Comissão Europeia se prepara para consequências de Brexit sem acordo

ECONOMIA

ROTANEWS176 E POR AFP  04/04/2019  00:16

Reprodução/Foto-RN176 As consequências de um Brexit sem acordo seriam consideráveis em termos de circulação de mercadorias e turistas entre a União Europeia e o Reino Unido – AFP/Arquivos

As consequências de um Brexit sem acordo seriam consideráveis em termos de circulação de mercadorias e turistas entre a União Europeia e o Reino Unido, segundo a Comissão Europeia, que apresentou seus planos de contingência nesta quarta-feira (3).

A principal incerteza paira sobre a ilha da Irlanda, onde Londres e Bruxelas procuram evitar a reintrodução de uma fronteira física entre a República da Irlanda, um país da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte.

Se o Reino Unido sair sem um acordo em 12 de abril, “ele se tornaria um terceiro país de um dia para o outro”, explicou o comissário europeu para Assuntos Financeiros, Pierre Moscovici, para quem seria uma mudança legal “radical”.

“Sem um acordo de saída, a atividade de milhares de empresas europeias e, em menor extensão, de viajantes, seria perturbada pela reintrodução de controles alfandegários e novas formalidades fiscais”, afirmou.

– Controles –

Os bens que atualmente circulam livremente entre as Ilhas Britânicas e o continente devem novamente estar sujeitos a controles de fronteira.

A tarefa se anuncia enorme, especialmente quando sete dos 10 principais parceiros econômicos do Reino Unido no mundo pertencem à UE.

Mais de 4 milhões de veículos circulam todos os anos entre o porto britânico de Dover e Calais, ou seja, 11.000 por dia através do túnel e das balsas.

A alfândega não controlará todas as mercadorias britânicas, mas “não temos que descartar as filas na saída do túnel e nos portos”, advertiu Moscovici. “Eu prefiro controles rigorosos e algumas filas de caminhões a uma crise sanitária ou tráfego ilegal”, afirmou uma autoridade francesa.

– Formalidades –

As empresas europeias que fizerem negócios no Reino Unido devem cumprir formalidades aduaneiras.

De acordo com Moscovici, alguns países estimam que o número de declarações sobre exportações ou importações aumentará de 40% a 50%.

“O nível de preparação as empresas é fundamental e, lamentavelmente, ainda é uma fonte de inquietação”, afirmou.

Para o comissário, “a fluidez dos fluxos comerciais dependerá em grande parte da questão de saber se preparam bem a documentação”.

– Tarifas aduaneiras –

O Reino Unido estará sujeito às tarifas clássicas devido às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), como qualquer país que comercializa com a UE sem acordo comercial específico.

Isso terá consequências para o setor financeiro das empresas europeias que importem produtos britânicos, já que terão que pagar essas tarifas aduaneiras.

– Turistas –

As malas de turistas vindos do Reino Unido também serão alvo de controles nas alfândegas. E o transporte de alguns produtos, especialmente os de origem animal, como queijo, serão proibidos por motivos sanitários.

“Isso afeta apenas os turistas”, informa um alto funcionário europeu.

O Reino Unido deve fazer parte do grupo de países que podem exportar esses produtos no âmbito de uma relação comercial.

O transporte de dinheiro vivo será limitado a 10.000 euros.

– Irlanda –

Londres e Bruxelas devem tentar evitar a reintrodução de uma fronteira física na ilha da Irlanda, ao mesmo tempo em que realizam os controles obrigatórios.

Eles devem ser feitos da “maneira menos perturbadora possível e, na medida do possível, longe da fronteira”, explicou Moscovici sem dar mais detalhes.

“Trabalhamos estreita e intensamente com a Irlanda para encontrar uma solução”, acrescentou.