ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/05/2022 19:03
CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Aguardando o tempo”, volume 30
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustrações da Editora Brasil Seikyo – BSGI
PARTE 45
Após a renúncia de Shin’ichi Yamamoto à presidência da Soka Gakkai, o desejo dos companheiros de Shikoku de poder receber a visita dele foi se tornando cada vez mais forte dia a dia. Não eram apenas os membros de Shikoku que se sentiam assim, muitas cartas que Shin’ichi recebia dos amigos de todo o país eram pedidos para que ele visitasse a localidade deles.
Em Shikoku, os líderes da província discutiram sobre o assunto.
Com uma expressão séria, a líder da Divisão Feminina disse:
— Seria possível recebermos a visita de sensei em Shikoku? Acho que a única maneira de acelerar o grande avanço do kosen-rufu de Shikoku é fazer com que nossos membros renovem sua firme decisão de luta conjunta de mestre e discípulo e, junto com ele, dar uma nova partida repleta de alegria da fé.
Um líder da Divisão Sênior de mais idade respondeu:
— Mas sensei não tem permissão de dirigir orientações em grandes reuniões ou aparecer nas publicações da Soka Gakkai. Infelizmente, talvez tenhamos de esperar…
— E quanto tempo nós temos de esperar? Cinco anos? Dez?
— Acho que ninguém sabe quanto tempo..
Ouvindo essa conversa, o coordenador de Shikoku, Seitaro Kumegawa, ficou com o coração apertado. Ele pensou: “Deve haver alguma maneira de atender o desejo de todos. Precisamos fazer alguma coisa! Desde que sensei deixou o cargo de presidente, um sentimento de vazio se espalhou entre os membros, e sinto que eles estão gradativamente perdendo a alegria de praticar o budismo. Sei que este é o momento de os verdadeiros discípulos se levantarem. Mas precisamos de algo para acender a chama da paixão deles. Para tanto, não há outra forma senão criar uma oportunidade para que se encontrem com sensei. Como fazer isso acontecer…?”.
Nesse instante, uma ideia veio à mente de Kumegawa.
Como já tivesse se decidido, ele disse:
— Se as ações de sensei estão restritas, então nós vamos ao encontro dele!
Diante dessas palavras, o coordenador da Divisão dos Jovens de Shikoku, Okimitsu Owada, inclinou o corpo para a frente e emendou:
— Sim, por que não fazemos isso? Não deveria haver nenhum entrave nos separando de sensei. Se existe alguma barreira, ela não seria criada dentro do coração pelos próprios discípulos?
PARTE 46
O coordenador de Shikoku, Seitaro Kumegawa, compareceu ao conselho executivo central da Soka Gakkai, realizado no Centro Cultural de Kanagawa, dia 16 de dezembro de 1979, e teve a oportunidade de participar, junto com outros líderes de coordenadoria, de um diálogo informal com Shin’ichi Yamamoto, que estava presente nesse centro cultural. Na ocasião, Kumegawa disse:
— Sensei, tenho um pedido a lhe fazer. Estamos pensando em trazer de Shikoku um grupo de cerca de oitocentas pessoas para cá, quando o senhor estiver no Centro Cultural de Kanagawa. Se pudermos, gostaríamos de fretar um navio para aportar em Yokohama. Se viermos, será que o senhor poderia se encontrar com os membros?
Shin’ichi respondeu de pronto:
— Está me dizendo que os companheiros virão de Shikoku especialmente para me visitar? Entendi. Sim, irei me encontrar com eles. Fico muito feliz com essa disposição.
Kumegawa sentiu vontade de dançar de alegria diante dessa resposta.
Posteriormente, foi definido o cronograma da visita. Ficou estabelecido que eles partiriam de navio de Takamatsu [capital da província de Kagawa, em Shikoku] na data de 13 de janeiro e chegariam ao Centro Cultural de Kanagawa por volta do meio-dia do dia seguinte, 14 de janeiro. A programação incluiria reuniões de intercâmbio com os membros de Kanagawa, diálogos em grupos menores e a volta à localidade na mesma noite.
Os líderes de Shikoku tiveram menos de um mês para os preparativos. Além disso, compreendia o período de férias de fim de ano e início do novo ano. Enquanto alugavam o navio e selecionavam os participantes, o dia da partida chegou num piscar de olhos.
Às 13 horas do dia 13 de janeiro de 1980, o grande navio de passageiros Sunflower 7 deixou o porto de Takamatsu, na província de Kagawa, sob o céu nublado. Logo após a partida, foi realizada uma reunião de líderes a bordo da embarcação.
Um dos líderes se levantou e disse:
— Na época de Nichiren Daishonin, Shijo Kingo viajou de Kamakura para visitar Daishonin, o qual foi exilado na Ilha de Sado. Apesar da idade avançada, Abutsu-bo, que morava em Sado, viajou praticamente todos os anos para ir ao encontro de Daishonin no Monte Minobu. Embora seja num patamar diferente, vamos visitar Kanagawa com ardente espírito de procura e fortalecer nossa determinação de escrever uma nova página na história do kosen-rufu, os senhores concordam?
Os membros responderam com grande entusiasmo.
Pessoas com espírito de procura possuem uma alegria transbordante.
