Convicção para vencer tudo

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 04/04/2020 10:13

RELATO

Diante dos desafios, Andrea encontrou um motivo para ser feliz e inspirar os outros

Reprodução/Foto-RN176  Da esq. para a dir., Andrea; o cunhado, Leandro; a irmã, Cintia; a sobrinha, Íris; e a mãe, Edite

Não há espaço em uma única página para falar sobre tudo o que transformei na vida a partir da decisão de praticar o budismo; mudei muitos aspectos. Sou budista há cinco anos e estudo diariamente para compartilhar essa filosofia com as pessoas. Com isso, vários amigos também resolveram iniciar a prática.

Sou gaúcha e vim para a capital paulista em novembro de 2017, após ser contratada por uma empresa na cidade. Tudo aconteceu muito rápido e sinto que foi um benefício de minha prática convicta e da coragem que tive para decidir de uma vez por todas o que eu queria fazer profissionalmente e sobre o meu propósito de vida.

 Encontrar uma saída

Descobrir uma razão para viver era algo difícil, pois cresci com muito ressentimento e desesperança.

Eu tive uma adolescência autodestrutiva, fazendo uso excessivo de álcool e de drogas. Tinha relacionamentos ruins e passei por uma gravidez não planejada ainda bastante jovem. Sofri violência doméstica e me desgastei emocionalmente. Perdi tudo.

Vivi uma realidade bastante parecida na infância ao sofrer abusos que, com o passar do tempo, se tornaram graves e frequentes. Por não saber lidar com meus sentimentos, me fechei em uma concha e ali nutri o meu pior.

Aos 30 anos, eu me sentia um pedaço de gente sem objetivo e sem vontade de viver.

Tudo começou a mudar quando minha irmã veio morar em São Paulo, em 2013, e conheceu o Budismo de Nichiren Daishonin por intermédio de uma amiga que estava decidida a nos ajudar.

 Superar o sofrimento

Meu filho havia se mudado para os Estados Unidos e eu fiquei morando com minha mãe, uma pessoa com a qual não conseguia conviver em harmonia até então.

Eu sabia que podia recorrer à recitação do Nam-myoho-renge-kyo, mas não tinha forças, tampouco me sentia digna de recitá-lo. Enquanto isso, minha irmã e minha mãe seguiam praticando com fé.

No início de 2015, ainda morando no Rio Grande do Sul, aluguei um apartamento e, no auge da minha própria escuridão, atentei contra a minha vida por dias seguidos, consumindo o máximo de substâncias químicas que consegui, até ter uma overdose.

No entanto, pouco antes de ficar inconsciente, senti muita vontade de viver e tentei voltar atrás. Então, foi nesse momento que recorri à sincera recitação do Nam-myoho-renge-kyo, fazendo essa oração mentalmente.

Na manhã seguinte, eu me desmanchei em lágrimas ao contar o ocorrido para um amigo. A partir daquela conversa, decidi que nunca mais usaria nenhuma substância que me anestesiasse e que faria o necessário para encontrar um sentido para estar viva.

 Renascimento

Dei o primeiro passo para criar uma nova história e passei a recitar daimoku com a convicção de transformar meu coração e vencer meus traumas com base na prática budista.

Dois anos depois, eu estava com minha vida equilibrada e saudável, e resolvi me mudar para São Paulo. Escrevi e desenhei em um papel o que eu faria pelo kosen-rufu, determinando como gostaria de trabalhar e os aspectos que queria revolucionar.

Passados trinta dias, concretizei meus objetivos, alugando um apartamento que eu chamo de lar, convivendo melhor com a família e me destacando no novo trabalho.

Ainda em 2017, retomei o sonho de estudar. Assim, entrei para a faculdade de psicologia, pois agora trabalho de casa, com mais tempo para me empenhar pela felicidade das pessoas. A soma de tudo o que vivi me levou a descobrir o meu melhor e enxergar o estado de buda de cada um.

Ao compartilhar minha história de vitórias com os amigos, oito deles decidiram iniciar a prática budista. Nunca fui tão feliz! Saí de uma vida inteira de sofrimento para uma prática que me permitiu perceber as dificuldades como oportunidades para transformar o meu presente. Tenho muita gratidão às pessoas que jamais deixaram de acreditar em mim.

Reprodução/Foto-RN176  Andrea recebe membros do Bloco Oscar Freire em atividade na sua casa

Certa vez, li num discurso do presidente Ikeda que a esperança é a fonte de coragem para assumir os desafios. Ele estava se referindo ao ex-presidente tcheco, Václav Havel, que diz: “A esperança definitivamente não é o mesmo que otimismo. Não é a convicção de que algo acabará dando certo, mas a certeza de que algo faz sentido, independentemente do resultado que tenha” (BS, ed. 2.414, 7 abr. 2018, p. B4).

Agora, por que sou tão feliz? Porque descobri um sentido para viver, meu propósito de vida! E determinei ser a luz de esperança na vida de todas as pessoas com as quais eu me encontrar.

Andrea Oliveira Xavier, 41 anos. Professora. Resp. pela DF do Bloco Oscar Freire, RM Vila Mariana, CCLP, CGESP.