ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 09/06/2022 15:38 CONHECA O BUDISMO / REDAÇÃO
O buda Nichiren Daishonin dedicou a vida para estabelecer a recitação do Nam-myoho-renge-kyo como prática fundamental para a felicidade absoluta de todas as pessoas
Reprodução/Foto-RN176 Desenho ilustrativo da matéria – Foto: Kenichiro Uchida
Nichiren Daishonin nasceu no décimo sexto dia do segundo mês de 1222, no povoado de pescadores chamado Kataumi, na vila de Tojo, província de Awa (parte da atual cidade de Kamogawa, província de Chiba). Sua família era de origem simples e vivia da pesca.
Era uma época em que as religiões do Japão haviam se corrompido e as seitas budistas existentes haviam se tornado completamente aristocráticas e, como resultado, perderam a capacidade de conduzir as pessoas à felicidade. Um movimento oposto ao das seitas estabelecidas em busca de uma religião significativa começou a crescer entre o povo.
Busca na juventude
Por sua vez, desde a infância, Nichiren Daishonin devotou-se aos estudos do budismo e começou a duvidar da eficácia das escolas que o Japão seguia. Preocupava-se especialmente com a multiplicidade de seitas e conflitos textuais no cânone de seus escritos. Assim, decidiu deixar o lar para estudar e resolver as questões básicas sobre o budismo. Após obter permissão de seus pais, ele viajou para o norte até chegar ao templo Seicho-ji. No décimo segundo dia do quinto mês de 1233, tornou-se discípulo de um sacerdote chamado Dozen-bo, da seita Tendai.
Aos 16 anos, tornou-se monge e, nos anos seguintes, em seus esforços, percorreu as cidades de Kamakura, Quioto, Nara e outras, passando por templos como o Enryaku-ji, no Monte Hiei, para estudar cuidadosamente os sutras e compreender a essência das doutrinas das maiores escolas budistas. Como resultado desses estudos, ele concluiu que o Sutra do Lótus constitui o mais elevado ensinamento dentre todos os sutras budistas e a Lei do Nam-myoho-renge-kyo, para a qual ele havia despertado, é a essência do Sutra do Lótus que possibilita libertar as pessoas do sofrimento no nível mais profundo. Ele despertou também para a missão de propagar amplamente este ensinamento para a iluminação de todas as pessoas.
Estabelecer o ensinamento
No vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253, Daishonin retornou ao templo Seicho-ji, reuniu seu mestre Dozen-bo e os demais sacerdotes e seguidores leigos, anunciando a conclusão de seus estudos e experiências religiosas. Na presença de todos, refutou cada uma das seitas. Então, recitando Nam-myoho-renge-kyo três vezes, estabeleceu o seu budismo. O mundo naqueles dias já se encontrava na última era dos ensinamentos de Shakyamuni. Essa era, chamada de Últimos Dias da Lei (Mappo), caracterizava-se pela degeneração e perda da fé. Nichiren Daishonin veio ao mundo para revelar o Sutra do Lótus, ou o Nam-myoho-renge-kyo, como o único caminho para as pessoas seguirem.
Depois de converter os pais à nova fé, ele partiu para Kamakura, onde pretendia iniciar uma reforma religiosa pregando a doutrina do Sutra do Lótus na capital política da nação. Nessa localidade, construiu uma pequena morada em um local chamado Matsubagayatsu, a sudeste da cidade, que serviu de base de propagação da fé e começou a promover reuniões para expor seu ensinamento. Ao mesmo tempo em que pregava o Sutra do Lótus como o principal ensinamento budista, refutava cada uma das seitas predominantes. Entre os leigos convertidos nessa ocasião estavam Toki Jonin, Shijo Kingo, Kudo Yoshitaka e os irmãos Ikegami.
Na época, o xogunato de Kamakura oferecia total proteção a sacerdotes de algumas seitas budistas, que foram alvo de duras críticas de Nichiren Daishonin. Não demorou muito para que ele fosse submetido a uma rajada de perseguições.
Enfrentando as perseguições
A coragem, a audácia e a persistência de Daishonin despertavam cada vez mais a curiosidade das pessoas. “Quem será esse homem que tem a ousadia de enfrentar e refutar líderes religiosos e políticos?”, esse deve ter sido o pensamento de muitos em relação a Daishonin. Durante os três anos seguintes de sua campanha de propagação, mais e mais pessoas o procuravam para aprender sobre seus ensinamentos.
No início de 1256, o Japão foi atingido por uma série de desastres naturais, como inundações, incêndios e terremotos, e o povo sofria com a fome e as epidemias.
