ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/02/2022 08:11
MATÉRIA DIVISÃO DOS UNIVERSITÁRIOS E HERDEIROS
Reprodução/Foto-RN176 Divisões dos Universitários e dos Estudantes Herdeiro – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Matéria a ser utilizada nas Atividades da Jornada da Juventude Soka e Comemorativas da DUni
Já parou para pensar na importância do diálogo ou dialogou com alguém bem diferente de você? Inspirados no Objetivo 5 da Agenda 20301 da Divisão dos Jovens (DJ) da BSGI — Relações Humanas —, que será desenvolvido por meio de várias atividades ao longo deste ano, a Divisão dos Universitários (DUni) e a Divisão dos Estudantes Herdeiro (14 aos 17 anos) propõem uma reflexão a respeito desse ponto fundamental para a criação de uma sociedade plural e harmoniosa.
Há cinquenta anos, no dia 5 de maio de 1972, na cidade de Londres, o presidente Ikeda iniciou uma série de diálogos com o historiador britânico Arnold J. Toynbee, mundialmente conhecido pela obra Um Estudo da História, em que examina o processo de nascimento, crescimento e queda das civilizações da perspectiva global.
Toynbee era cristão, contava com 83 anos e se desenvolveu sob os valores ocidentais. Ikeda, por outro lado, é budista, tinha 44 anos na ocasião do encontro e cresceu em meio à cultura oriental. Apesar das inúmeras diferenças, com base no princípio da dignidade da vida, refletiram sobre diversos assuntos que acompanharão a humanidade pelo vasto futuro.
A palavra “diálogo” vem do grego diálogos, e é formada pelo prefixo dia, que significa “através”, e por legein, que significa “falar”2. Portanto, resumidamente, o diálogo representa uma forma de interação entre duas ou mais pessoas que, por meio da palavra, expressam uma à outra sua opinião e percepção sobre determinado assunto.
Existem condições para que um diálogo aconteça?
Embora não exista uma “receita-padrão”, há alguns pontos básicos que tendem a caracterizar um bom diálogo, como a disposição de aprender, o respeito e a empatia pelo outro.
A disposição de aprender significa admitir que nosso conhecimento é limitado e parcial, e a interação com outro ser humano, de diferentes vivências e características, nos permite uma visão de mundo mais rica e abrangente. Já o respeito absoluto nos possibilita reconhecer a dignidade da vida do outro, ainda que haja discordância de ideias.
No livro Comunicação Não-violenta, o autor Marshall B. Rosenberg esclarece a importância do exercício de nos colocar no lugar do outro durante um diálogo:
A empatia está em nossa capacidade de estarmos presentes. Continuo a me espantar com o poder curativo da empatia. Repetidas vezes tenho testemunhado pessoas transcendendo os efeitos paralisantes da dor psicológica, quando elas têm contato suficiente com alguém que as possa escutar com empatia.3
Devo iniciar um diálogo me sentindo superior ao outro?
Falar “para alguém” é comum em relações hierárquicas e desiguais, em que apenas um tem o poder e a capacidade de transmitir informações, enquanto o outro somente a absorve de forma passiva. Diferentemente, falar “com alguém” significa construir valor a partir da diferença; complementar conhecimentos em prol de um objetivo comum.
Quando pensamos na diferença entre gerações, por exemplo, a sabedoria adquirida ao longo dos anos por aqueles mais experientes e a facilidade dos mais novos em acessar diversas ferramentas tecnológicas podem ser fatores de distanciamento ou de aproximação, a depender da nossa disposição em abandonar uma possível superioridade moral e conseguir, humildemente, se tornar completo com as características do outro.
Por isso, as interações entre filhos e pais na família, entre iniciante e veterano na organização e entre aluno e professor na escola ou faculdade devem ser estimuladas e cuidadosamente construídas. No livro Escolha a Vida, um Diálogo sobre o Futuro, que resultou justamente do diálogo com Toynbee, o presidente Ikeda ressalta o potencial desse tipo de contato:
Se as gerações mais velhas e mais novas adotarem como ponto de partida o reconhecimento da dignidade humana nesse sentido, confio em que será encontrado um caminho para a união de ambas. Isto, por seu turno, levaria à reconstrução do sistema de poder e da ordem educacional, e à criação de uma ordem inteiramente nova.4
Qual é a minha intenção neste diálogo? Falar por último significa ser vencedor?
Dialogar não é queda de braço entre vencedor e perdedor, entre alguém que dá a “palavra final”, enquanto o outro será derrotado por argumentos mais convincentes.
No livro Escolha a Vida, um Diálogo sobre o Futuro, é nítido o intercâmbio de ideias entre os participantes, que se revezam harmonicamente para propor temas relevantes; embasar e descrever com mais detalhes a sua opinião; ouvir atentamente uma colocação diferente; e oferecer sua conclusão final a respeito de um assunto.
Portanto, sem se limitar à vontade de que todos tenham a mesma opinião final, o mais importante é garantir que, ao longo do processo, todos possam se sentir à vontade para expor suas ideias de forma sincera e autêntica. Enfatizando o potencial do diálogo de humanizar as relações humanas, Ikeda sensei incentiva:
Armados de paciência e trajando o “manto da cortesia e da tolerância”,5 vamos insistir em sempre falar com os outros com uma voz clara e vibrante. Vamos dialogar de forma calorosa e alegre. Vamos realizar diálogos que inspiram e incentivam; diálogos transbordantes de filosofia. São esses diálogos que abrirão o caminho para um mundo realmente mais humano. E vamos nos empenhar ao máximo para ligar esses diálogos à contínua vitória de nosso movimento.6
E como saber se tive um bom diálogo?
Tão importante quanto o que se fala, é como se fala — por essa razão, gostaríamos de compartilhar algumas dicas práticas que podem ajudar em um diálogo mais formal, em uma prosa com um amigo e até na DR com o crush:7
- Crie um ambiente favorável ao diálogo, em que os participantes se sintam à vontade e haja o mínimo de interferência externa.
- Utilize um tom de voz adequado para se expressar de forma sábia.
- Exercite a escuta ativa:8 além de ouvir atentamente a comunicação verbal, absorva cada detalhe da linguagem não expressa, como a postura, a expressão facial, as reações espontâneas e outros sinais sutilmente transmitidos ao longo da interação.
- Não monopolize a palavra e, enquanto o outro estiver se expressando, jamais o interrompa e evite ao máximo desviar sua atenção com outras atividades.
- Esteja pronto para reativar o diálogo quando perceber que a interação está se perdendo.
- Ter a sensação de que haveria mais assunto para continuar o diálogo e dispor elementos para fazer uma autorreflexão futura são fortes indícios de que você acabou de ter um excelente diálogo. =)
Sobrepondo as diferenças e imbuídos do mesmo sentimento do presidente Ikeda de abrir novos caminhos para o futuro por meio do diálogo, vamos realizar conversas francas e inspiradoras, com a firme convicção de que esta é uma das ferramentas de conexão mais fundamentais entre as pessoas e de transformação da sociedade.
Poste sua foto tendo diálogos para o futuro e marque @seigangeneration
Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda (à dir.) dialoga com o historiador britânico Arnold J. Toynbee (Londres, maio 1972). Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Notas:
- Agenda 2030 da Divisão dos Jovens da BSGI: https://agenda2030dj.wordpress.com/portfolio/
- Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/dialogo/. Acesso em: 8 de fev. 2022.
- ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-violenta: Técnicas para aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. p. 214.
- TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida: Um Diálogo sobre o Futuro. Rio de Janeiro: Record, 1976. p. 142.
- Gosho Zenshu [Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 971.
- Terceira Civilização, maio 2006.
- DR tem o significado de “discutir o relacionamento”; e crushé gíria empregada para se referir à pessoa amada.
- TARTUCE, Fernanda. Técnicas de Mediação. In: Mediação de Conflitos: Da Teoria à Prática. São Paulo: Atlas, 2011. p. 7.