ROTANEWS176 E POR IG 06/07/2018 13:42 Por Sérgio Marques
Major PMESP Sérgio Marques conta a história da Revolução Esquecida de 1924, os 23 dias que estremeceram a “terra da garoa” há exatos 94 anos
05 de julho de 1924, sábado de uma manhã fria e nebulosa eclodia o Movimento, hoje conhecida por “Revolução Esquecida de 1924”.
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Reprodução/Foto-RN176 Bateria Krupp, de 75 mm.- Reprodução
Na segunda década do século passado o Brasil ainda era uma República anacrônica, pois o objetivo do Estado Brasileiro, em um “ciclo perverso”, encerrava-se em si mesmo. A população era o que menos importava! Reinava a famigerada política do “Café com Leite”, com a alternância do Executivo Federal (Presidência da República) apenas por representantes de oligarquias dos Estados economicamente majoritários, entenda-se São Paulo e Minas Gerais. Começava a se desenhar a Revolução Esquecida de 1924 .
As eleições eram manchadas pelo incrédulo voto aberto, o malicioso voto de cabresto, com o povo “exercendo cidadania” de acordo com o pensamento dos poderosos “coronés” (como eram chamados os chefes políticos locais). Tais práticas cobriam nossos sertões. O Presidente da República à época era o também oligarca Arthur Bernardes, em triste continuísmo político…
A espoleta da rebeldia nascera no Exército, através do Quartel de Santana, o tradicional 4º BC- Batalhão de Caçadores, na Rua Alfredo Pujol (hoje, Centro Preparatório de Oficiais da Reserva- CPOR/SP), no “Solar dos Andradas”, dissipando-se através dos Quartéis da Força Pública da área central de São Paulo, ao longo da Av. Tiradentes.
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Reprodução/Foto-RN176 Quartel do 4º Batalhão da Força Pública (hoje, 4º BPM/I) que se localizava na Av. Tiradentes, esquina com Rua dos Bandeirantes, durante a Revolução de 1924 – arquivo/Jornal O MALHO
O Quartel da Luz, no atual Regimento de Cavalaria e parte do antigo 1º Batalhão da Força Pública, hoje, 1º BPChq/ROTA), sob o comando do Major Fiscal do Regimento de Cavalaria da Força Pública MIGUEL COSTA e inúmeros outros colaboradores (destacando-se o tenente FP JOÃO CABANAS, autor do livro “A Coluna da Morte”), dominaram a cidade de São Paulo. O Quartel da Luz passa a ser a sede Revolucionária, até ser atingida por obuses legalistas, durante a dominação por 23 deias dias da cidade. Durante a Campanha a sede Revolucionária encontraria novo endereço, a Estação da Luz, a menos de 500 metros do Quartel da Luz.
Reprodução/Foto-RN176 General Miguel Costa, à época Major Fiscal do Regimento de Cavalaria da Força Pública Paulista, um dos principais líderes da Revolução de 1924 – Arquivo
Do interior Paulista outras Unidades do Exército se levantaram, chegando à Capital, apoiando o Movimento Revolucionário, Batalhões esses de Quitaúna (região de Osasco), Itu, Rio Claro, Jundiaí e Caçapava também.
Uma resistência inesperada da Força Pública, em pleno Bairro da Luz, tomado pelos Revolucionários, destaca-se no horizonte: o 4º Batalhão da Força Pública, (hoje, 4ª BPM/I, com sede na cidade de Bauru- SP), também situado no centro nervoso da Revolução, na Av. Tiradentes, esquina com Rua Bandeirantes (Quartel hoje não mais existente), a 200 metros do Quartel da Luz da Força Pública.
O 4º Batalhão, transformou- se, segundo o tenente Benito Serpa, um de seus valentes soldados, “A Verdun Paulista”, bastião legalista, que resistiu a fúria rebelde até a fuga do Presidente do Estado para Guaiaúna, no Bairro da Penha, na Capital (hoje área abrangida pela estação do metrô Penha).
O Chefe do Executivo Paulista, Carlos de Campos, não resistindo aos ataques contra o Palácio Campos Elíseos (ainda existente, na Esquina da Av. Rio Branco x Praça Princesa Isabel), sede do Governo Paulista, no bairro de mesmo nome, em 08 de julho fugiu para Guaiaúna, após ataques sofridos no Palácio bem como nos prédios governamentais no Largo do Carmo, área central, próximo da Praça da Sé.
