ROTANEWS176 30/10/2023 19:00 Por Bianca Mingote
Ginecologistas destacam que a prática não tem eficácia com comprovação científica e pode provocar a transmissão de doenças.
Reprodução/Foto-RN176 Entre os riscos estão a infecção, a contaminação por bactérias e mal-estar gástrico, alertam especialistas – (crédito: redgular por Pixabay )
No último final de semana, a influenciadora Fernanda Lacerda, conhecida como “mendigata”, compartilhou em uma rede social um vídeo comendo a própria placenta. O ato (consumir a placenta após o parto) é chamado de placentofagia e já é comum para algumas culturas e espécies de animais. Ginecologistas obstetras ouvidos pelo Correio afirmam que não existe comprovação científica dos benefícios da técnica. A prática, porém, pode trazer riscos à saúde da mãe — e do bebê.
Entre os riscos estão a infecção, a contaminação por bactérias e mal-estar gástrico. “A placenta é um órgão que promove filtração, então tem o risco de estar infectada e isso levar a infecções maternas”, aponta Marcelle Domingues Thimoti, ginecologista e obstetra, especialista em parto humanizado. A especialista destaca que há ainda risco de contaminação por bactérias “principalmente se você comê-la crua, sem preparo algum, porque é um tecido que pode ficar estragado”, afirma.
Os defensores da placentofagia citam benefícios como melhora da amamentação e prevenção da depressão pós-parto, mas Marcelle aponta que não há comprovação científica para tais afirmações. Segundo a especialista, os estudos em andamento sobre o tema são pequenos e com metodologias científicas simples. “Os malefícios já são bem conhecidos, mas os benefícios carecem de mais estudos. A comunidade científica ainda não coloca como recomendação o hábito da placentofagia”, destaca.
E a saúde dos bebês?
Na avaliação de Fabiana Ardeo, ginecologista obstetra especialista em endoscopia ginecológica, comer a placenta pode trazer efeitos negativos à amamentação. “A placenta possui microbiota bacteriana própria e pode ser facilmente contaminada, portanto a forma de seu consumo influencia na sua segurança aumentando risco de infecções na mãe e, através da amamentação, riscos também para o bebê”, avalia.
Segundo Fabiana, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) não apoia a técnica. “Não há estudos científicos que comprovem o valor nutritivo e não há como sugerir uma técnica quando não há comprovação da eficácia dela”, pontua.
A especialista reforça que, caso a placenta não seja cozinhada ou preparada corretamente, pode haver transmissão de doenças como hepatite A, zika e de vírus como HIV.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE