ROTANEWS176 28/04/2024 13:03
RN176 O Boeing B-52 Stratofortress é um avião bombardeiro estratégico subsônico de longo raio de ação, propulsionado por oito motores a jato. Originalmente concebido como substituto do Convair B-36 Peacemaker na função de bombardeamento nuclear e convencional de grande altitude, foi no entanto adaptado no início da década de 1960 para a função de penetração a baixa altitude como forma de contornar a cada vez maior, eficaz e sofisticada defesa aérea da ex-União Soviética.
Em fevereiro, conhecemos aqui na Flap o Aeroporto Internacional de Naha, em Okinawa, Japão. Hoje, voaremos para a Samoa Americana para explorarmos mais sobre o Aeroporto Internacional de Pago Pago, que foi ponto estratégico na Segunda Guerra Mundial, já recebeu uma operação do gigante An-225 e hoje possui poucos voos semanais.
Localização
Cercada, em sua maior parte, por arrecifes de corais e por claras águas, a Samoa Americana é um conjunto de ilhas situadas no Pacífico Sul, a cerca de 4.400 km da costa leste da Austrália ou a cerca de 4.110 km a sudoeste do Havaí, e é um território não incorporado pelos Estados Unidos, ou seja, é uma área controlada pelo governo dos EUA, mas não faz parte do país, assim como Porto Rico, Guam e outros.
O arquipélago tem uma área total de 200 km2 e por lá vivem cerca de 45 mil habitantes. Sua capital é Pago Pago, que está localizada na maior ilha da Samoa Americana e é onde fica o principal aeroporto do arquipélago, que ainda conta com outros dois aeroportos: Ofu Airport e o Fitiuta Airport.
História
A história do Aeroporto de Pago Pago começa na década de 40, quando o local conhecido como Tafuna Airfield teve sua construção parcialmente concluída em 1941, pouco antes dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial. A conclusão e inauguração oficial aconteceu em março do ano seguinte.
A base aérea foi utilizada inicialmente pelo Esquadrão Naval VMF–111 dos Estados Unidos. As aeronaves chegaram até a Samoa Americana, em março de 1942, em um navio vindo de San Diego, na Califórnia, foram descarregadas no porto e depois seguiram via terrestre até o Tafuna Airfield. Posteriormente, em abril do mesmo ano, os aviões do Marine Aircraft Group 3 (MAG-13) também chegaram por lá, seguidos das aeronaves do Marine Torpedo Bombing Squadron VMO-151, em maio de 1942.
Durante a Segunda Guerra, o local foi bastante estratégico para os Estados Unidos e, naquela época, contava com duas pistas: a 9/27 com 1.853m de comprimento e a 14/32 com 914m de comprimento. Ambas eram de coral compactado.
Com o fim do conflito global, a movimentação foi reduzida, mas foi aí que se iniciaram os voos comerciais em Pago Pago. Em novembro de 1946, a icônica Pan American Airways resolveu colocar o arquipélago em seu mapa de rotas como uma das paradas de sua rota transpacífico que ia do Havaí até a Austrália e Nova Zelândia. O voo era operado pelo Douglas DC-4. Anos mais tarde, em 1956, o Douglas DC-7C ficou responsável pelo serviço, cumprindo a odisseia Honolulu-Canton Island-Pago Pago-Nadi-Auckland-Sydney.
Outras empresas, como a TEAL Air (atual Air New Zealand) e a Polynesian Airlines eram visitantes frequentes com seus voos regulares em Pago Pago entre as décadas de 50 e 70. A TEAL Air começou a voar para Pago Pago em 1954 adicionando mais uma escala na linha Coral Route Service que passou a ser Auckland-Nadi-Pago Pago-Papeete. O DC-6 era empregado para cumprir o serviço, que mais tarde foi realizado pelo Lockheed L-188 Electra.
RN176 O DC-6 voos regulares em Pago Pago entre as décadas de 50 e 70 mais tarde foi substituído pelo Lockheed L-188 Electra Foto: Bobby Bywater
A era a jato chegou em Pago Pago na década de 60, após uma grande reforma no aeroporto, com o início dos voos da Pan Am com o 707, em 1964. Dez anos mais tarde, a Pan Am teve um acidente grave com o modelo na ilha no voo 806. Leia a história completa aqui.
Uma nova pista com 2.743m de comprimento, 46m de largura e pavimentada foi construída. Ela é a atual 5/23, que posteriormente foi ampliada para 3.048m. A pista 14/32 virou a atual taxiway e a pista 9/27 foi desativada naquele momento e, na década de 80, reativada, sendo a atual 8/26. O novo terminal foi inagurado em 1965 com a presença de diversas autoridades e o aeroporto Pago Pago estava pronto para viver período mais intenso de sua história de voos comerciais.