O intuito do Movimento era a derrubada do Presidente Arthur Bernardes, que representava a ordem vigente, arcaica, carcomida e corrompida, além da mudança radical da estrutura viciada do Estado Brasileiro, através do ensino gratuito e obrigatório, o voto secreto e uma Justiça independente.
Reprodução/Foto-RN176 À esquerda o tenente João Cabanas entrega ao tenente Olímpio as divisas de cabo, condecorando um soldado, na ocupação do Palácio Campos Elíseos, no centro da Capital – Jornal O MALHO, 1924, edição 1146
Com a suposta adesão de outras localidades, os revoltosos marchariam para o Rio de Janeiro (Capital Federal da época) para destituí-lo. Só que não houve a adesão de outras praças com importância estratégica, o que inviabilizou a marcha! No mesmo mês, isoladamente, quarteladas em apoio à Revolução ocorreram em Manaus -AM, Belém -PA, Aracaju- SE e bela Vista- MT, cidades tão distantes do epicentro São Paulo, que foram rapidamente dominadas por forças leais ao Governo.
O “5 de Julho de 1924” era originário do “Movimento Tenentista”, grupo essencialmente urbano, representante da classe média em crescimento, antagônico ao movimento ruralista e tradicional, pois almejava profundas mudanças na sociedade brasileira. Em nada se confunde com a ideologia pregada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, decorrente da Revolução Russa, de 1917.
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Reprodução/Foto-RN176 Trincheira Av. S. João, perto QG EB (Conselheiro Crispiniano) – O Malho,1924, edição 1145
O Movimento Tenentista teve seu batismo de fogo no mesmo dia, porém dois anos antes, na cidade do Rio de Janeiro, no episódio conhecido como “Os 18 do Forte de Copacabana”, que, com semelhança ao voluntarismo dos “300 de Esparta”, marcharam para a morte e pela glória na Praia de Copacabana. Ao final da peleja restaram feridos, em destaque, os Tenentes Siqueira Campos, que dá nome ao Parque Trianon, na Av. Paulista, e Eduardo Gomes, futuro Brigadeiro de nossa Força Aérea. 6 deles morreram.
Os dois já recuperados e eternos rebeldes teriam intensa participação na Revolução de 1924 bem como no comando de tropas da Coluna Miguel Costa-Prestes pelo Brasil. O ano de 1922 na História brasileira foi no mínimo diferenciado, pois outros dois episódios fecharam-no: Semana de Arte Moderna e fundação do Partido Comunista do Brasil!
Alguns anos antes, em 1917, durante a Greve Geral de São Paulo, surgiria para os anais da História brasileira a figura do então capitão de Cavalaria MIGUEL COSTA. O Cavalariano, em determinada ação, recebera ordens governamentais para dissipar os manifestantes. Já na atividade policial, recebeu uma pedrada na testa, lançada por um dos grevistas mais exaltado.
Reprodução/Foto-RN176 Trincheira revolta rua 7 de Abril, ao fundo Praça da República – O Malho
Segurando sua tropa, apeou de seu cavalo e se pôs a conversar com os grevistas. Recebeu o convite para verificar as precárias condições em que viviam as pessoas. Aceitou o convite. Influenciado pelas condições subumanas que seus olhos constataram, o estado de abandono e promiscuidade em que viviam nos cortiços os operários, imigrantes, migrantes, crianças, mulheres, idosos etc.
Auxiliou na negociação da primeira greve no Brasil, servindo-se como intermediário entre os paredistas e as autoridades constituídas. Muitos dos moradores daqueles casebres eram seus soldados com suas famílias… Com certeza aquela vistoria de 1917 incrementou sua visão humanista, pois foi testemunha presencial das condições adversas de vida no Brasil naquele primeiro quarto do século passado.
Mas, enquanto persistia o “Julho Revolucionário de 1924”, a situação na Cidade, durante o domínio rebelde, só piorava.