Vendo essas cenas de extremo sofrimento e ouvindo os gritos das pessoas em busca de auxílio, Nichiren Daishonin não podia permanecer impassível. Sabia que a razão de tudo era a crença cega das pessoas em ensinamentos errôneos que prometiam a salvação e a felicidade após a morte e que se aliavam àqueles no poder em troca de proteção. Ele desejava ardentemente despertar o povo para o ensinamento revitalizador do Sutra do Lótus. Assim, no décimo sexto dia do sétimo mês de 1260, enviou seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra ao regente aposentado Hojo Tokiyori, a pessoa mais influente na época. Porém, essa advertência foi ignorada e, quarenta dias depois de ter divulgado essa obra, seguidores de outra seita budista atacaram a cabana de Daishonin e a incendiaram; e ele escapou por pouco dessa investida.
A exposição desse tratado foi como se Daishonin tivesse mexido em um vespeiro. A fúria de líderes políticos e religiosos havia sido despertada e seguiram-se inúmeras perseguições e banimentos.
Mesmo nos locais de exílio, passando por extremas privações, ele nunca se esqueceu de seus discípulos. As muitas cartas de agradecimento, de encorajamento e de resposta às questões de seus seguidores foram escritas nessas circunstâncias adversas. Essas cartas, junto com os tratados, compõem o chamado Gosho (escritos honoráveis).
Verdadeiro aspecto
Em 1271, Nichiren Daishonin foi intimado e interrogado por Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna, figura poderosa do xogunato, e por policiais do governo. Daishonin prontamente advertiu o militar sobre a postura inadequada das autoridades. Dias depois, o próprio Hei no Saemon-no-jo, acompanhado de alguns soldados, atacou a residência de Daishonin e o prendeu. Essa prisão foi seguida da tentativa de decapitação, interrompida por uma esfera luminosa que cortou o céu da madrugada, cegando a todos. Os executores se recusaram a decapitar o Buda.
Devido a esse episódio, Nichiren Daishonin, convicto de suas crenças, “abandona a condição transitória de mortal comum e revela seu verdadeiro aspecto de buda (hosshaku kempon)”. Já as autoridades, impressionadas após o incidente com o misterioso astro luminoso, ficaram receosas e sem saber como agir.
Ainda nesse ano, as autoridades decidem exilar Daishonin na Ilha de Sado, caracterizada pelo frio mortal do inverno. O local para o qual foi enviado não tinha a mínima estrutura para a sobrevivência de um ser humano. Lá, ele escreve importantes obras, como Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente.
No segundo mês de 1274, Daishonin recebe indulto do exílio e retorna a Kamakura e, no quarto mês, adverte Hei no Saemon-no-jo pelas ações do governo ao buscar orações de religiões heréticas para a rendição do império mongol. A invasão ocorreu. Daishonin se muda para o Monte Minobu, onde escreve A Seleção do Tempo e Saldar as Dívidas de Gratidão.
A missão do Buda
Em 1279, ocorre a Perseguição de Atsuhara, na qual um grupo de seguidores de Nichiren Daishonin foi preso, torturado, intimidado e pressionado a abandonar a prática. Apesar disso, todos os discípulos se mantiveram firmes, o que ocasionou a expulsão de dezessete deles da vila onde moravam; e outros três foram executados. O surgimento de pessoas comuns a comprovarem a fé sem poupar a própria vida levou Daishonin a alcançar o propósito de seu advento ao mundo.
No oitavo mês de 1282, aos 61 anos, Daishonin parte de Minobu e se instala na residência de Ikegami Munenaka. Ele chega ao local no décimo oitavo dia do nono mês e, no décimo terceiro dia do décimo mês, falece recitando serenamente Nam-myoho-renge-kyo e concluindo sua nobre missão.
Nichiren Daishonin dedicou a vida a uma luta de compaixão e de juramento para propagar a Lei Mística visando revelar o estado de buda das pessoas e a eliminar a infelicidade da humanidade. Ao mesmo tempo, combateu durante toda a sua vida as funções da maldade que tentavam obstruir a felicidade das pessoas comuns.
Decorridos 769 anos desde o seu estabelecimento, o Budismo de Nichiren Daishonin mantém-se como uma religião viva. Hoje, os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI), organização presente em 192 países e territórios, recitam Nam-myoho-renge-kyo e propagam amplamente sua filosofia humanística.
O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, comenta:
Considerando seu o sofrimento da humanidade, Nichiren Daishonin hasteou resolutamente a bandeira do “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, um princípio orientador para se alcançar a felicidade e a paz.
O Buda expressa: “Poderia haver alguma dúvida de que (…) a grande Lei pura do Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo] será amplamente propagada (kosen-rufu) no Japão e nas demais nações de Jambudvipa [o mundo inteiro]?”.1 Ele previu o kosen-rufu mundial e confiou sua realização aos discípulos das gerações futuras.2
Fontes:
Terceira Civilização, ed. 416, abr. 2003, p. 3.
Brasil Seikyo, ed. 2.551, 13 fev. 2021, p. 6 e 7.
Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. 78 p.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 574, 2019.
- Brasil Seikyo, ed. 2.337, 27 ago. 2016, p. B2.
Ilustração: Kenichiro Uchida