do Major PM Carvalho e dos Cabos PM Fernandes e Pinha, quase que por acaso, confirmei que os principais objetivos da operação do COE, que eram a ocupação de espaço, levar segurança para a população e deixar a criminalidade em pânico, estavam sendo atingidos em cheio. A fonte dessa confirmação não poderia ser mais inesperada e ao mesmo de alta credibilidade: o Datena!
Lá pelas 18:00hs, quando “minha” equipe do COE passou na frente de um barzinho, notei que a televisão estava sintonizada no programa Brasil Urgente, e que nossa operação estava sendo transmitida e comentada ao vivo, incluindo imagens aéreas. O Datena falava sobre a dimensão da operação e sua repercussão positiva junto à comunidade.
Nos próximos 30 minutos de patrulha, observei que todas as TVs que passávamos estavam ligadas no Brasil Urgente e que o povo se juntava para assistir o programa, com orgulho do trabalho dos Policiais do COE. O clima ficou tão leve que o Comandante Carvalho conseguiu atender uma ligação do Datena, e por alguns segundos explicou ao vivo o que estava acontecendo.
Reprodução/Foto-RN176 Major PM Carvalho, Comandante do COE – Comandos e Operações Especiais. Foto: Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
Quando a patrulha recomeçou, ao passarmos na frende de uma casa, por coincidência uma senhora abriu a porta e ao se deparar nossa equipe do COE, arregalou os olhos, começou a sorrir e disse: “Meu Deus, eu acabei de ver vocês no programa do Datena, vocês existem de verdade, voltem sempre aqui!”
“Essas operações vão se tornar cada vez mais frequentes. A meta do COE é se fazer presente em todas as grandes comunidades paulistas para desestruturar e sufocar a atuação dos traficantes e também reduzir os roubos e assaltos nas imediações”, finaliza o Comandante dos Comandos e Operações Especiais, Major PM Carvalho.
Reprodução/Foto-RN176 Policial Militar do COE na sua Base-Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
O COE é um dos elementos críticos que o Comando da Polícia Militar possui para garantir que São Paulo não se transforme num palco de tiroteios diários e fatais, perpetrados por bandos de traficantes que desfilam livremente portando fuzis de combate restritos às Forcas Armadas, impondo suas leis e aterrorizando os cidadãos de bem. Os guerreiros verdes do COE impedem que isso aconteça de forma eficaz e silenciosa