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Por estúpida decisão de Arthur Bernardes, apoiada por Carlos de Campos bem como no Ministro da Guerra, general Setembrino de Carvalho, decidiram bombardear a Cidade Aberta, mesmo sem alvos essencialmente militares, com os destruidores canhões de 75 e 105 mm. Era o chamado “bombardeio terrificante”, tão usado pelos litigiosos durante a I Guerra Mundial. O Governo situacional, através dos canhões e de sua debutante aviação, em total desrespeito à população civil, arrasou bairros populares (e operários) como Mooca, Brás, Penha, Belém, Centro, Ipiranga, Perdizes, Vila Mariana, Paraíso, dentre outros, agraciados com as bombas que levavam o beijo da morte…
A Cidade era habitada por aproximadamente 700.000 almas, muitas das quais simpatizantes dos rebeldes. Em decorrência das “bombas legalistas” ocorreu um gigantesco êxodo da cidade, pois em torno de 300.000 pessoas abandonaram-na, a pé, de trem, carroças, carros, à cavalo etc.. Sempre ela, a Guerra, fazendo vítimas civis, similar ao que ocorre hoje na Síria, um Estado retalhado por concepções políticas, ideológicas e religiosas radicais…
Reprodução/Foto-RN176 Incêndio por granada Rua-25-de março – Gustavo Prugner
O Comando Revolucionário, encabeçado pelo General Isidoro Dias Lopes, ciente de que outras partes do País não aderiram ao Movimento e, paralelamente, ao sacrifício da população Paulistana, além do cerco que a legalidade preparava, apoiado por efetivos do Marinha, Exército, Polícias do RS, SC, PR, MG, BA e RJ, após 23 dias de amplo domínio, abandonam a cidade no dia 28 do mesmo mês, com destino ao interior, com o propósito de semear os ideais de modernidade e justiça por outras bandas.
Como o comando legalista optou por bombardear a Cidade, evitando o atrito com as tropas rebeldes, sem constante contato visual, facilitou a fuga dos rebeldes para o interior do Estado. No maior conflito já registrado na Capital Paulista (e maior conflito urbano no país) deixou um triste e pesado tributo: 503 mortos, quase 5.864 feridos, em sua maioria, civis, além da destruição de aproximadamente 2.000 edifícios.
Através da Estação Ferroviária da Luz (que hoje também abrange uma Estação do Metrô, de mesmo nome), nas proximidades do “Quartel da Luz”, 6.000 rebeldes (inclusos 2.000 civis, que aderiram à Revolução) embarcaram nos trens com destino inicial ao interior do Estado, passando por Campinas, Jaguari, Amparo, Itapira, Mogi-Mirim, Espírito Santo do Pinhal, São João da Boa, Prata, Rio Claro, Itirapina, São Manuel, Bauru, Botucatu, Avaré, Ourinhos, Palmital, Paraguaçu Paulista, Santo Anastásio e Presidente Epitácio, no fim da estrada de Ferro Sorocabana, às Margens do Rio Paraná.
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Reprodução/Foto-RN176 Rua Bresser, atingido por 2 granadas – O Malho
Os rebeldes, sob comando do tenente Juarez Távora, tentaram uma infeliz invasão ao Estado de Mato Grosso, ainda uníssono, todavia, foram rechaçados.
Optaram no prosseguimento do Movimento, margeando o grande Rio Paraná, agora sentido sul, até alcançarem a região pouco habitada de Guairá/Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná. Avançaram e se estabeleceram na Serra de Medeiros, culminando na “guerra de trincheiras”, cujos baluartes eram as cidadelas de Catanduvas/Belarmino/Santa Cruz, no Alto Paraná.
Com MIGUEL COSTA, 3.800 guerreiros chegaram ao oeste do Paraná. Os rebeldes permaneceram no aguardo das tropas do Capitão do Exército Brasileiro Luís Carlos Prestes, que se sublevaram no Rio Grande do Sul no dia 28 de outubro de 1924. Quase seis meses após, depois da queda de Catanduvas, em 11 de abril de 1925 alcançam a tropa Paulista, na região de Foz do Iguaçu, no Paraná, as margens do Rio que homenageia o Estado sulino, com apenas 800 maltrapilhos e quase desarmados componentes da Coluna do Capitão Prestes.
A tropa foi armada com as ações do tenente João Cabanas, comandante da “Coluna da Morte”, que apreendera grande quantidade de munição, no mês de janeiro, no reduto legalista chamado de Formigas. As duas colunas unidas (Brigada São Paulo e Brigada Rio Grande) resultaram na “1ª Divisão Revolucionária”, ou, simplesmente, com justa revisão histórica, “Coluna Miguel Costa- Prestes”.
Reprodução/Foto-RN176 Rua Cubatão, atingido por 9 granadas – O Malho
A queda do reduto rebelde de Catanduvas, no final de março de 1925, capítulo triste e heroico, absolutamente desconhecido dos brasileiros, com a rendição de 207 soldados, com a exaustão das trincheiras, fome e doenças, quase todos membros da Força Pública Paulista, teriam um final horroroso, pois foram encaminhados para a colônia penal de Clevelândia, no Amapá, através dos “navios das mortes”, somado a outros rebeldes dos outros Estados bem como prisioneiros comuns, totalizando mais de 1000 farrapos humanos.
Em 1927, com a anistia concedida pelo novo Presidente, Washington Luís, dizimados por doenças das trincheiras, malárias, fraqueza e a fome somente 7 (sete) daqueles combatentes de Catanduvas retornaram com vida…
Com a unificação das duas Brigadas, Paulista e São Paulo, Miguel Costa e Prestes decidiram dar continuidade A Revolução. Para tal, partindo de Porto Mendes, no Paraná, invadiram o Paraguai, através do Puerto Adela, evidentemente, sem autorização do país-irmão, com o intuito de apenas realizarem a travessia do país, em torno de 120 Km, por 3 dias, fugindo do cerco do general legalista Cândido Mariano Rondon, até chegarem em Ponta Porã, no Mato Grosso, e recomeçarem a Marcha pelo Brasil.
Reprodução/Foto-RN176 Florêncio de Abreu – O Malho
Tal Coluna, nos meios Acadêmicos, era apenas conhecida pelo termo “Coluna Prestes”, fato militarmente incabível, pois Miguel Costa era seu superior hierárquico, no posto de Major (antiguidade é posto…). O Comandante Geral rebelde, General Isidoro Dias Lopes, já muito idoso, por limitação física, não conseguiria dar continuidade à ”guerra de movimento”. O comando da Divisão Revolucionária foi transmitida ao mais antigo militar em posto, MIGUEL COSTA. Prestes, chefe do Estado Maior da 1ª Divisão, também acumulava o subcomandante da Coluna.
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A “1ª Divisão Revolucionária” foi importante página da Historiografia Nacional, pois, com abnegação e heroísmo, anônimos percorreram aproximadamente 25.000 km do território nacional (alguns autores dizem 30.000 km percorridos), assim divididos:
Reprodução/Foto-RN176 Fuga da população – O Malho
- Saída de São Paulo rumo ao interior, Mato Grosso (parte sul) e Paraná- exclusivamente da Tropa Paulista (parte do Exército, Força Pública Paulista e voluntários civis). Neste trecho se destacou o Tenente da Força Pública Paulista JOÃO CABANAS – comandante da “Coluna da Morte”, encarregado da defesa da retaguarda da tropa, quando da saída da Capital, introdutor no Brasil da chamada “guerra psicológica”, tão bem relatada em obra de sua lavra, “A Coluna da Morte”;
- Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná- Tropa Gaúcha (Exército e voluntários civis), liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes, que, diga-se de passagem, ainda não bebera da fonte marxista, assumindo-a somente em maio de 1930, bem posterior a Marcha;
- 1ª Divisão Revolucionária, ou Coluna Miguel Costa- Prestes: decorrente da junção das duas Colunas, a Paulista e Gaúcha, após a queda de Catanduvas, no Paraná. Percorreram o “Paraguai”, Mato Grosso (e atual Mato Grosso do Sul), Minas Gerais, Bahia, Goiás (e atual Tocantins), Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco. “Volta”: Bahia, Pernambuco, Piauí, Goiás (e atual Tocantins), Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso e internamento na Bolívia (e outra e pequena parte, no Paraguai).
Reprodução/Foto-RN176 Trincheira vista do Quartel General (Cons. Crispiniano) para o Teatro Municipal – O Malho
Foi a maior marcha militar do Planeta, ainda não superada (em outro país o fato já teria resultado em filme épico…).
O efetivo da Coluna variava, para fins estratégicos, entre 1.200 e 1.500 homens.
Finalizou-se com o internamento voluntário da tropa rebelde na Bolívia, em fevereiro de 1927, com 800 homens, por eles mesmos denominados “emigrados” (e uma minoria, no mês seguinte, liderada por Siqueira Campos, que se exilou no Paraguai), encerrando esse capítulo desconhecido para a maioria dos brasileiros…
Entretanto, também presto “vivas” aos soldados legalistas, que perseguiram a Coluna, pois cumpriram o dever militar, sofrendo das mesmas adversidades de seus homólogos nos tempos de guerra (saudades, fadiga, fome, medo, doenças, ferimentos… morte).
