Artefato testado neste domingo poderia ser transportado por mísseis de longo alcance, segundo país asiático
BBC BRASIL.COM E ROTANEWS176 03/09/2017 08:59
ÁSIA
A Coreia do Norte anunciou a realização bem-sucedida de um teste nuclear com uma bomba que poderia ser transportada por um míssil de longo alcance.
Reprodução/Foto-RN176 Líder norte-coreano (no centro) aparece perto ao lado da suposta nova bomba do país Foto: BBCBrasil.com
Horas depois de sismógrafos terem detectado um tremor no território do país asiático, suas autoridades emitiram um comunicado informando que o sexto teste nuclear de sua história fora um “perfeito sucesso”.
Segundo Pyongyang, a arma testada foi uma bomba termonuclear, cujo potencial destrutivo é muito maior que o de bombas atômicas.
Para analistas internacionais, é um sinal claro de que a capacidade nuclerar norte-coreana está avançando, ainda que as afirmações do governo sobre sua disponibilidade para uso devam ser tratada com precaução.
O último teste realizado pela Coreia do Norte foi em setembro do ano passado, mais uma vez em desafio a resoluções da ONU. Nos últimos meses, o país disse ter desenvolvido mísseis capazes de atingir o território dos EUA e, na semana passada, disparou um foguete que voou sobre o Japão.
Autoridades da Coreia do Sul disseram que o teste foi realizado no campo de Punggye-ri e que o “terremoto artificial” gerado pela explosão foi quase 10 vezes mais poderoso que o detectado no teste de setembro.
Horas antes, Pyongyang anunciara ter desenvolvido uma bomba de hidrogênio miniatura para ser usada em mísseis. O líder do país comunista, Kim Jong-un, apareceu em fotografias ao lado do que a mídia estatal disse ser um novo tipo de artefato nuclear.
O regime isolacionista norte-coreano já fez afirmações do gênero antes, mas especialistas em armamentos nucleares questionaram a veracidade dos comentários. Há ainda quem duvide da capacidade do país para desenvolver uma bomba de hidrogênio, cujo processo é muito mais complicado que o de um bomba atômica.
O que parece clara é a disposição de Pyongyang de mostrar seu poderio militar.
Reprodução/Foto-RN176 País realizou uma série de testes com mísseis nos últimos meses Foto: BBCBrasil.com
“A assinatura sísmica desta bomba tem magnitude maior que a de outros testes. De acordo com as informações que temos, não é definitivo que uma bomba termonuclear tenha sido testada, mas é uma possibilidade”, disse à BBC Catherine Dill, especialista do Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação, em Washington.
Bombas de hidrogênio usam um processo de fusão nuclear, em que átomos são aglutinados para liberar incríveis quantidade de energia – maiores que as de bombas atômicas, baseadas no processo de fissão nuclear, em que os núcleos de átomos são “partidos”.
Reações
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, pediu a resposta “mais forte possível” para o teste nuclear, incluindo mais sanções do Conselho de Segurança da ONU. A China, o maior aliado da Coreia do Norte, condenou o teste.
“A Coreia do Norte ignorou a oposição da comunidade internacional ao fazer um novo teste nuclear. O governo chinês expressa sua condenação veemente”, disse Pequim, por meio de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
Reprodução/Foto-RN176 Teste foi anunciado pela TV estatal Foto: BBCBrasil.com
A Agência Internacional de Energia Nuclear classificou o teste como “um ato lamentável”.
Como responder?
O especialista em assuntos de defesa da BBC, Jonathan Marcus, explica o quão complexa é a situação:
“Apesar de todas as sanções e as ameaças do governo americano, a Coreia do Norte não vai parar seu programa nuclear. Mais preocupante ainda é que o programa parece estar progredindo mais rápido do que muitos esperavam. Até agora, todos os esforços para pressionar a Coreia do Norte falharam”.
Mais sanções poderiam aumentar a pressão sobre o regime, mais ao mesmo tempo desestabilizar o país, algo a que a China – não apenas o maior aliado de Pyongyang, mas seu vizinho – se opõe.