Reprodução/Foto-RN176 A pista do aeroporto Internacional de Pago Pago Foto: PPG Airport
Em 1965, a Air New Zealand trocou o Electra pelo DC-8. Cinco anos mais tarde, a American Airlines estreava sua linha Honolulu-Pago Pago-Sydney com o 707 e, em 1975, a francesa UTA passou a voar de Noumea, na Nova Caledônia, e Papeete, no Tahiti, com uma parada na Samoa Americana. O serviço era feito com o DC-10. Falando no trijato da Douglas, a Continental Airlines começou a voar com o modelo para Pago Pago em 1979.
Anos mais tarde, a Pan Am colocou o 747 no lugar do 707. E o movimento foi além: Hawaiian Airlines com DC-8, South Pacific Island Airways com 707, Air Pacific com o BAC One-Eleven, Arrow Air com o DC-8, Air Nauru com os Boeing 737 e 727 e a Samoa Air com o 707. Era possível achar viagens entre Pago Pago e Honolulu por menos de US$ 100 (um trecho) tamanha a concorrência na época. Os tempos dourados duraram de 1975 até 1985, quando a movimentação começou a diminuir gradualmente.
Um dos motivos foi a implementação de melhorias no aeroporto de Faleolo, em Apia, que puxou um pouco do tráfego de Pago Pago. Outra razão foi a introdução de mais aeronaves capazes de voar entre os Estados Unidos e a Austrália e a Nova Zelândia sem escalas. No fim dos anos 80 só restava a Hawaiian Airlines.
Na década de 90, o movimento voltou a crescer, mas não com voos de passageiros e sim, cargueiros. Os baixos preços do combustível e das taxas no aeroporto atraíram empresas aéreas como a Kalitta Air, Evergreen e Polar Cargo a utilizarem o local tanto como ponto de reabastecimento como para voos regulares. Mas nos anos 2000, esse movimento cargueiro também se dissolveu.
Em um episódio de sua história, o aeroporto de Pago Pago recebeu uma dupla de Boeing 747 da United. O motivo? Um dos voos alternou para o aeroporto. Era 15 de janeiro de 2001 quando o 747 que cumpria o UA 848 precisou alterar sua rota de Melbourne para Los Angeles para Pago Pago por conta de uma fumaça na cabine causada por falha elétrica. A pouca infraestrutura hoteleira da ilha fez com que vários passageiros acabassem dormindo no aeroporto mesmo, causando um verdadeiro caos para quem deveria estar em Los Angeles em algumas horas. A empresa acabou enviando um segundo 747-400 para Pago Pago para buscar estes passageiros, que foram reacomodados neste outro voo e chegaram nos Estados Unidos com quase 24 horas de atraso. O fato acabou gerando um encontro interessante no já pacato aeroporto e as fotos podem ser conferidas neste link: 747 United em Pago Pago.
Anos mais tarde, em 2022, a cena se repetiu com a United, mas com dois Boeing 787-9, após o Dreamliner de matrícula N38955 ter problemas em um dos motores enquanto voava de Los Angeles para Sydney. A empresa enviou outro 787 para resgatar os passageiros.
RN176 uma companhia aérea americana com sede na Willis Tower, em Chicago, Illinois Foto: PPG Airport
Além das aeronaves já mencionadas, o Aeroporto de Pago Pago já recebeu outros gigantes ainda maiores, como os Lockheed C-141 Starlifter ou o C-17, mas o destaque fica com o An-225. Sim, o avião, que era o maior do mundo, já pousou neste remoto aeroporto e não só uma vez.
As passagens do An-225 por Pago Pago aconteceram em 13 e 19 de outubro de 2009 e o motivo de sua viagem até lá foi levar geradores elétricos após o arquipélago ter sido atingido por um terremoto seguido de tsunami.
RN176 Antonov An-225 Mriya foi uma aeronave de transporte cargueiro estratégico projetada e produzida pela Antonov Design Bureau na União Soviética Foto: Casey Deshong
Para fechar a lista de curiosidades históricas, o Aeroporto de Pago Pago foi importante durante o Programa Apollo dos EUA, uma vez que as tripulações de algumas missões Apollo foram resgatadas (ao pousarem de volta na Terra) há algumas centenas de milhas da Samoa Americana. O transporte até o aeroporto foi via helicóptero e, depois, os astronautas voaram até Honolulu no Starlifter.
O Aeroporto Hoje
RN176 A companhia aérea Hawaiian Airlines também faz voo para Aeroporto Internacional de Pago Pago
Com uma história rica e com momentos bastante agitados, hoje o Aeroporto Internacional de Pago Pago é tranquilo, mas continua sendo importante na região.
A Hawaiian Airlines opera dois voos semanais de lá para Honolulu com o A330-200. Em relação aos serviços cargueiros, hoje só resta a Asia Pacific Airlines, que opera um voo semanal com o 757 também para a cidade havaiana.
RN176 A companhia Asia pacific faz voo para outra ilhas do local saído do Aeroporto Internacional de Pago Pago Foto: PPG Airport
As pequenas empresas Talofa Airways e Samoa Airways operam ligações para outras ilhas na região, como serviços diários entre as duas Samoas. Já a Pago Wings realiza voos fretados a partir de PPG.
Movimentos de aeronaves executivas e militares também passam por Pago Pago.
FONTES: FLAP INTERNACIONAL E RN176