Outro líder da estirpe do General MIGUEL COSTA (promovido a esse posto durante a Marcha), porém em trincheira distinta, também treinado pelos membros gauleses da 1 ª e 2ª Missões Francesas de Instrução da Força Pública Paulista (1906-1914 e 1919-1924) foi o Coronel FP PEDRO DIAS DE CAMPOS, Comandante Geral da Força Pública Paulista, que pessoalmente, perseguiu a Coluna Miguel Costa – Prestes pelo interior do Brasil, em 1926, integrada ao Exército Brasileiro.
Na Campanha, a Força Pública teve o desprazer de ter a primeira baixa da Aviação Militar Paulista, em setembro de 1926, com a morte do Tenente FP Chantre, em Uberaba- MG, após um pouso mal sucedido em que o vitimou mortalmente. O segundo piloto, Tenente FP Antônio Pereira Lima, teve ferimentos gravíssimos e fora internado na Santa Casa local, permanecendo 8 dias em coma, porém resistindo aos ferimentos. Estavam a caminho de Goiás, na Campanha de mesmo nome, combatendo a Coluna Miguel Costa- Prestes.
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Reprodução/Foto-RN176 Rebeldes no telhado do 1º Batalhão da Força Pública ( ROTA), em 05 de julho de 1924 – Arquivo
Coincidentemente, o vitimado sobrevivente, no ano anterior, Tenente PM Pereira Lima, ficara conhecido como o 1º paraquedista brasileiro, feito realizado no Campo de Marte, na Capital Bandeirante (História disponível em: goo.gl/ckZiqx).
Os fundos arrecadados, decorrentes da demonstração, também auxiliaram na Construção do Hospital Cruz Azul, destinado aos familiares dos membros da Força Pública. A vida de caserna os obrigava a se ausentarem por longo período de suas famílias, pois constantemente eram acionados para participarem de Campanhas Militares. A Cruz Azul era (e o é) um porto seguro para as esposas e filhos dos guerreiros de ontem, hoje e sempre…
Deve- se a “5 de Julho de 1924” o início efetivo de derrubada das pilastras que sustentavam a Primeira República, rompidas definitivamente no ano de 1930 com a “Revolução Outubrista”.
Reprodução/Foto-RN176 Quartel da Luz (ROTA), depois da vitória das tropas legais, vendo os 2 carros blindados que os rebeldes não saíram – O Malho
As eleições no Brasil são realizadas no mês de outubro em decorrência daquele evento.
Com a ruptura de 1930, iniciaram-se os tímidos primeiros passos para o avanço das instituições políticas, culminando na Constituição Cidadã de 1988 e na liberdade de expressão e manifestação do povo brasileiro.
Contudo, o poder às vezes pode cegar. O que era para ser temporário, em 1930, com os ideais dos “Tenentes”, perpetuou- se no tempo e no espaço, com a figura de Getúlio Vargas. Muitos dos “Tenentes” sofreram de tal mal… São Paulo mais uma vez cobrou… e caro!
Novamente, sangue brasileiro de nascimento e/ou adoção escoou durante a Revolução Constitucionalista, dois anos depois… Os Soldados da Lei foram imortalizados no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932 (Obelisco do Ibirapuera, na Capital).
O heroísmo e sacrifício daquelas gerações, pois pegaram em armas, foram louváveis.
Hoje, felizmente, “outras armas” são utilizadas, sendo a principal “munição” o voto (direto, secreto, universal, e periódico, hoje cláusulas pétreas, conforme reza artigo 60, parágrafo 4º, inciso II, da CF/88), que pode derrubar qualquer trincheira de intolerância e injustiça. Mas não nos esqueçamos daqueles valentes, que JAMAIS poderão ser esquecidos…
Reprodução/Foto-RN176 Guarnição de uma metralhadora pesada, na Trincheira revoltoso em frente ao Quartel da Luz – O Malho
Para os críticos do General MIGUEL COSTA, em conversa informal com o Coronel Mário Ventura (http://ventura-memriasdoventura.blogspot.com.br/), estudioso dos feitos da Instituição, revelou-me fato marcante. Quando ainda Cadete da Força Pública, em 1959, entrevistou o grande Comandante. O Generalíssimo confessara a ele que uma de suas grandes tristezas era não ter participado da Revolução de 1932 ao lado das Tropas Constitucionalistas.
Afinal, por ter sido um membro atuante do movimento “Tenentista”, fora aprisionado em São Paulo durante a Guerra pela Constitucionalidade.
Reprodução/Foto-RN176 Tenente João CABANAS – Arquivo
Bravos de outrora, que hoje habitam o infinito, o sangue jorrado não foi derramado em vão… Nossa eterna gratidão aos que fizeram história na Revolução Esquecida de 1924