PARTE 47
Na reunião de líderes a bordo do navio, o coordenador de Shikoku, Seitaro Kumegawa, disse com entusiasmo:
— A Soka Gakkai está envolta numa situação bastante desafiadora no momento. Está difícil até mesmo para sensei viajar livremente pelo país para nos orientar. Mas nenhuma força poderá romper os laços que nos unem a ele! Se as atividades de sensei estão restritas, nós, discípulos, podemos ir ao encontro dele. Não existem barreiras intransponíveis quando há ardente chama da determinação do espírito de procura. Vamos nós, de Shikoku, nos tornarmos os precursores e comemorarmos juntos com sensei o descortinar do 50o aniversário de fundação da Soka Gakkai! O que os senhores acham?
Uma estrondosa salva de palmas em concordância irrompeu no salão. Todos estavam com elevada disposição.
Assim como em outras partes do Japão, havia várias localidades em Shikoku — como a cidade de Ozu, província de Ehime, e a cidade de Kochi, província de Kochi — onde os membros sofreram amargamente devido ao tratamento desumano e insensível e aos abusos verbais por parte dos sacerdotes malignos. Além disso, estava em ação uma trama para romper os laços de mestre e discípulo, que é a linha vital da prática da fé dos membros da Soka Gakkai. “Já não vamos mais nos submeter a coisas como estas!” — esse era o sincero sentimento dos companheiros e foi se tornando a decisão de todos.
Shin’ichi Yamamoto recebia comunicações atualizadas de tudo o que se passava no Sunflower 7.
Ele enviou um recado a todos pedindo para que relaxassem e aproveitassem bem a viagem. Quando soube que em um dos espaços do navio havia estrutura para projeção de filmes, ele os incentivou a assistir um filme também.
A viagem estava sendo agradável, mas, no meio da noite, por influência da baixa pressão do ar, o mar começou a se agitar provocando sons aterradores.
O navio balançou forte de um lado para outro. Mas, como os integrantes do Departamento dos Médicos, que acompanhavam o grupo, tinham tomado precaução recomendando o uso de medicamentos para evitar enjoo antecipadamente, tudo correu bem.
Para conduzir as atividades sem acidentes ou incidentes e obter pleno sucesso, independentemente de quaisquer situações, é indispensável um cuidadoso preparativo. Por isso, Nichiren Daishonin enfatizava a importância da “prudência”.1
O navio avançou entre as ondas agitadas e os membros adormeceram enquanto pensavam no encontro com Shin’ichi no dia seguinte.
PARTE 48
Era manhã do dia 14 de janeiro. As ondas estavam calmas e o sol, que se elevava lentamente, lançava luz sobre o vasto oceano.
Do convés do Sunflower 7, aos poucos o Monte Fuji, coberto de neve branca, se tornou visível. O aspecto imponente da montanha tocou fortemente o coração dos companheiros, que vieram superando dias de tempestades e de nevascas, suportando calúnias e difamações dos sacerdotes do clero.
No saguão do navio, podia-se ouvir o coro de canções como Tomodachi no Uta [Canção dos Amigos]. As integrantes da Divisão Feminina de Jovens estavam se empenhando nos ensaios com o desejo de apresentarem perante Shin’ichi e os membros de Kanagawa.
Reprodução/Foto-RN176 O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku. Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
O navio entrou no porto de Yokohama pouco antes do meio-dia. A bombordo, estava escrito em grandes faixas individuas, letra por letra, “Sensei, bom dia!”. Porém, o navio atracaria a estibordo.
— É do outro lado! Vamos mover as faixas para o outro lado! — alguém gritou.
Os membros da Divisão Masculina de Jovens rapidamente começaram a trabalhar na recolocação das faixas a estibordo, mas, na pressa, eles se confundiram e colocaram-nas na mesma ordem em que estavam a bombordo, resultando numa escrita às avessas. No entanto, esse episódio acabou se tornando divertido.
Assim que o navio chegou ao porto, Shin’ichi disse: “Vamos lá fazer uma grande recepção!”. E ele saiu correndo do Centro Cultural de Kanagawa.
Os companheiros de Shikoku estavam de pé no convés.
Uma faixa com os dizeres “Sejam Bem-vindos a Kanagawa” foi montada no píer, onde uma banda composta por membros de Kanagawa tocava vigorosamente a canção de Shikoku, Warera no Tenchi [Nossa Terra]. Diante dos músicos que faziam a apresentação de boas-vindas estava Shin’ichi, vestindo um casaco preto, acenando freneticamente.
— Sensei! Sensei!
Todos gritavam dessa maneira, acenando de volta. Havia senhoras com vozes sufocadas pelo choro e pela emoção.
Shin’ichi também gritou:
— Sejam muito bem-vindos! Estava esperando por vocês!
Quando os companheiros de Shikoku começaram a descer pela rampa, foram envolvidos por uma grande salva de palmas dos membros de Kanagawa, que os recepcionaram.
Um buquê de flores de boas-vindas foi entregue por uma representante da Divisão Feminina de Jovens a Seitaro Kumegawa, coordenador de Shikoku, em nome de Shin’ichi.
Com um sorriso, Shin’ichi disse:
— Todos estão se sentindo bem? Muito obrigado por terem vindo. Vocês venceram! O século 21 agora está à vista! Vocês abriram o novo caminho de avanço do kosen-rufu!
Ações embasadas na convicção da fé abrem os portais da nova era.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. II, p. 266, 2017.